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Capítulo 3 — "Você é minha, Lianna. Sempre foi. Nunca teve opção."

POV Lianna

O relógio marca duas da manhã.

Estou deitada na cama, ainda com a cena do hospital, que não sai da minha cabeça. Zayden e Camille, rindo como cúmplices, as mãos dele firmes na cintura dela. O jeito que ele a olhou, como se ela fosse o centro do universo.

Ao  chegar em casa, subi com dificuldade, tomei banho, me maquiei e coloquei uma lingerie para tentar enxergar o problema em mim, já que o meu marido foi atrás de outra mulher. Fiquei horas na frente do espelho até começar a chorar sem parar, me sentindo inferior a qualquer mulher. 

Tento dormir, mas cada vez que fecho os olhos, é como se as palavras da minha irmã e o cuidado do meu marido com ela ficassem se repetindo e brilhando cada vez mais  na minha mente.

E então, o som. A porta da frente se abre.

Ele chegou.

Meus músculos ficam tensos. Quero me esconder, quero desaparecer, mas minhas pernas não obedecem. Fico imóvel, como presa que já sabe do predador.

O ranger dos sapatos no piso de mármore, o tilintar das chaves sobre a mesa. O som da gravata sendo arrancada às pressas. Um copo batendo contra a bancada. Passos firmes subindo a escada.

O coração dispara.

A maçaneta gira e a porta se abre.

Ele surge. Zayden Cross.

Alto, imponente, o cheiro de uísque se mistura ao perfume caro que sempre usou para me seduzir. O paletó jogado de qualquer jeito sobre o ombro, a camisa meio aberta, revelando o peito. O olhar dele percorreu meu corpo estendido sobre a cama, a lingerie preta, a maquiagem borrada, os cabelos soltos.

Um sorriso surge em seus lábios. Aquele sorriso que sempre foi minha fraqueza.

— Lianna… — ele sussurra, rouco, fechando a porta atrás de si. — Você está linda.

Meu corpo se retrai, mas ele não percebe. Ou talvez perceba e não se importe.

Ele se aproxima devagar, os olhos escuros queimando desejo.

— Você me esperou assim? — desliza os dedos pelo meu braço, pela curva do meu quadril. — Deus, você não faz ideia do quanto eu te quero agora.

Antes que eu processe, já está em cima de mim.

Os lábios tomam os meus num beijo faminto, como se nada tivesse acontecido. Suas mãos deslizam pela minha cintura, apertando minha pele. O peso do seu corpo me prende contra o colchão. Minhas forças estão quebradas. As mãos exploram, apertam, acariciam. Ele murmura elogios ao meu ouvido.

— Minha esposa… a mulher mais bonita dessa cidade… só minha.

E por um instante, eu quase acredito. Por um instante, me deixo levar pela familiaridade do toque, pelo calor que ele sempre soube despertar. É uma prisão viciante.

Mas então fecho os olhos.

E sinto.

O perfume. Não o meu. Não o dele.

Um cheiro doce, floral, intruso. Camille.

E a imagem do hospital me invade como uma faca girando na ferida: ele rindo com ela, tocando-a, como agora me toca.

Meu corpo congela.

— Para. — minha voz sai baixa, mas firme. — Para, Zayden.

Ele recua apenas o suficiente para me olhar, os olhos semicerrados pela excitação. — O quê? — Ele ainda insiste, colando sua boca em meu pescoço. — Lianna, eu preciso de você…

Empurro o peito dele com as mãos, respirando fundo. — Eu disse para parar.

Ele se afasta meio incrédulo, ainda semi nu, o cinto solto, a camisa aberta. O olhar dele se estreita.

— Do que você está falando?

Eu engulo em seco, mas a coragem vem junto com a dor.

— Eu vi. — minha voz falha, mas eu repito, mais firme. — Eu vi você, Zayden. No hospital. Com a Camille.

O rosto dele muda. Primeiro surpresa, depois frieza. Ele se ajeita, passa a mão nos cabelos. Ri, um riso cínico.

— Você está imaginando coisas.

— Não estou imaginando nada! — minha voz explode, carregada de lágrimas. Eu me levanto da cama, ainda com a lingerie, e pego o lençol e o enrolo no meu corpo. — Eu sofri um acidente, e você passou a noite toda com ela...

— Ela se machucou, eu só a ajudei... E você? Tá aí, inteirinha, não tá? — Ele passa a mão pelo cabelo. O riso amargo escapa da minha boca. Ajuda. Essa palavra nojenta que ele usa para tudo que não quer explicar.

— Ajuda? Você chama segurar minha irmã como se fosse sua amante de ajuda? Quer que eu acredite nisso?

Me afasto da cama, tremendo, o lençol ainda preso ao corpo. Vou até a cômoda, pego o celular e abro a galeria. Mostro as fotos que tirei, minhas mãos vacilantes mas firmes o suficiente para registrar a traição.

Zayden olha. Os olhos se estreitam. A mandíbula trava. Mas não há arrependimento.

Só arrogância.

— Isso não significa nada.

Meu sangue ferve.

— Não significa nada?! É a minha irmã! É o meu casamento! Você me jogou no lixo como se eu fosse descartável!

Minha voz ecoa pelas paredes. O peito arde, a garganta queima. O lençol escorrega, revelando parte da lingerie. Mas eu não me importo. A humilhação já é maior do que qualquer vergonha.

Ele dá dois passos na minha direção, o olhar sombrio.

— Baixe a voz. Você está se exaltando sem motivo.

Rio nervosa, descontrolada.

— Sem motivo?! Você me trai, me expõe, e ainda ousa me calar? Eu não vou mais fingir, Zayden!

E então acontece.

Ele me segura pelo braço com força, os dedos cravando na minha pele. Tento soltar, mas o aperto aumenta.

— Você não vai sair gritando pela casa feito uma louca.

A raiva me domina. Com a outra mão, acerto seu peito, empurrando.

— Me solta!

Ele perde a paciência. Um tapa estala contra o meu rosto, rápido, forte. A cabeça gira com o impacto, o gosto metálico do sangue inunda minha boca.

Silêncio.

Meu coração despenca. O mundo parece parar.

Olho para ele, incrédula, a pele ardendo. Nos olhos dele, não há remorso. Só frieza. Uma sombra de poder, de posse.

— Você é minha, Lianna. Sempre foi. Nunca teve opção.

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