Uma noite com o dono do morro.
Uma noite com o dono do morro.
Por: Ellencarolinne
Capítulo 01. " A festa"

Acordei às seis da manhã para mais um dia cansativo, entre tantos outros. Eu morava em uma mansão considerada perfeita, em um dos bairros mais exclusivos da Zona Sul do Rio de Janeiro, o Leblon. Cresci cercada por mansões luxuosas, prédios de alto padrão, celebridades e empresários influentes, e meus pais eram um deles.

— Manu, você tem que se arrumar. — Dulce apareceu em meu quarto e eu apenas a olhei.

Dulce era uma das empregadas que trabalhavam aqui em casa. Ela me criava desde pequena, já que meus "pais" não cumpriam esse papel frequentemente. Minha mãe, Mirelle Montenegro, só pensava em moda, dinheiro e status. Meu pai era até amoroso em certos pontos, mas fazia todas as vontades da minha mãe e acabava se tornando fútil igual a ela.

Certa vez, perguntei à minha mãe por que ela agia com tanto descaso comigo. "Por que, se eu não for dura com você, você vai ser uma ninguém, pobre e amargurada. É isso que você quer ser?", foram as palavras dela. Bom, não podia mudar de pais.

— Já estou indo, Dulce. — disse, levantando-me com certa dificuldade. Não queria sair da cama quente.

Levantei, abri o closet, peguei uma calça jeans de lavagem escura e o uniforme da escola, que, inclusive, era ridículo, e tomei um banho. Como eu pouco me importava com minha "aparência", apenas molhei meus cabelos e saí do banheiro. Me olhei no espelho e estava com uma aparência horrenda.

Peguei minha mochila e desci até o andar de baixo, onde meus pais estavam tomando café da manhã, em silêncio como sempre.

— Bom dia, quebrei o silêncio.

— Bom dia. - responderam em uníssono.

— Alex, podemos ir? - falei com o motorista da minha casa, que assentiu.

— Não vai comer nada? - minha mãe falou sem me olhar.

— Na escola, eu compro algo,tchau! - coloquei minha mochila nas costas e saí em direção ao carro. Eu estava no último ano do ensino médio, me atrasei um pouco nos estudos porque viajamos e passamos dois anos em NY, passeando. enfim, culpo a minha mãe por isso e na época eu achava o máximo, hoje ela cobra de mim como se pudesse dizer algo.

Meus pais, como sempre, não me deram atenção, mas isso já não me afetava, quer dizer, só um pouco. Eu já estava acostumada com essa má relação com minha família. Só estávamos bem nos eventos, na mídia, ou seja, vivíamos de aparência.

— Você não precisa me buscar, Alex. Irei para a casa da Paula ao sair do colégio.

— Mas senhorita, eles sabem disso? — ele questionou.

— Sabem. — assenti e saí do carro, entrando no colégio.

Minha mãe tinha deixado, pois os pais da Paula eram ricos e influentes. Só podia ser.

Recebi vários sorrisos e pessoas acenando para mim. Retribuí a todos e entrei com nariz empinado. Eu era muito popular nesse e em todos os colégios que já estudei.

— Amiga. — Luísa e Paula falaram em uníssono, vindo em minha direção.

— Oi, gatas. — demos um beijo de lado.

Conversamos um pouco e, ao ouvir o sinal bater, entramos na sala de aula.

As aulas passaram voando, até chegarmos na última de matemática. Era o professor mais chato, com a matéria mais chata. Meu Deus, eu odiava as aulas de sexta-feira!

— Parece que essa droga de aula passou demoradamente, até que acabou. Ufa. Que alívio.

Peguei minha mochila e fui em direção ao carro da Paula. Eu passaria a tarde e dormiria lá. Graças a Deus, ficaria pelo menos um dia livre da minha mãe.

No caminho, Luísa e Paula continuaram conversando animadamente, e eu recebi uma mensagem do Léo, meu primo por parte de pai e meu melhor amigo, apesar de minha mãe não aprovar nossa aproximação. Muitos devem estar se perguntando o porquê, já que ele é meu primo.

O pai de Léo, que é primo do meu pai, era rico, mas faliu devido a uma certa "corrupção" na empresa. Esse é o motivo pelo qual meus pais não querem que eu tenha amizade com meu próprio primo.

"Fazendo o quê, pequena?"

"Estou indo para a casa de uma amiga, Léo. Depois nos falamos, pode ser?"

"Pode sim, beijos. Estou ocupado também. Trabalho."

"Besta, vai trabalhar."

Guardei o celular e Paula continuou o caminho falando sobre como era bom ser rica e ter tudo o que queria, ser melhor do que todos, etc. Paula era minha amiga, mas às vezes era tão fútil!

Chegamos à casa dela e, como sempre, os pais não estavam. Almoçamos e fomos para o quarto dela.

— Manu, vou dar uma festa em um espaço incrível hoje.

— Mas e seus pais, Paula?

— Eles estão viajando, não precisarão saber de nada. — ela sorriu.

— Já que você não vai estar aqui, eu vou para casa.

— Nada disso, mocinha. Você vai!

— Mas...

— Nem "mas" nem "menos". Eu falo com sua mãe. — ela pegou meu celular e ligou para minha mãe.

Minha mãe permitiu, e Paula sorriu vitoriosa. Minha mãe me deixaria ir até para o inferno se fosse com amigas ricas e de boa família.

— Ah, tá bom. Eu não trouxe roupa para a festa! — disse cabisbaixa.

— Ou eu te dou uma nova que eu nunca usei, ou vamos buscar na sua casa. — ela sugeriu.

Fomos para minha casa e eu escolhi a roupa que iria usar. Optei por um vestido rosa com detalhes em renda e um salto preto. Pegamos a roupa, passamos na sorveteria e voltamos para a casa da Paula.

Me arrumei, vesti meu vestido, que ficou super lindo valorizando meu corpo, e fiz alguns cachos nas pontas dos meus cabelos lisos. Fiz uma maquiagem um pouco mais intensa e, nossa, eu estava linda.

— Uau, você está linda. — Paula me elogiou e eu sorri.

— Você também não está de se jogar fora. — brinquei, e ela fez uma cara feia.

— O que? Eu sou linda, meu bem.

— Eu sei, amiga. Brincadeira. Vamos? — ela assentiu, e fomos para o carro.

Eu estava indo para essa festa também para afrontar meus pais.

Chegamos na festa que Paula organizou, e nossa, estava tudo lindo.

Tinha vários jovens que aparentavam ser de classe alta, e algumas pessoas suspeitas, mas enfim. E algumas patricinhas esnobes, bem do tipo que Paula gostava de andar. Até Léo estava na festa com um rapaz que não parava de me olhar. Logo, Luísa chegou e me chamou para bebermos algo. Eu não gostava de beber, pois era muito fraca para bebidas.

Mas bebi. Eu estava numa vibe bem louca quando eu esbarrei com um garoto, justamente o que estava com Léo. Ele era alto, moreno, quase chegando a ser negro, um negro muito bonito, tipo aqueles playboys, olhos verdes. Ele era muito lindo, não vou negar. Era do tipo de boy que gostava de me agarrar.

— Oi, festa legal não é? - ele sorriu para mim.

— Oi, sim- apenas sorri timidamente.

—Meu nome é Felipe, e o seu? - ele me olhou de cima a baixo.

— Manuela, mas prefiro ser chamada de Manu pelos íntimos - sorri, mostrando os dentes.

— Hmm - ele sorriu.

Bebemos e dançamos. Todo mundo estava curtindo, eu já estava muito alterada e ele também. Fui para perto das meninas e continuei dançando e trocando olhares com o garoto, eu de um lado, ele do outro. Não vou negar, ele estava afim de mim e eu também estava muito.

O som cada vez ficava mais envolvente.

—Manuela você está bebâda? - Léo passou por mim tentando me segurar pois eu estava cambaleando.

— Ah Leonardo, me deixa, está até parecendo um fiscal. - me soltei dele indo em direção ao rapaz com quem estava flertando a festa quase inteira.

Era nessas horas que eu me sentia livre, quando estava fora de mim, para não lembrar da merda que minha vida é.

— Vamos ali, beber alguma coisa - ele cochichou em meu ouvido por conta do barulho.

Fomos para o bar. Ele estava me dando mole, isso não posso negar, e eu também estava a fim.

Procurei pelas meninas, mas não as achei, e agora como eu ia para casa? Resolvi pedir um uber, mas o tal do Felipe se ofereceu pra me levar pra casa. Aceitei, né. Melhor do que ir de uber.

No caminho, o clima foi esquentando, e eu permiti os seus toques.

—Vamos pra minha casa, aqui mesmo na zona sul - ele sussurrou, beijando meu pescoço.

Apenas consenti.

Chegamos em seu apartamento, eu não estava nada sóbria. Ele me levou até o lugar que suponho ser o seu quarto, e nós deitamos na cama.

Eu não pensava em nada, apenas no beijo doce que ele me dava, nossas línguas se entrelaçaram como uma verdadeira dança.

Ele pediu permissão para tirar meu vestido, e eu apenas assenti. Não estava ligando pras consequências e eu nem sabia o que estava acontecendo.

Só senti ele entrar em mim, e gritei. Foi uma dor absurda, mas logo me acostumei. Rebolei por cima dele, arranhei suas costas.

Só não sabia as consequências que estavam por vir.

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