Axel
A manhã já havia começado mal. Meu sono foi fragmentado, minha mente uma confusão de pensamentos sobre Kimberly, a mídia e o jogo que se aproximava. Mas nada poderia ter me preparado para o que vi ao descer as escadas.
— O que vocês estão fazendo aqui? — minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia, mas a surpresa e a irritação eram genuínas.
Leonel Baumann estava ali, sentado confortavelmente na poltrona de couro, segurando sua bengala com uma postura impecável. Ao seu lado, Berenice, minha avó, sorria com serenidade, como se sua presença fosse algo natural e esperado.
— Ora, Axel, que recepção calorosa para seus avós — Leone
AntonEu sabia que conquistar Pietra de volta não seria fácil, mas não imaginei que seria uma verdadeira batalha de vontades. Cada passo em sua direção era como avançar em um campo minado, onde cada movimento poderia desencadear uma explosão de emoções que ela tanto tentava esconder.Desde que decidi provar a ela que eu queria estar ao seu lado independentemente de qualquer outra coisa, passei a ir à sua casa todas as noites. E, por mais presente que eu estivesse, Pietra continuava erguendo barreiras entre nós, tijolo por tijolo, com uma determinação que me deixava ao mesmo tempo frustrado e admirativo.Apesar disso, eu parecia contar com o apoio silencioso dos irmãos dela. Isaque, com sua energia contagiante, sempre fica
PietraEu não conseguia afastar a sensação de que todo o esforço que Anton estava fazendo para me reconquistar era apenas mais um capricho dele. Ele sempre teve tudo o que quis. Sempre foi o tipo de homem que não aceitava um “não” como resposta. E agora, só porque eu não me joguei nos braços dele depois da descoberta dos planos para um herdeiro Baumann, ele decidiu insistir. Ele queria provar que poderia me ter, que poderia me dobrar. Mas eu não iria ceder. Mesmo assim, depois que ele saiu com Andressa e Isaque, algo dentro de mim ficou inquieto. A casa parecia grande e vazia demais, e pela primeira vez desde que tudo aconteceu, a ideia de um programa em família pareceu... gostosa. Depois de tantas semanas tensas, entre a cirurgia de Andressa, minha gravidez e tudo o que envolvia Anton, um simples passeio teria sido uma pausa bem-vinda. Enquanto Mirella falava animadamente sobre os detalhes dos seus últimos "trabalhos", eu estava longe dali. Meu pensamento estava em outro lugar.
AntonDesci as escadas com passos lentos, ainda me recuperando da conversa intensa da noite anterior. Minha cabeça estava cheia de pensamentos conflitantes sobre Pietra, o bebê, e todas as palavras que havíamos trocado.Fui arrancado dessas reflexões ao ouvir a porta da frente se abrir com um ruído característico. Anneliese entrou, tirando os óculos escuros com um movimento teatral que só ela dominava. Seus olhos, ainda adaptando-se à luz interna, me lançaram um olhar divertido ao me encontrar parado no meio da escada.— Quer almoçar comigo? — perguntei, mais para iniciar uma conversa do que por fome genuína.Anneliese riu, descrente, enquanto tirava o casaco leve e o pendurava no cabideiro com um movimento fluido.— Almoço? Que horas são? — Ela olhou para o relógio de pulso fino e revirou os olhos dramaticamente. — Eu nem tomei café da manhã ainda.Franzi a testa, só então notando os detalhes reveladores em sua aparência: as roupas ligeiramente desalinhadas, o batom borrado no canto
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain
RebeccaDeixar minha cidade natal não foi uma decisão fácil, mas foi necessário. Minha paixão pela pintura sempre foi uma constante em minha vida. Meus pais, devotos fervorosos de uma vida simples e religiosa, nunca compreenderam essa paixão. Para eles, minha arte era uma distração tola."Você precisa se concentrar nas coisas importantes, Rebecca. Deus tem planos para você, mas a pintura não é um deles," meu pai dizia sempre, seu tom severo e inflexível. Minha mãe, embora mais compreensiva, também não conseguia enxergar além do horizonte limitado da nossa pequena cidade no interior de São Paulo.Quando finalmente tomei a decisão de ir embora, estava assustada, mas determinada. Juntei todas as minhas economias, coloquei minhas poucas roupas e meus materiais de pintura em uma mochila e deixei uma carta para meus pais, explicando minha partida. Peguei o primeiro ônibus para São Paulo, minha cabeça cheia de planos e expectativas. Quando finalmente desci na estação de metrô mais moviment
AaronNão consigo acreditar no que estou prestes a fazer. Meu coração bate descompassado dentro do peito, uma mistura de excitação e nervosismo. Mas não vou recuar. Tenho um objetivo em mente e farei qualquer coisa para alcançá-lo.Chego ao apartamento indicado por Eric e paro em frente ao número na porta. Demoro um momento antes de tocar a campainha, meu dedo hesitante sobre o botão. Mas logo decidi seguir em frente. Não há espaço para dúvidas agora. Preciso concluir isso o mais rápido possível.A porta se abre lentamente e Eric está lá, com um sorriso de satisfação no rosto, totalmente impróprio para o momento. Ele me dá um aceno de cabeça e me deixa entrar, fechando a porta atrás de mim.— Que bom que chegou. Pensei que tinha desistido. Eu permaneço no mesmo lugar e deixo-lhe saber os meus pensamentos.— Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça — Digo, sentindo a tensão aumentar sobre os meus ombros.— Mentalize aquela velha e importante frase de Maquiavel: Os fins justifi
RebeccaO choque da revelação de Aaron me atinge como uma onda gelada, paralisando-me no lugar. Eric já havia passado aquelas informações para mim, mas era como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez. A forma como Aaron falou, sua frieza ao tratar do assunto, assustou-me profundamente.Levantei-me abruptamente, incapaz de permanecer tão perto dele. Aaron era um homem cuja determinação era tão intensa que me deixava arrepiada. Percebo que minha respiração está acelerada, meu coração batendo descontroladamente dentro do peito. Encaro Aaron com uma mistura de medo e desconfiança. Ele era a chave para minha liberdade. A decisão que tomei ao aceitar essa proposta parecia cada vez mais insensata, mas não aceitar não era uma opção sábia naquele momento. Aos vinte anos, ainda era virgem, apesar de alguns encontros inocentes com rapazes da igreja que frequentava com meus pais. Não havia compartilhado esse detalhe com Eric. Além da vergonha em falar sobre algo tão íntimo com alguém que hav