Meu pai leva Julián com a mão em seu ombro. Não me escapa que, enquanto vão embora, Julián se despede de mim com uma expressão de desculpa. Retribuo com um pequeno sorriso, como quem diz que não tem problema.….Nos encontraríamos com Lorenzo no local, então estou entrando na caminhonete de Mauro. Lá vamos nós para mais um coquetel chato, com pessoas com complexo de superioridade e tudo mais. Ao entrar, tudo vai conforme o planejado. Mauro queria dirigir esta noite, por isso está no assento do motorista, e minha mãe está no do passageiro.As eleições estavam se aproximando, e ele precisava dar a impressão de ser um homem próximo de seus eleitores, muito "humilde". Até aí, nada fora do que eu esperava. O que eu não esperava é que, ao entrar no banco traseiro... meus pais estivessem discutindo.— Você tinha que convidá-lo para minha casa? Sozinhos? — critica minha mãe.— Você é venenosa, mulher — responde meu pai, obstinado.— Nosso casamento iria melhor se você fosse capaz de respeitar
O rapaz me dá pena, muita pena. Também que cada vez haja mais olhares curiosos olhando para nós, os Bianchi, porque Lorenzo aproveita o primeiro descuido para ir atrás de Sara.—Quem é o responsável? Quem é seu chefe? Diga-me imediatamente — exige Mauro ao rapaz.Ele enlouqueceu ou o quê? O que estava acontecendo com Mauro? Aperto meu próprio braço de vergonha e pena.—Desculpe novamente, senhor, foi um acidente…—Um acidente? É assim que se chama isso? Não me faça rir… — Mauro ri entre dentes.Minha mãe me afasta um pouco para falar só comigo.—Por que você não vai atrás de Lorenzo? Não é bom deixar seu noivo sozinho por aí… com… você sabe quem, não é? Não, aqui em público — minha mãe sorri enquanto indica com o olhar para onde ele foi.—Ele é um adulto, mãe. Ele saberá o que está fazendo… — digo cansada.—As mulheres servem para guiar os homens, eles acham que sabem o que estão fazendo. Mas não sabem…Na maior parte do tempo, eu defendo minha mãe, no entanto, desta vez não me sinto i
Narrado por Lorenzo LewisNum instante eu tinha Sara em meus braços; no outro, estou separando com os mesmos braços Mauro e Jesus da briga que tiveram na frente de todas essas pessoas. O tumulto foi imenso, as consequências também, não era o único intervindo e bloqueando aqueles dois, vários outros convidados também fizeram o mesmo.Mas essa versão de Mauro, não conhecia contenções, apesar de ter sangue no canto da boca, continua vociferando insultos contra Jesus sobre sua classe social.—Tirem esse miserável daqui! Você não verá a luz do dia novamente! Miserável! — grita contra Jesus.Seja o que for que aconteceu enquanto Sara e eu estávamos no banheiro, Jesus deve ter ficado muito chateado, já que ele quer se livrar de mim e ir contra Mauro. Faço mais força, dou um olhar de advertência.—Chega — ordeno, ele me olha se contendo — Ou você quer que suas ameaças se tornem realidade?Com esse aviso, Jesus abaixa sua arrogância. Ele olha para trás preocupado, ao seguir seu olhar, percebo o
Emma parecia ter perdido toda a cor do rosto, sua mãe também. Tenho que intervir.—Emma e sua mãe virão comigo para meu apartamento — afirmo com calma.Mauro me olha com tudo, menos calma.—Por que minha esposa e minha filha teriam que ir com você? — pergunta com um sorriso malicioso.—Amanhã teremos uma aula de dança, é um ensaio para o casamento. A professora irá para meu apartamento — invento na hora. Mauro aceita pela metade.—Leve-a, e eu levo minha espo-Emma agarra o braço da mãe, a afasta de Mauro, antes que ele grite, ela inventa outra desculpa.—Mamá também é uma péssima bailarina, ela também terá aulas…Mauro não tem escolha a não ser ir para casa sozinho, e mesmo que essas duas mulheres entrem no meu carro, elas continuam tremendo, incrédulas por terem escapado dele esta noite.…..Abro a porta, convido Emma e sua mãe a entrar, o que elas fazem imediatamente. Esta última me pergunta pelo banheiro, eu aponto onde fica para que ela vá se trancar lá. Enquanto isso, Emma fica o
Tenho que rir mais uma vez do que vejo no computador do meu escritório, outra notícia destruindo a reputação de Mauro Bianchi. Talvez o susto que tomamos ao ver Jesus brigando em público com Mauro tenha sido muito grande, mas valeu cada instante de medo. De Mauro, circularam todos os tipos de reportagens sobre a pessoa terrível que ele era, desde sua grande arrogância contra seus funcionários até suspeitas de desvio de fundos durante seu tempo como prefeito.Minha parte favorita dos boatos era que sua equipe jurídica havia mandado remover muitas notícias por mancharem sua reputação. No entanto, quando algo se torna viral, é impossível remover cada meme, notícia ou comentário existente.Estou lendo agora outro texto onde são detalhados seu casamento conturbado e declarações de fontes "anônimas" onde foram presenciados certos maus-tratos à sua esposa. Então, Elliot abre minha porta.—Quem ri sozinha de suas maldades se lembra… — cumprimenta ele entrando e deixando um monte de pastas na m
Não tenho tanta certeza, mas como eu o tinha, e ele geralmente sabia o que estava fazendo, dou a ele o benefício da dúvida. Ele coloca a mão nas minhas costas, e seu toque, junto com seu olhar, me aliviam imediatamente. Não podíamos mais adiar isso, era conveniente para todos que ele fosse declarado o herdeiro principal dessa fortuna. Me viro e termino de abrir a porta.Na sala, consigo identificar muitos, muitos advogados, dois para cada membro da família de Loren. Seus irmãos Richard e Julián estão lá, assim como minha nêmesis, Victoria, também estão outros membros mais distantes da família de Loren, como três de seus tios paternos e um de seus amigos mais íntimos.De todos os presentes, a única que parece que vai ter um derrame ao me ver é minha amada sogra. Para o resto, minha presença apenas os confunde, assim como a mim mesma.—O que ela está fazendo aqui? — pergunta histérica.Antes que eu possa falar, Loren faz isso por mim, coloca o braço na minha frente como forma de proteção
—Um quê? — a surpresa me escapa ao ouvir essas palavras; os outros estão igualmente confusos.—Meu próprio orgulho e ambição não me deixaram ver claramente a grande oportunidade que tínhamos de unir nossas famílias. Mas eu tive uma epifania, provocada por Leonor…—Aquela velha está morta há séculos… — sussurra Victoria, irada — Até quando ela continuará arruinando minha vida?—Para unir nossas famílias e, assim, resultar meu primeiro neto, gostaria de deixar meus vinhedos na França. Sua avó e eu éramos amantes de equitação e bons vinhos, seria um belo legado — termina o tabelião — Até aqui você é mencionada, Sara, é uma condição.Minha boca se abre de choque, Loren nega exausto por causa do pai, Julián começa a rir como se tivesse ouvido a maior estupidez de sua vida. E… temo, concordo com ele.—Meu marido deixou os vinhedos na França para uma criatura imaginária por ordem de um fantasma? — pergunta Victoria, com os dentes cerrados.—Assim foi… — o tabelião a olha por cima dos óculos.
Sei que meu pai me havia falado sobre as consequências dos casamentos abertos, mas não esperava uma confirmação tão precisa, constrangedora e pública. Nem que alguém silenciasse Victoria com tanta força sem sequer gritar com ela. Mas o nível de choque, pelo menos da minha parte, é lendário.Mesmo assim, deixando de lado minha própria reação e a dos advogados ou secretários com seu desconforto disfarçado, nem Richard, nem Julián, nem Loren reagem como eu estou reagindo. Era como se… eles já soubessem há muito tempo.—A falta de parentesco biológico não foi uma desculpa para ele nos apresentar como seus filhos. Seu nome está em nossas certidões de nascimento — diz Julián, lutando contra o constrangimento da situação.Posso confirmar isso, eles já sabiam, os gêmeos sabiam disso.—Pode estar, mas além das obrigações básicas com os dois, Lorenzo reforçou o testamento. Em plena lucidez, ele deixou sua vontade conosco — explica o tabelião.—Isso não é justo, ninguém pode dizer que é… — insist