Um relacionamento abusivo não é amor. A soma de todos os afetos às vezes vira desafeto. Há um ano, Melanie viveu um tormento. Seu adorável e amado esposo se tornou um homem obsessivo e doentio, transformando o que antes parecia ser amor em uma obsessão. O que antes era carinho, hoje é agressão. Ela vive em uma constante luta: desistir de um casamento de treze anos, ou continuar com a família e tentar seguir em frente. Por seus filhos, ela sabia que faria qualquer coisa, até aturar Adam e suas agressões, porém a vida sempre dá um jeito de fazer com que você não se acomode em certas situações. Willian é um doce enfermeiro, que transforma algo dentro de Mel, mudando todos os seus planos, e ao lutar contra agressões, ela descobre a força que tem para enfrentar as dificuldades que a vida colocará em seu caminho.
Ler maisBem, precisamos conversar antes de começar com a nossa história.
Vamos lá...
Esse livro irá relatar traumas de algumas mulheres em relação a relacionamentos abusivos. Isso mesmo, esse livro é inspirado em fatos reais. Nossa personagem Mel não é inspirada em apenas uma mulher, mas sim em várias. Então, meus amores, alguns capítulos serão bem abusivos e violentos. Recomendo cautela em ler, pois eles podem ser gatilhos e podem sim fazer mal a algumas pessoas.
Quando comecei a escrever o livro, não era para ser assim, porém, conforme eu conversava com algumas mulheres, mas eu via a necessidade de acrescentar na história momentos mais agressivos, tantos físicos quanto psicológicos.
Espero que esse livro sirva para muitas mulheres que vivem em relacionamentos abusivos perceberem que a culpa não é delas. Você pode e deve denunciar, não permita que você seja alvo de pessoas sem escrúpulos, que se sentem bem em diminuir os outros.
A denúncia pode ser feita em qualquer delegacia por meio de boletim de ocorrência, na delegacia da mulher ou ligando 180. Não se calem, não desistam! DENUNCIEM!
"Se ele tem coragem de te bater, tenha a coragem de denunciar."
São Paulo, Capital, 23:45hrs
Os relâmpagos que brilhavam no céu iluminavam o quarto, o qual estava escuro... Eu sentia que o ar estava pesado e quente, afinal, era uma típica noite de verão em São Paulo.
Virei-me na cama. Estava ruim de dormir com o calor, e nada resolvia, nem mesmo o banho gelado que tomara há poucos minutos.
Fechei os olhos, na missão de conseguir finalmente adormecer, porém um barulho de vidro se quebrando me fez desistir da ideia. Fiquei dura na cama. Sentei-me rapidamente, com a mão no peito, imaginando que fosse Adam, meu marido. Afinal, as crianças tinham ido para a casa da minha mãe, a pedido dela, para que pudessem lhe fazer companhia. Ela frequentemente me pedia isso, principalmente depois que meu pai morreu. O que eu achava ótimo, pois assim evitava que eu me preocupasse que elas presenciarem as violências de Adam, já que elas estão crescendo e entendendo mais, fazendo com que a cada dia ficasse mais difícil de esconder isso delas; mas por sorte, elas ficavam muito com minha mãe, o que eu achava ótimo também, pois quanto mais longe meus filhos ficassem dele, melhor.
Escutei a porta se abrir. Deitei rapidamente e fechei os olhos com força. Mordi os lábios ao sentir o cheiro forte de bebida, cujo impregnou todo o quarto. Engoli a seco assim que senti ele deitar ao meu lado e, logo depois, os seus fortes braços a me abraçarem.
— Melanie, acorde. — Ele disse ao notar que sequer me mexi. Parecia impaciente, pois logo começou a me sacudir violentamente.
— Adam, eu quero dormir — falei, ainda mantendo os olhos fechados.
— E eu quero trepar, venha e faça seu papel de esposa! — Ele respondeu, num tom alto e grosseiro.
Há muito tempo deixara de ter vontade de manter relações sexuais com Adam. Ultimamente, sempre que eu ia para a cama com ele, era porque o homem me forçava a fazer sexo; e isso, além de me incomodar, me machucava. Ele contribuíra para a minha falta de vontade. Não fora o tempo que desgastou a relação, nem o fato de simplesmente não o desejar mais. Não posso culpar-me por isso, pois ele; ele quem acabou sendo o culpado. Suas grosserias, sua falta de amor e cuidado e, principalmente, os seus tapas e socos faziam com que se tornasse impossível eu sentir por ele qualquer coisa que não fosse medo e ódio. Adam não era mais a pessoa que eu conheci. Embora brigássemos de vez em quando, nada se comparava ao que tínhamos hoje. Eu o amara tanto, ele era tão especial para mim; e hoje, veja só o ponto em que estávamos: dois desconhecidos dividindo uma cama. Para ele eu era apenas alguém que saciava os seus desejos carnais; e para mim, ele era um peso que eu carregava apenas por medo.
Adam apertou minha cintura. Ele se esfregava em mim como um animal no cio. Eu odiava quando ele fazia isso! Parecia que me tratava como a um simples objeto que não tem sentimentos, desejos e vontades. Para ele não importava que eu não queria; que eu não o desejava... Tanto faz! Ele se saciaria de qualquer forma. Tornara-se um canalha, agressor e egoísta.
Sua mão foi para debaixo da minha blusa. Ele subiu e agarrou meu seio com força. Logo em seguida, senti uma mordida no ombro.
— Para, Adam, está me machucando! — gritei, mesmo sabendo que de nada iria adiantar.
Ele apertou mais os dentes em meu ombro, e gemi de dor. Tentei retirar a mão dele de dentro da minha blusa, porém ele foi mais rápido que eu e me virou na cama, segurando meus braços em cima da minha cabeça. Abaixou a cabeça e colocou sua testa na minha. Olhou-me bem no fundo dos olhos, passando as pernas pelas laterais do meu corpo.
Enquanto o encarava, fiquei com muito medo daquele olhar, pois enxerguei ali um olhar de pura maldade; um olhar que há algum tempo eu nunca imaginaria encontrar nos olhos de meu marido. Foi então que o soco veio com força na lateral do meu corpo. Encolhi-me e gemi.
— Shiii. — Ele disse. — A dor já vai passar, se acalme!
— Por favor, Adam, por favor... — disse, me debatendo embaixo dele.
Ele soltou meus braços, passou as mãos em meu rosto e pousou-as em meu pescoço. Adam acariciava, me olhando profundamente, como se estivesse em um transe. Quando seus olhos focaram em mim de novo, suas mãos começaram a se mover. Elas desciam pelo meu corpo, dando leve apertões. Quanto mais suas mãos desciam, mais desespero eu sentia. Ele se sentou sobre os joelhos para abrir sua calça, e nesse momento, tive a oportunidade de escapar. Levantei-me rapidamente, mas não fui muito longe. Logo senti uma mão a puxar meus cabelos.
— Aonde você pensa que vai?
— Não quero fazer sexo, Adam. Não estou com vontade. Entenda que nem sempre quero. Sexo para mim é diferente, você sabe! — Eu o empurrei e saí de seu domínio.
— Eu sei?
— Sim, sabe que não faço por fazer. Tenho que sentir vontade, e no momento não tenho.
Andei em direção ao guarda-roupas, na intenção de pegar um lençol e um travesseiro e ir embora dali, pois eu sabia que naquela noite seria impossível dormirmos na mesma cama; e se eu continuasse insistindo em permanecer no mesmo quarto que ele, com certeza sofreria uma nova agressão, sendo que eu ainda estava me recuperando da anterior.
Tentei me mostrar tranquila, como se aquilo não me abalasse. Por um instante fiquei de costas para ele, só fora poucos segundos de distração.
— Querida, você não tem muito o que escolher, não acha? Basta o meu querer, e eu quero! — Ele disse ao meu ouvido, fechando lentamente a porta que eu havia aberto.
Senti minhas pernas moles. Abri a boca para respondê-lo e insistir que não queria. Estava cansada de fazer sexo sem vontade. Isso já estava acontecendo com frequência, e estava me abalando fisicamente e psicologicamente, de uma forma tão intensa, que já não aguentava mais...
Mas não tive oportunidade, pois ele bateu minha cabeça contra a porta de madeira maciça, e imediatamente tudo ficou escuro.
Quando acordei, minutos depois, senti um peso em cima de mim. Adam estava me penetrando com violência e urrando feito um animal feroz. Não me mexi, apenas virei a cabeça e deixei que ele terminasse o mais depressa possível. As lágrimas doloridas começaram a cair de meus olhos. Chorei em silêncio mais uma vez.
Sempre quando eu dizia “não”, ele dava um jeito. Essa situação para mim já não era novidade, mas me doía sempre com a mesma intensidade.
Assim que terminou, ele se virou para o lado. Eu me cobri com um lençol e me virei também. Chorei sem fazer barulho, até que finalmente escutei ele roncar. Demorei mais alguns minutos para me certificar de que ele estivesse dormindo e me levantei com dificuldade. Peguei o resto da minha roupa rasgada, joguei em um dos cestos de roupas e fui em direção ao guarda-roupas. Vesti uma calcinha, um short, um sutiã qualquer e uma camiseta velha. Desci as escadas, peguei as chaves do carro, no aparador, e saí. Não aguentaria ficar ali mais nenhum minuto. Queria ir embora, e se pudesse, não voltava nunca mais... O meu destino? Bom, era onde Deus quisesse que eu fosse.
Of all the things I still rememberSummer's never looked the sameThe years go by and time just seems to flyBut the memories remainIn the middle of September we'd still play out in the rainNothing to lose but everything to gainReflecting now on how things could've beenIt was worth it in the endDaughtry - SeptemberComo diria o ditado: “Nada como um dia após o outro”.Depois de encerrar o capítulo de Adam, mudei de livro e comecei a escrever outra história, uma bem mais feliz, desta vez. Não sei como, mas Will ficou mais meloso que nunca, não conseguíamos ficar longe um do outro. Seus lábios capturavam os meus a qualquer momento, e isso era maravilhoso.— Fica quieta e para de comer, vai se sujar.Mamãe tirou o prato com salgadinhos da minha mão. Estávamos na sacristia da igreja. Seria meu casamento, eu estav
You never know when you're gonna meet someoneAnd your whole wide world, in a moment, comes undoneYou're just walking around then suddenlyEverything that you thought that you knew about love is goneDaughtry - Start of Something GoodSenti-me apavorada. Esperava nunca mais vê-lo, mas ele estava ali, parado na minha frente, com um sorriso macabro nos lábios.As chamas estavam consumindo mais rápido a sala. Zeus latia desesperadamente, Will me chamava insistentemente; mas eu, eu estava ali, caída aos pés daquele que cavou uma cova para me enterrar.A respiração sumiu, meus olhos perderam o foco, e então todo o terror que vivi com Adam na cabana tomou conta de mim. Dias sem comer, os estupros diários, o espancamento sem piedade...Comecei a chorar. Como pode um amor tão grande acabar assim?Acho que na vida as escolhas que fazemos elevam nossos e
I thought we had the time, had our livesNow you never get older, olderDidn't say goodbye, now I'm frozen in timeGetting colder, colderOne last word, one last moment, to ask you whyYou left me here behindYou said you'd grow old with meMichael Schulte - You said you'd grow old with me— Will, estou indo! — avisei assim que já estava pronta para levar as crianças para a escola.— Tá, amor! — Ele disse, enquanto vestia-se para ir trabalhar.— Vem jantar em casa? — perguntei.— Claro! — Ele sorriu para mim.— Ok, vou fazer uma comida especial para a gente.— Hum, comemoramos algo?— Não, só quero te agradar.— Não precisa, sabe disso...— Ah, cala a boca, eu quero e pronto, estou no meu direito! — Fiz bico, e ele riu. Eu o beijei.
Lend me your fearsLoan me your doubts if you need to see clearI'll always hold them when your nowhere nearI'll take the weight when you sayNarrow Plains - GhostQuinze dias depois...As crianças corriam pela casa. Era aniversário do Jonas. Nove aninhos de pura alegria.Preparei uma mini festinha para ele em casa. O menino chamou alguns amiguinhos para cantarem “parabéns”. Ele se divertia como nunca. Embora meu menino fosse um pouco tímido e retraído, ele sabia como aproveitar.Mamãe trouxera o bolo dele com uma decoração maravilhosa de super-heróis. Monica, que viera com minha mãe, lhe trouxera um helicóptero, que ele adorou bastante. Agarrou ela, fascinado com o presente.Monica e minha mãe estavam se dando muito bem. Mamãe sempre dizia para mim o quanto achava Monica engraçada, mas mi
Welcome to the planetWelcome to existenceEveryone's hereEveryone's hereEverybody's watching you nowEverybody waits for you nowWhat happens nextWhat happens nextSwitchfoot - Dare You To MoveMel— Você não pode olhar! — Ele avisou a mim.— Por que não, Will? — Eu estava nervosa.— Quer estragar a surpresa, Mel?— Não, mas é que...— Então fique quieta, sim!? — interrompeu-me.Cruzei os braços e fiz bico. Ouvi o risinho sacana dele ao meu lado no carro.Tivera alta do hospital hoje. Ficara internada por quase um mês, já estava sem paciência e querendo matar um. Nesse tempo, Will trabalhava durante o dia e passava a noite comigo. Gabriel ficou de guarda para que Adam e nenhum amigo dele, caso me achassem, entrassem no meu quarto.Descobrimos que Ad
To lift her up and take her anywhereShow her love and climbing through the airSave her now before it’s too late tonightOh, like a speeding lightAnd she smilesDaughtry - Waiting for superman— Olá! — falei, me aproximando da recepção do hospital, juntamente com as crianças e a Dona Marta.Já fazia algum tempo desde que soube que Melanie apareceu, mas ainda assim o nervosismo continuava tomando conta de mim. Eu sabia que só me acalmaria quando a visse.— Oi, em que posso ajudar o Senhor?— Estou procurando Melanie Oliveira, ela deu entrada aqui de madrugada.— E o Senhor é...?— William Dantas Silva.— Ele é o namorado da mamãe — Beatriz falou olhando feio para a enfermeira.Bea estava em meu colo, segurando seu coelhinho de orelhas compridas.— Ah, sim, el
Último capítulo