Era 11 horas da manhã quando Olavo Lima olhou para a mesa com uma expressão de desagrado.
— Aquela mulher não apareceu pra trazer a comida hoje? Normalmente, ela chega antes do almoço. Será que, depois de tudo isso, ela acha que pode relaxar? Quem deu coragem pra ela fazer isso?
O secretário, que estava colocando os utensílios na mesa, parou de repente e respondeu com um olhar nervoso:
— Sr. Olavo, a Srta. Tereza... ela... ela ainda está na piscina, não foi solta.
Olavo, que estava prestes a se sentar, congelou por um segundo, e um traço de surpresa cruzou seus olhos.
Mas ele rapidamente disfarçou e falou com um tom indiferente:
— Deixa pra lá, deixar ela mais uns dias, não vai mudar nada.
O secretário olhou para ele com um ar hesitante, falou finalmente:
— Mas... Sr. Olavo, o local onde a Srta. Tereza tá sendo mantida... já tá começando a ficar com um cheiro muito forte. Pode ser que...
Ele fez uma pausa e perguntou:
— Você quer ir ver?
Olavo continuou a mexer na comida, sem nem olhar para o secretário, e disse, com voz fria:
— Cheiro? Fica tranquila, essa mulher é do tipo que não vai deixar nenhuma chance passar. Ela não vai se prejudicar.
O secretário ainda queria falar, mas foi interrompido pelo olhar impaciente de Olavo, que franziu as sobrancelhas.
— Vou comer. Não é hora de discutir assuntos nojentos como esse. Mas, se ela não se arrepender depois disso, a culpa é toda dela. Se quando sair, ela pedir desculpas para a Helena, podemos dar esse capítulo por encerrado.
Mal ele terminou de falar, Helena entrou pela porta, interrompendo a conversa.
— Maninho...
Olavo imediatamente se levantou e a abraçou com carinho, suas palavras eram doces e cuidadosas:
— Leninha, o que tá fazendo aqui? Tá com medo de ficar sozinha em casa?
Ele segurou sua mão com ternura e a olhou nos olhos:
— Não precisa ter medo, já dei uma boa lição na Tereza. Não fique triste, tá?
Helena enterrava o rosto no peito de Olavo e, de maneira fofa, reclamou:
— Sabia que o maninho sempre foi ótimo pra mim. Mas só queria que a Tereza pedisse desculpas. Não queria que ela sofresse assim... será que, com tudo isso, ela vai me odiar?
Olavo acariciou as costas de Helena e, disse com um tom firme:
— Fica tranquila, ela não vai ousar.
Eu não pude deixar de rir, mas não havia ninguém para me ouvir.
Afinal, eu já estava morta.
E até o último segundo de minha vida, quando eu ainda estava afundada naquele maldito lugar, não sabia que a única saída seria a morte.
Agora, vendo tudo de fora, a piscina, que antes era tão grande e espaçosa, estava completamente vermelha, com o sangue misturado à água.
A tampa da piscina havia sido soldada, como se quisessem prender aquele corpo ali para sempre.
Nunca mais, em nenhuma outra vida, haveria escape.