Prólogo 

—- Vejo que você tem muito mais de mim do que eu penso. - Atendo ainda ofegante, já que estava no meu momento de prazer. 

Mas meu humor muda e meu maxilar trinca ao reconhecer aquela voz.  Mesmo estando um bom tempo sem nos  falarmos. Sabia de quem se tratava. 

O falecido tem tentado uma aproximação, mas tenho o ignorado, minha mãe diz que ele sofreu muito assim como a gente, que o que ele fez no passado foi preciso. Hoje sabendo da grandeza do seu poder, eu até entendo, mas ainda não aceito, acho que ele poderia ter feito diferente. 

—- A única coisa que tenho de você é o branco dos meus olhos, de resto é exclusivamente da minha pessoa mesmo - Digo num tom irônico e escuto seu riso sarcástico do outro lado da linha 

— Adoro o seu humor … bom desculpa atrapalhar seu sábado, mas preciso de um favor e só confio em você. - suas palavras saem naturalmente, como se fossemos ótimos amigos. 

—- Você deve ter esquecido de tomar seu remédio só pode , eu nunca vou fazer nada para você - rosnei o final, com a voz cortante. 

Penso em desligar mas congelo com suas próximas palavras..

—- Mesmo se for algo relacionado a sua marrentinha e ao delegado da cidade -  Se referi a Angelina, a minha amiga-irmã, da mesma forma que a chamo, porém o que me faz ficar sem ação é ele mencionar aquele desgraçado do delegado, que por sinal é padrasto da minha amiga. 

Ele sabe que eu não desliguei, que ganhou minha atenção, pela respiração forte que solto e ele continua.

—- O namoradinho da mãe da sua protegida está me devendo , e como ele é o padrasto dela, pensei que você poderia me ajudar, nada de mais só ficar se olho nele. Estou com umas entregas grandes esta semana e estou sem HOMENS para ficar de olho nele, é só por alguns dias. - pedi sem rodeios, e ainda fala sobre as coisas que faz, como se fosse algo natural. 

Minha intuição dizia que tinha algo a mais, ele não falaria da Angelina se não quisesse só minha ajuda. .

—- Você começou dizendo que era sobre a minha marrentinha , o que ela tem a vê com a porra da dívida do padrasto dela? - minha voz saiu mais ríspida agora .

— Bom eu tenho vigiado o Frederico há alguns dias e uma das observações que meu soldado fez, foi que ele sempre olha com uma certa malícia esta menina... sei que ela é importante para você meu filho, então não fique de olho apenas por mim e sim por ela. - meu sangue ferve ao ouvir suas palavras, afinal, eu e o Cris nunca gostamos daquele desgraçado, mas aí ele ser descarado a este ponto já é demais, falo que ficarei de olho e encerramos a conversa. 

Precisava voltar a relaxar mas do que nunca agora, e as gostosas que estavam na minha cama me ajudariam pelo menos por hora. 

Mas eu mal sabia que relaxar seria algo que eu não iria conseguir por muito tempo. Isso tudo era só o começo da sombra do meu passado que vem me perseguindo .  Esse pedido traria meu eu interior que eu nem sabia que existia afrorar, vir à tona, me tornando um ser : frio e cruel. 

Tudo isso estava só sendo o início dos testes que meu querido pai estava trazendo para mim. 

Porém eu mal sabia que não era só a Angelina que eu iria ajudar e sim a Ruiva que não sai dos meus pensamentos.  Mesmo que eu faça de tudo para afasta - lá, ainda assim na minha mente é sonhos não consigo mandar.

Ela sempre está lá.