2018
Clara, 27 anos
Chego ao hospital com uma enorme pressão no peito e a respiração entrecortada. Minha boca está seca e vejo, no espelho do elevador, que as minhas pupilas estão dilatadas. O meu corpo inteiro treme, e os meus passos são pesados, como se qualquer movimento exigisse muito de mim. As pessoas ficam me encarando enquanto caminho pelos corredores, então, devo estar externando a angústia que me consome por dentro.
Entro no quarto de Eva, mas, diferentemente de todas as outras visitas, eu não sinto compaixão por ela. Ardo em raiva e transbordo ressentimento. Tenho vontade de voar em seu pescoço e causar dor física. Tenho estímulos violentos e preciso me concentrar para que a ira não me domine. Eu me aproximo bem do seu corpo inerte e começo a dizer tudo o que me vem à cabeça, de