Minha mente ficou em branco por um instante, sem saber o que fazer.
Quando percebi, empurrei Yuri com certo constrangimento e comecei a recolher as roupas espalhadas pelo chão, vestindo-as rapidamente.
— Ofina, espera. — Yuri apoiou o queixo na mão, com um sorriso de deboche. — Você achou que a gente era namorado e namorada?
A palavra "parceiros de cama" ecoava na minha mente e meus dedos tremiam, não conseguiam abotoar o sutiã.
Yuri desceu da cama, mostrando o torso forte e sensual. Aproximou-se de mim e, com destreza, fechou o fecho para mim.
Minha loba interior chorava de dor.
Esse gesto íntimo só me causava ainda mais sofrimento.
Abaixei a cabeça e, com um sorriso amargo, perguntei:
— Quem é sua pretendente? Seu pai Alfa escolheu aleatoriamente uma garota em idade de casar para você?
Meu corpo ainda exibia marcas de beijos, as pernas estavam doloridas.
Yuri vestiu apenas uma calça jeans, me abraçou por trás e apoiou a cabeça no meu ombro.
— É a Lucia. — Os olhos verdes e profundos dele se semicerraram, enquanto explicava:— Aquela misteriosa da faculdade, que todo mundo secretamente admirava, a Lucia. Pode acreditar, só de pensar que vou encontrá-la, já fico nervoso.
Minha mão, que penteava os cabelos, parou de repente. É claro que eu lembrava de Lucia.
Yuri tinha uma queda por ela, mas antes que pudesse se declarar, Lucia foi estudar numa escola do território neutro.
Achei que Yuri já a tivesse esquecido...
Yuri me olhou e mordeu levemente os lábios:
— Ofina, por favor, não vá pensar que tenho algum sentimento especial por você. Crescemos juntos, você é realmente bonita e sexy, mas sempre te considerei minha melhor amiga. Ninguém combina melhor comigo na cama, você é minha melhor parceira de cama.
Senti como se tivesse sido atingida por um raio; meu corpo ficou rígido.
Olhei para o sorriso de Yuri, forcei um sorriso de volta, fingindo que também estava apenas brincando, como se não me importasse com a história da pretendente.
E ele continuou.
— Além disso, até consigo adivinhar a cor da sua lingerie, não tem mais graça.
— Às vezes, acordo de madrugada, olho para você dormindo do meu lado e até sinto medo. Medo de meu pai me obrigar a casar com você. Consegue imaginar viver assim a vida toda? Eu morreria de tédio!
Ao terminar, ele balançou a cabeça vigorosamente, como se precisasse se livrar do futuro em que estaríamos juntos.
Fitei o chão, piscando rapidamente.
"Não chore. Agora não. Aqui não. Na frente dele, não." eu pensei.
Engoli toda a raiva, vergonha e coração partido, obrigando-me a manter o tom de voz calmo.
— Tenho coisas para fazer, preciso ir.
E assim, fugi apressada.
Sempre achei que eu e Yuri tínhamos um relacionamento amoroso.
Afinal, nós fazíamos tudo que casais fazem:
Comíamos juntos, viajávamos, celebrávamos cada data importante.
Yuri me beijava apaixonadamente quando os amigos incentivavam.
Ele me buscava e levava ao trabalho nos dias de chuva.
E, durante os jantares das nossas famílias, segurava minha mão debaixo da mesa, em segredo.
Só agora percebi que, para Yuri, o que eu achava ser amor, não passava de uma distração para matar o tédio...
— Ofina?
Minha mãe bateu na janela do carro, olhando para dentro com preocupação.
Acordei imediatamente.
Ao sentir as lágrimas no rosto, enxuguei-as apressada, recuperei a compostura e só então desci do carro.
— Mamãe! — Não queria que ela visse meus olhos inchados, então a abracei e sorri: — Estava com saudade de você.
Minha mãe acariciou minhas costas, aliviada.
— Por que ficou sozinha no carro sem entrar em casa? Quase me assustou...
Não respondi.
Minha mãe, de repente, lembrou de algo e continuou:
— Ah, Ofina, daqui a pouco a pretendente do Yuri vai chegar, Alfa e Luna estão levando tudo a sério, e Yuri se preparou bastante. Ele disse que talvez a menina se sinta constrangida, e com outra garota por perto, ela se sentirá mais à vontade, então Yuri pediu que você também viesse...
Minha mãe hesitou, parecendo incomodada.
Assenti levemente, forçando um tom animado:
— Fica tranquila, mamãe, vou fazer a garota se sentir à vontade. Não confia na minha conversa?
Minha mãe suspirou e afagou meus cabelos com carinho.
Ela sempre soube do que eu sentia por Yuri.
Afinal, eu deixava nossas fotos à mostra, bem ao lado da cama.
Guardava cuidadosamente todos os presentes que ele me dava, não deixava ninguém tocar.
E tinha uma caixa cheia de cartas que escrevi para Yuri, mas nunca entreguei.
Meu sentimento por ele nunca foi segredo.
Caminhei ao lado de minha mãe, então sugeri de repente:
— No mês que vem, papai vai deixar o cargo de Beta, né? Vamos morar em outro lugar, mais distante?
Minha mãe ficou surpresa. Segurei seu braço e insisti, manhosa:
— Você e papai nunca saíram de Alma da Selva, né? Sei que sempre quiseram viver num lugar com clima melhor. Agora terão tempo, que tal irmos juntos conhecer as belezas de outros lugares? Só quero estar ao lado de vocês, já fico feliz assim.