2 |Lugar sublime|

Khalil Mustafá Furak

SEGURO AS hastes do meu camelo. Não nasci homem para tolerar pecadores imundos, criminosos que não seguem uma linha reta e desonram a imagem de seu soberano, devem morrer pela ponta da espada mais venenosa e se não for o caso, de uma tortura brutal. 

— Rayiys Mustafá, ele violou mais de quinze crianças no deserto, nem uma das meninas tinham pelos nas partes... E ainda brincavam de boneca. 

Um flashback de Layla e Lyla mortas, meus olhos mirando com gana aquela cena que tive que presenciar.

— A mãe e a irmã do onagro? 

— A mamãe de Omar teve o ventre triturado, a irmã foi estuprada durante três dias e três noites. Qual é a pena final do pecante?

Posso sentir as aves de rapina voando pelo deserto, consigo sentir o pelo macio do meu camelo. Aperto a mandíbula, meu camelo arrasta as patas soltando suas blateras (Som que o animal emite) com furor. Meus malfeitores estão bem armados, o hediondo Omar, continua com os olhos vidrados na areia escaldante. 

— Leve-o até os homens das tribos de Jidá, quero que todos eles abusem o rabo desse muquazaz por quinze dias! Sem parar, sem deixá-lo descansar, depois tragam ele a mim, acabada e esfolada, vou matá-lo com a pior tortura do deserto, no final terá uma surpresa. Por agora, apenas açoitem ele até a carne virar líquido viscoso. 

HORAS DEPOIS:

A água fervente está na temperatura mais alta, gosto de ver minhas moças nuas andando e regando as flores. Cabelos longos que batem no traseiro, pelos na boceta que me deixa efusivo de fervor. Na água quente, Jamile geme enquanto rebola sua vagina no meu pau, sua xota está inteiramente molhada e ardendo. Seguro seu pescoço por trás, mantendo meu olhar frio na sua feição de desejo e dor, ela até tenta concentrar os seus olhos castanhos nos meus, mas não consegue. Arranha meus bíceps sentindo a dor a cada vez que ela pula, está tremendo se regozijando... E quando tem um orgasmo no meu caralho cai sem fôlego no meu colo. 

Ela me olha finalmente depois de alguns minutos sem saber se pode falar ou não, permito apenas com um olhar. 

— Meu senhor, não sei se devo lhe dizer... 

— Diga. 

— Aisha, ela me ameaçou. — Ergo apenas uma sobrancelha. 

— Por que ela faria isso?

— A senhorita Aisha tem muito ciúmes, qualquer moça que deite com você mais de duas vezes ela ameaça. 

Aliso os mamilos de Jamile olhando-a nos olhos. Não posso acreditar. 

Me aproximo do quarto da minha esposa, as cinco amigas dela estão reunidas sorrindo para ela e suas joias no espelho. 

— Aisha. 

Digo com voz possante só o seu nome. Ela me olha com os lábios vermelhos em um sorriso, faz um sinal para as amigas. As cinco beijam a mão dela e faz uma reverência há mim antes de saírem.

A barriga de Aisha de sete meses está enorme, ela alisa a barriga e se levanta arrumando o véu dourado. Esta toda de dourado, minha cor favorita. 

— Amor? 

Ela fala com voz doce, se atreve a alisar minha barba. 

— Eu, eu fui em uma vidente hoje. Claro que acompanhada do meu baba. 

Não digo nada, vidente? Odeio essas mentirosas. Ela volta a tagarelar com medo acariciando minha barba. 

— Ela disse que eu tenho chances de estar grávida de um menino, você teve duas filhas mulheres que não estão mais com você infelizmente, mas seu sonho é ter um menino. Eu sei que vou lhe dar um. 

Seguro seu braço com toda força que carrego nos punhos e seguro-a pelos cabelos, trincando meus dentes a cada palavra:

— Esqueceu? Eu sou o autocrata dessa porra, você me serve na cama, nos cortejos e cerimônias, nada mais que isso! Volte a ameaçar minhas moças e perca tudo que conquistou comigo! Agora tire a droga dessa roupa e essas joias. 

Solto seu braço com um empurrão e viro as costas, arrumo a gola da minha roupa e bato a porta ao sair.

Não escuto a televisão do meu quarto, giro meu copo de jellab (uma mistura de melaço de uva e água de rosas, com coberturas opcionais de pinhões e passas) olhando friamente para o chão enquanto estou sentado na minha poltrona, a porta da varanda está aberta o vento balança as cortinas da forma que eu gosto. Estou apenas com as calças. Minhas filhas eram o sinônimo da minha riqueza. Olho para o meu quarto tentando afastar Layla e Lyla da minha cabeça, odeio ter que pensar nelas. Isso para mim é sinal de fraqueza e fraco eu não sou porra nenhuma!

Linya, minha ex-esposa me dera duas filhas gêmeas, que eu acabei amando e perdi. Não fui para o enterro das duas, foi descoberto que o carro onde Layla e Lyla estavam foram sabotados, elas foram assassinadas e eu nunca encontrei o homicida! 

Para afastar Layla e Lyla acabo pensando na menina que me deixa enfeitiçado, Anna... Anos que eu não a vejo, mas sei onde ela está e cada passo que ela dá. Meus pensamentos profanos com ela, logo se tornarão pura realidade, não chego ter pena dela por isso. 

Visto minha burca branca, arrumo meus cabelos e coloco meus anéis e o relógio. Ligo para Jamal, já é tarde e quero saber se minha reserva com Iasmim já foi autenticada, aliás me tornei sócio da casa de luxo. 

— Rayiys, Mustafá o que deseja? 

— Yasmim. 

— Ela está se preparando. 

— Quero-a pronta assim que parar meu carro em frente ao prostibulo! 

Desligo, saio de casa e entro no meu jaguar, meu tempo é longo essa noite. 

AGORA:

O céu escuro é minha melhor paisagem, paro o carro na frente do prostibulo. Olho a rua tamborilando os dedos no volante, três minutos e nada de Iasmim, saio do carro batendo a porta. O prostibulo em  noite de festa, sem mais nem menos entro no lugar sublime.

***

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