Com muita vergonha de sair do quarto, acabo desfazendo minhas malas e colocando o que cabia, na gaveta. Quando termino, fico sentada na cama, olhando para a porta e morrendo de fome.
Respirando fundo eu abro a porta com cuidado e saio do quartinho.
— Está se escondendo de mim?
Dou um salto e olho para Louis, que estava encostado na escada, bem na minha frente.
— Que susto! — exclamo. — E não. Não estou me escondendo de você. — passo por ele. — Estava apenas arrumando minhas coisas.
— Suas coisas? Vai dormir aqui?
— Sim. — me viro e o encaro. — Sua mãe me convidou pra ficar.
— Interessante.
Balanço a cabeça e vou para a cozinha. Abro a geladeira e a olho por um instante.
— Será que eu podia pedir uma coisa?
— Claro. — respondo.
— Faz um sanduíche pra mim? Sei que você é a babá, mas...
— Faço sim. Estou com fome, então se não se incomodar, irei fazer para mim também.
— Tudo bem.
Pego as coisas de dentro da geladeira e coloco na mesa. Começo a preparar os sanduíches e Louis fica me olhando. Sua mão estava no queixo. Seus olhos semicerrados e um leve sorriso nos lábios.
— Para de ficar me encarando! — digo.
Ele se ajeita, como se tivesse sido pego espiando a vizinha com o telescópio.
— Você tem quantos anos?
— Dezenove e você?
— Não sabe quantos anos tenho?
— Não sou sua fã. Para ser sincera, eu nem sabia quem era você.
Ele abre a boca.
— Isso é uma coisa rara.
— O que? — pergunto, terminando o sanduíche.
— Não saberem quem sou.
— Está acostumado a ter todas aos seus pés?
Ele ri.
Guardo as coisas na geladeira e pego duas latinhas de refrigerante. Empurro uma para Louis, junto com o prato com seu sanduíche.
— Mulher em cima de mim não falta. — ele sorri de lado. — Mas eu não gosto de mulher fácil.
Ele fica me encarando por um momento. Mordo o sanduíche.
— Hmm... E quem é aquela menina? — pergunto.
— Que menina?
Ele bebe um gole do refrigerante.
— Da foto no seu quarto. A morena.
Ele se engasga.
— A morena?
— É! — afirmo confusa.
— É a Valeria. Ela é... uma amiga.
— Ah, sim. Achei que fosse sua namorada.
— Não. Não é.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele o quebra, dizendo:
— Vinte e quatro.
— Oi? — o olho.
— Tenho vinte e quatro anos.
— Ah sim. — sorrio envergonhada.
— De onde você é Emily? — ele coloca os cotovelos na mesa e me encara. — Nunca te vi por aqui.
— Eu morava do outro lado de Doncaster. Há mais ou menos seis meses, que me mudei para uma casa, que é aqui perto.
— Nunca ouviu falar de mim? Ou da One Chance?
— Sendo sincera, devo ter escutado algumas músicas, alguns anos atrás. Mas... eu me desinteressei dessas coisas. Nunca fui de ficar em rede social, idolatrando pessoas. Nada contra quem faça isso.
— É tão estranho. — ele ri. — Quando chego aqui, muitas pessoas vêm me ver. Querem fotos, perguntam como é a vida de famoso... é legal, conversar com alguém que não se importa com tudo isso.
Ele sorri me olhando. Baixo a cabeça envergonhada.
— Mas como é a vida de famoso? — zombo. — Brincadeira.
— Quer mesmo saber?
— Se quiser responder.
— Às vezes é chato. Mas ao receber todo aquele amor dos fãs, ter eles cantando nossas músicas, dizendo que são orgulhosos por nós, revigora meu coração. — ele olha para a latinha de refrigerante, mas sei que sua cabeça está longe.
Para não atrapalhar seus pensamentos, fico em silêncio e acabo meu sanduíche. Louis suspira e me olha, sorrindo sem dentes. Logo em seguida, ele termina de comer seu sanduíche.
Quando ele acaba eu me preparo para pegar os pratos, mas ele coloca sua mão sobe a minha.
— Deixa que eu lavo.
— Não. — digo. — Eu sou paga pra isso.
— Você fez os sanduíches. Me deixa lavar, Emily!
Seus olhos percorriam meu rosto minuciosamente. Noto que ele para seu olhar na minha boca e um arrepio me sobe.
Me afasto.
Ele demora alguns segundos para se tocar que larguei os pratos. Louis pega os mesmos e vai para a pia. Sem jeito, eu saio da cozinha e sento no sofá.
Pouco tempo depois, ele aparece.
— Bem... — ele se j**a no sofá. — Quer assistir algo?
— Louis a casa é sua. Pare de me perguntar as coisas.
— Só quero ser legal!
— Assista o que quiser!
— Então nós vamos ver um filme. — ele liga a tv e coloca em um filme de comédia.
Eu olhava para a tv, mas mal prestava atenção no filme. Vira e mexe, eu sentia o olhar de Louis em mim e aquilo estava me deixando incomodada.
— Louis!
— O que? — ele me encara.
— Hm... Onde é o banheiro? Vi que lá em cima não tem.
— É. Só tem nos quartos e o banheiro dos hóspedes está em reforma.
— Entendi. Será que suas irmãs se importariam, se eu tomasse banho no quarto delas?
— Sim! — ele se levanta. — Kia e Bella não gostam que entrem no banheiro delas sem permissão.
— Talvez eu poderia usar o das gêmeas.
— Hmm... — ele faz careta — Não sei não.
— Ora Louis, preciso tomar banho em algum lugar e não vou usar o banheiro dos seus pais.
— Usa o meu.
— Oi? — solto uma risada sarcástica.
— Ué, eu não me importo que você use meu banheiro.
Ele sorri de lado e arqueia uma sobrancelha.
— Se estivéssemos em uma festa ou algo do tipo, eu diria que você está dando em cima de mim.
Solto uma risada.
— E eu confirmaria.
O encaro.
Ele sorri.
— Louis eu sou babá das suas irmãs e...
— Estou brincando, Emily. — ele ri e eu sem graça, o acompanho. — Está muito cedo para eu dar em cima de você.
Ele se vira e eu abro a boca.
— Emily eu estou brincando de novo!
Fecho a boca e posso escutar sua risada.
— Vai querer tomar banho ou não? — pergunta.
— Vou! Vou pegar uma roupa.
Ele senta na escada e eu vou para o quartinho.
Solto uma respirada funda.
Parecia tão real.
Ele brinca com a cara muito séria.
Balanço a cabeça e abro a gaveta. Retiro de lá um vestido amarelo. Pego peças íntimas e minha necessaire e saio do lugar. Louis ainda estava sentado na escada.