Toda Fera merece uma bela
Toda Fera merece uma bela
Por: Lanny Domiciano
Prólogo

Bella

 — Eu estava em total choque. Eu simplesmente não conseguia acreditar nas palavras que acabara de ouvir. Meu coração estava apertado, era como se alguém estivesse esmagando-o com força contra o meu peito. Meus pais… mortos? Como isso era possível?

Corri até a janela, olhando desesperadamente pela rua esperando vê-los chegando em segurança. Mas o que encontrei foi um cenário assustador. Haviam carros dos capangas do meu pai espalhados pela frente de nossa casa. Eu caí de joelhos no chão, procurando algum sinal de esperança nos olhos das pessoas presentes. Minha avó correu até mim e me abraçou, tentando me consolar. Suas palavras pareciam distantes e irrelevantes diante da tragédia que acabara de acontecer. Minha mente estava turva e atordoada. Minha realidade estava desmoronando completamente ao meu redor.

Em um momento de puro desespero, me afastei dos braços da minha avó e gritei com todas as forças que tinha em mim:

— NÃO! Meus pais não morreram! — As lágrimas teimosas continuavam a cair das minhas bochechas, mas eu as enxuguei rapidamente antes mesmo de baterem no chão. — Eles saíram para comemorar o aniversário de casamento! — Eu afirmei com todas as minhas forças. A dor dentro de mim era insuportável, mas eu estava disposta a acreditar na minha versão da história acima de qualquer coisa. Mas no fundo do meu coração, eu sabia que era uma mentira. Eu pude ver a verdade nos olhos das pessoas ao meu redor. Seus olhares de pena e compaixão eram suficientes para desmoronar qualquer esperança que eu pudesse ter tido.

Minha avó se aproximou calmamente e colocou a mão no meu ombro. Ela estava sofrendo tanto quanto eu, talvez até mais.

— Bella — ela disse com voz rouca. — Eu sinto muito, mas é verdade.

Eu balancei a cabeça de um lado para o outro e recusei-me a aceitar aquela realidade. Era simplesmente inconcebível para mim que meus queridos pais poderiam ter sido levados tão brutalmente de mim. A presença dos carros dos capangas do meu pai só aumentava minha aflição. O que aconteceu? Como isso pôde acontecer? Eu me perguntei freneticamente dentro da minha mente enquanto tentava processar as informações avassaladoras. Eu não conseguia sequer imaginar como seria a vida sem eles, sem o amor e apoio incondicional que eles sempre me deram. A falta de seu calor parecia insuportável.

Enquanto permanecia atônita naquele cenário sombrio, um pesadelo cheio de roupas pretas e lágrimas incontroláveis, eu percebi que precisava construir um escudo ao meu redor. Então minha vózinha se aproximou e me abraçou, me envolvi nos seus braços, não tinha mais forças para lutar com esse sentimento. E acabei desabando e deixando as lágrimas caírem.

Faltava algo. Algo que, por mais que tentasse ignorar, eu não conseguia. Era o calor humano, o afago carinhoso de alguém querido ao meu lado. Parecia que a falta dessa presença se tornava insuportável e um vazio sem fim me tomava por dentro. Eu me encontrava diante de um cenário sombrio, envolta em vestes de luto que pareciam ressaltar ainda mais a escuridão em minha alma. O desespero me consumia e as lágrimas não paravam de cair. Eu era mais forte do que aquilo tudo, eu era capaz de enfrentar qualquer tormenta e emergir triunfante no final. Talvez essas palavras fossem apenas um mantra reconfortante para acalmar minha angústia momentânea, mas eu sabia que precisava acreditar nelas.

Foi então que uma figura familiar se aproximou de mim na penumbra do lugar sombrio onde eu me encontrava perdida. Era minha querida vózinha, com seus olhos acolhedores e sorriso gentil. Ela estendeu seus braços amorosos enquanto seu abraço apertado me envolvia. Eu não resisti. Não tive mais forças para lutar contra aquele sentimento avassalador. Desabei

.

Todo meu corpo parecia pesado demais para ser sustentado pelos seus próprios músculos fragilizados pela tristeza. As lágrimas finalmente escaparam de meus olhos, um choro doloroso que parecia aliviar um pouco da carga pesada que carregava dentro de mim. Minha vózinha permaneceu ali, paciente e serena, segurando-me enquanto eu mergulhava naquele oceano de dor que havia se tornado minha realidade recente. Eu não sabia como poderia continuar sem aquela pessoa que preenchia cada canto vazio do meu coração. Mas ali ela estava, ciente das palavras e dos abraços reconfortantes. Nossos olhares se encontraram em meio àquele instantâneo encontro silencioso. Ali estava o amor incondicional encarnado em apenas uma pessoa, emanando bem-estar e compreensão através daquele abraço afetuoso. Eu percebi que não precisava enfrentar essa tempestade sozinha; eu tinha todo o apoio de minha vózinha ao meu lado.

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