Capítulo 6

Catarina

Chego no apartamento de Amanda, toco a campainha e uma Amanda sonolenta abre a porta.


— A noite foi boa pra alguém a final. - Digo entrando e me sentando em seu sofá.


— Pra você também sua safada, Já que quem atendeu seu celular hoje de manhã foi o THÉO. E acho que já sei qual Théo. - Sorri cínica.


— Pra sua informação amiga ingrata, eu fui drogada por aquele idiota do Caíque e o Théo me levou pra casa dele.


Ela se senta e segura minha mão.


— Meu Deus amiga, você tá bem? Sou uma péssima amiga. Eu não acredito que aquele canalha do Caíque fez isso. Eu vou matar aquele desgraçado.


— Entra na fila. - falo irritada.


— Ô amiga, me perdoa de verdade, eu não podia ter te deixado sozinha.


— Tá tudo bem, foi eu que pedi pra você se divertir com aquele gatinho. E graças a Deus o Théo apareceu e meio que me "SALVOU". E você? Se divertiu? - Mudo de assunto.


— Tá tudo bem mesmo? - Revirei os olhos.

— Tá bom. O gatinho que você falou, é o Pedro, eu conheci ele a pouco tempo, e a gente meio que tá ficando. Mas não é nada sério. E eu não te contei porque você tava com a cabeça cheia por causa do Frederico. E por outras coisas que você sabe.


— Sua ingrata. Fico tão feliz por você Mand's, você merece ser feliz.


Ela dá um suspiro olha com o semblante triste.

— NÃO. PARA. Ele não é o Plínio. Você tem que dar uma chance pra você amiga. Esquecer o que você passou e ser feliz. Esse Pedro tá te fazendo feliz?.


— Sim ele está. Ele é legal e romântico. Mas tenho medo Catê.


— Mand's se ele está te fazendo bem, não precisa ter medo. Sei por tudo que você passou nas mãos daquele canalha, mas você não pode se prender a isso.


— Vou tentar Catê. Prometo.


Ficamos conversando até a hora do almoço e resolvo voltar pra casa. Abro a porta e não encontro meus pais.

Melhor assim, não quero dar explicação a ninguém da onde eu dormi. Quando estou prestes a subir pro meu quarto. Lurdes me chama, vou até a cozinha e ela está fazendo um bolo de abacaxi, que eu adoro. Sento na bancada e começo a pensar no pedido de casamento.

Lurdes balança a mão na minha frente e eu saio dos meus devaneios.


— O que tá acontecendo bonequinha?! Estou falando com você a minutos. E você não está prestando atenção! - Ralha.


— O Frederico me pediu em casamento. - Murmuro.


Lurdes pega uma cadeira e se aproxima de mim.

— E você não quer se casar? - Diz pegando em minha mão.


— Não babá, eu não quero. Eu não o amo, acho que não estou pronta para me casar. Eu ainda sou nova, tenho muito o que viver, antes de dar esse passo. E antes dele me pedir em casamento, eu ia terminar com ele. Agora não sei como fazer isso. - Suspiro.


— Eu não gosto dele, você sabe. Mas você não pode fazer ele ficar com esperança bonequinha. Termine logo. Se é isso que você deseja.


— Eu vou fazer isso. Obrigada babá, você é a melhor. - Digo me levantando e saindo, sem escutar os protestos de Lurdes para que eu coma algo.


Subo para o meu quarto e como hoje é sábado, resolvo colocar uma roupa e ir correr um pouco. Visto um top e um short. Pego meus fones de ouvido, a carteira e saio. Começo a correr, chego em um parque que tem pelo caminho e me sento observando os casais de namorados, as crianças brincando. Meu celular toca e vejo que é Fred, suspiro e atendo.


Oi querida. Resolvi voltar mais cedo. Estou em minha casa, pode vir aqui? - Fala de uma vez.


- Ah. Oi Fred, sim eu chego aí daqui a pouco. - Digo, desligando.


Levanto, peço um Uber, já que vim a pé. E vou rumo a casa de Frederico. "E seja o que Deus quiser". Penso comigo mesma.

Depois de um tempo, o motorista estaciona, pago e desço. Frederico mora em um apartamento de luxo da cidade. Passo pela portaria e o porteiro me deixa subir sem avisar, já que venho muito aqui e ele sabe que sou namorada do Fred. Vou pro elevador e subo pra cobertura.

Toco a campainha, e quem atende é Mary, a governanta. Ela me encaminha para o escritório que é onde Fred está e eu bato na porta. Ele abre e vem me dar um selinho mas eu desvio e entro no escritório. Ele me olha sem entender nada e senta em sua cadeira.


— Aconteceu algo?! - Fala, me olhando desconfiado.


— Sim, olha Fred. Você é um cara legal, esses três anos que estivemos juntos foi muito bom. Mas eu quero terminar. -Digo de uma vez.


— Você quer terminar? Foi por causa do pedido de casamento? Se você quiser a gente adia pra um ano ou dois, não tem problema amor. Eu acho que me precipitei também. Achei que era isso que você queria. - Diz exasperado.


— Não Fred. Não é isso. Eu já queria terminar tem um tempo. Acho que não estamos mais na mesma vibe!


— É por causa do trabalho? Eu posso diminu..


— Não Fred. Sou eu, não tem nada a ver com você. Eu quero focar mais na faculdade e em minha futura carreira. E você não apoia a profissão que escolhi e não apoia nada que eu faço, ou pretendo fazer. E é isso. Eu espero que entenda. Sinto muito. - Digo me levantando e passando pela porta.


Resolvo ir andando pra clarear mais a mente. Depois de um tempo, chego em casa. Subo para o meu quarto e resolvo tomar um banho de banheira pra relaxar. Me dispo, entro e depois de um tempo acabo adormecendo.

Acordo com batidas na porta e minha mãe entra no quarto, chamando por mim. Digo que já vou. Saio da banheira, visto um roupão e encontro mamãe sentada em minha cama, esperando por mim.


— Oi querida, eu e seu pai estávamos com um cliente dele. O papo com a esposa dele foi bom, que esqueci de avisar você. - Diz e eu me sento do seu lado.


— Não tem problema mamãe. Você se divertiu? Tem tanto tempo que você não sai. Só ficando em casa e resolvendo coisas daqui, do orfanato, e das ONGs.


Minha mãe era uma renomada estilista. Ela era muito procurada, produzia roupas de várias celebridades. Quando conheceu meu pai, se casaram, depois de um ano, ela me teve em um parto complicado. Ela continuou trabalhando, mal tinha tempo pra mim e era esnobe com todos de classe inferior a sua.


Até que um dia, em um exame de rotina, ela descobriu um tumor no útero. Foram vários anos de luta, quimios e depois de 5 anos na luta, em fim ela está "curada". Depois disso, ela virou outra pessoa. Uma mãe amorosa, uma mulher de garra e que ajuda todos em qualquer circunstância. Ela fundou a (MFCC), MULHERES FORTES CONTRA O CÂNCER, que é uma ONG que ajuda as mulheres a aprender a conviver com o Câncer. Ela também é patrocinadora do Orfanato Madre Lúcia, onde tem um pequeno anjo que é como uma irmã pra mim. Agnes, ela é uma criança de apenas 5 anos. Outra hora conto a história de Agnes.


Mamãe balança a cabeça e pega as minhas mãos e as põe em seu colo. Ela me olha e percebe que não estou muito bem.


— O que aconteceu querida? - Pergunta.


— O Fred me pediu em casamento e eu terminei com ele. - Digo de uma vez.


— Ó. Por que terminou com ele?


— Ai mamãe eu não quero me casar e eu não amo o Frederico. Eu não quero mais estar com uma pessoa que não me apoia em nada e que não amo. Eu quero ser livre sabe?!


— Eu sei querida, e eu te apoio. Agora vamos jantar, a Lurdes preparou um fricassê delicioso.


— Tudo bem, eu só vou me vestir e já desço.


Ela meneia a cabeça e sai, fechando a porta. Visto um vestido soltinho e uma rasteirinha, passo meu perfume e deixo os cabelos soltos

.

Desço as escadas e vou pra sala de jantar, onde estão papai, mamãe e FREDERICO. Não acredito. Mamãe me olha com pesar e sem entender absolutamente nada também.


— Boa noite! . - Digo e me sento ao lado de minha mãe.


— Boa noite filha, não vai cumprimentar o seu namorado, ou melhor dizer, noivo. Já que você me disse que ia a pedir em casamento Fred. Você veio pedir a minha benção? Saiba que... - Papai começa a falar. Mas Lurdes o interrompe.


— Posso servir o jantar Seu Alberto?. - Lurdes diz e me dá um aceno de leve. "Salva pelo gongo, ou melhor, pela Lurdes".

— Pode sim, Lurdes. E então como anda a faculdade filha? - Mamãe pergunta mudando de assunto, fazendo papai me olhar desconfiado.


— An. Muito bem. Você sabe, semana que vem é a última semana antes das férias. E pensar que falta pouco pra eu realizar meu sonho de ser uma psicóloga.


— Fim de carreira. - Papai murmura.

— Eu não vou nem responder a sua ironia Papai.


— É não vai mesmo, por que eu que banco a sua faculdade e posso tirar ela de você num piscar de olhos.


— Tira. Acho que está na hora mesmo de andar com minhas próprias pernas. E bancar a "MINHA FACULDADE". - Grito a última parte.


— Gente, não vamos brigar família por favor. - Frederico que até então estava calado, se manifesta.


— Família? Que eu saiba você não é da família. Até por que nós terminamos! - Me exalto.


— Você o que Catarina? Vocês terminaram é isso? - Papai diz.


— Não Alberto, a gente só está passando por uma fase não é querida?


— NÃO. A gente terminou mesmo. E essa conversa já deu pra mim. Com licença.

— Catarina, você não vai comer filha? Catarina?? - Mamãe diz. Mas já estou longe.


Pego o meu carro e saio sem destino. Preciso me afastar daquela casa. Muitos vão pensar que estou com drama, mas não sabem como é conviver com um pai tirano e que quer com****r a sua vida. Alberto Prescott sempre quis m****r nas minhas decisões, desde roupas que eu usava, locais que frequentava, amigos com quem saía. Tudo. Até na minha escolha na faculdade ele queria m****r. Ainda bem que tenho a minha mãe que não permitiu que eu fizesse o que ele queria e o enfrentou para eu fazer o curso que eu quisesse. Única pessoa que ele ouvia e que o enfrentava era minha mãe. Ele era apaixonado por ela e comia na palma da sua mão. Helena Prescott sabia dobrar o velho.


Dirijo pelas ruas da cidade e passo em frente o apartamento do Théo. Paro o carro e fico encarando. Até que vejo ele em sua pequena varanda, só de calça moletom, fumando um cigarro. Encaro aquele peitoral másculo e pelo um milésimo de segundo imagino passando as mãos e até a língua por aqueles gominhos.

"Deus O que estou pensando?" Isso é falta de sexo, certeza. Muito tempo sem. Balanço a cabeça e ligo o carro, mas fico encarando o volante e o apartamento. O que será que meu pai falaria se eu fizesse o que eu quero uma vez?! E foi com esse pensamento, que eu fiz a pior besteira da minha vida.

[...]

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