POV de Terceira PessoaMais tarde naquela noite, Irene estava encolhida no sofá, olhando para o celular. Ethan tinha prometido que ligaria às 20h, mas já eram 21h30. Ela havia tentado ligar para ele cerca de meia hora atrás, mas ele não atendeu. Ela também lhe enviou mensagens de texto, mas as mensagens não foram lidas.Ele nunca tinha desaparecido assim antes e ela não sabia o que fazer. Seu estômago estava em um nó apertado e ela não conseguia evitar a sensação ruim que tinha no peito. Ela gostaria de ter alguém com quem conversar, mas não tinha nenhum amigo de verdade. Ela tinha algumas garotas com quem saía por vezes, mas Irene era inteligente o suficiente para saber quando estava sendo usada. A maioria delas só queria sair com ela por causa de sua posição de filha de Gavin Landry, ou para tirar algo dela ou para se aproximar de seu pai.A amiga mais próxima que ela tinha no momento era Judy, mas ela não tinha o número dela. Ela nem mesmo tinha certeza se Judy gostaria de ser sua a
— Por que está perguntando? — Ele rebateu, e seus olhos se estreitaram na direção dela.Ela puxou o lábio inferior para dentro da boca e o mordiscou gentilmente enquanto pensava em como responder à pergunta dele.Para ser sincera, ela não sabia bem por que queria saber. Talvez para provar que o vínculo de companheiro não importa. Ela não era a companheira de Ethan, mas se algum deles encontrasse seus companheiros, será que ainda quereriam ficar juntos, ou escolheriam automaticamente seus companheiros? O pensamento aterrorizava Irene e ela estaria mentindo se dissesse que não estava preocupada com a possibilidade de Ethan um dia encontrar seu companheiro e depois a deixar.Ela queria saber se o vínculo de companheirismo poderia ser combatido. Se alguém tão forte e poderoso como Gavin Landry não podia lutar contra o vínculo de companheirismo, haveria alguma esperança para os outros?— Acho que estou apenas tentando descobrir como funciona o vínculo de companheirismo. — Murmurou ela, puxa
POV de JudyA casa estava silenciosa quando voltei para casa depois de jantar na casa de Gavin. Estava sempre silenciosa nesses dias.A casa parecia tão vazia, com minha mãe trancada em seu quarto, sem emitir um único som. Coloquei meu casaco no gancho e subi as escadas. Parei em frente à porta do quarto dela, que ficava no final do corredor do meu quarto. Não havia luz acesa e eu nem tinha certeza se ela estaria acordada, mas eu precisava a ver para ter certeza de que ela estava bem.Peguei a maçaneta e a girei, empurrando a porta devagar. A porta rangeu ao se mover, e eu estremeci ao ver como o ambiente estava escuro e com mau cheiro. Era evidente que ela não se saía da cama há muito tempo.Respirando fundo, acendi a luz do quarto escuro e entrei.— Mamãe? — Perguntei, olhando ao redor da bagunça do quarto. Meus olhos pousaram em seu corpo na cama e meu peito apertou ainda mais.Entrei em pânico e corri em direção à cama, sem saber se ela estava respirando ou não. Coloquei minha mão
POV da Vista de Judy— Eu a conheço há muito tempo, Judy. Você não pode me mentir.— O que você espera que eu diga, Ethan? Que eu não estou bem? Que minha mãe está deprimida e mal come? Não era isso que você queria? Me ver sofrendo? Então, por que está agindo como se importasse agora, se nós dois sabemos que não é verdade?— Judy! — Minha mãe gritou da porta, seus olhos grandes e atentos. — Como você ousa falar assim com ele?— Mãe...— Ele vai ser o nosso Alfa e merece nosso respeito! — Minha mãe continuou a repreender.— Não faz mal, Sra. Montague. Que tal a senhora ir se sentar no sofá? Vou preparar seu jantar. — Ofereceu Ethan.Minha mãe sorriu para ele, o primeiro sorriso que eu tinha visto dela em algum tempo. Ethan sempre conseguia despertar isso nela.— Que atencioso da sua parte, Ethan. — Disse ela com voz doce. — Obrigada.Ela me deu outra olhada antes de sair da cozinha. Me virei e o encarei.— O que você está fazendo? — Perguntei com meu tom seco.— Não importa o que você p
POV da Vista de Judy— Retribuir o favor? — Perguntei, sentindo meu coração despencar no peito. — Do que você está falando? Ele pigarreou e endireitou a postura; a expressão suave que ele mantinha durante o dia inteiro desapareceu completamente, e agora ele me lançou um olhar frio que fez um arrepio correr pela minha espinha. Instintivamente, dei um passo para trás, não querendo ficar perto dele. — Você sabe exatamente do que estou falando, Judy. — Disse ele, com as sobrancelhas franzidas na minha direção. — Eu quero que você seja minha mulher em segredo. Faça o que eu pedir, e eu vou garantir que sua mãe fique bem e que seu pai volte para casa até o final da noite. Meu coração estava sangrando pelo homem que eu um dia amei mais do que qualquer coisa neste mundo. Em um ponto, eu teria feito qualquer coisa por ele. Agora, enquanto o encarava, só via um estranho me olhando de volta. Seus olhos estavam frios e desconhecidos; seus lábios estavam apertados em uma linha fina enquanto
Mas, em vez de atender a ligação, ele enfiou o celular de volta no bolso, deixando-o tocar até parar. Logo o toque cessou, e minha expressão se fechou ainda mais.— Por que você continua ignorando essa pessoa? — Perguntei.— Isso não é da sua conta. — Murmurou, com os olhos escuros.Então, uma ideia me atravessou a mente, e senti meu corpo congelar.— Era a Irene? — Perguntei. — Foi ela que tentou falar com você, Ethan?— Como eu disse, não é da sua conta. — Repetiu, mais devagar.Percebi que tinha acertado. Era Irene. Lembrei que ela tinha comentado mais cedo que o Ethan estava ocupado com uma reunião e ficou chateada por não conseguir vê-lo naquela noite. Ele estava ignorando as ligações dela o tempo todo porque estava aqui… comigo?Ele já estava me transformando na outra mulher, e eu nem sequer tinha concordado em ser amante dele. Meu estômago se revirou.— É melhor você ir. — Falei, cruzando os braços e virando de costas pra ele. — Não quer deixar sua preciosa Irene esperando. Vai
POV da Vista de Judy— Aquele idiota! — Exclamou Nan, enquanto estávamos na fila do café do campus, esperando para fazer nossos pedidos. — Não acredito que ele teve coragem de fazer isso com você ontem à noite. E envolver sua mãe??Era a manhã seguinte depois que Ethan veio me ver, e eu acabara de contar a Nan sobre o que tinha acontecido. Eu ainda estava em choque com a ousadia de Ethan de aparecer na minha casa e usar minha mãe como chantagem, como se eu tivesse que aceitar ser amante dele em troca. Eu me senti enojada com isso, mas também um pouco culpada. Sentia pena da Irene; ela não merecia ser tratada daquela forma, mesmo sem saber de nada.— Eu mandei ele embora. — Concluí a história e dei de ombros de desprezo.— O que posso trazer para vocês hoje? — Perguntou a barista, Nicole. Nicole estava em algumas das minhas aulas e era uma boa lutadora. Já tinha treinado com ela algumas vezes. Ela trabalhava no café a cada dois dias e sempre preparava minhas bebidas perfeitamente.— Só
— Pense o que quiser. — Murmurei. — Não preciso provar nada pra você.— Talvez vocês devessem se preocupar com suas próprias vidas. — Disse Nan, cruzando os braços.— Esquece isso, Nan. — Falei, balançando a cabeça. — Vou pra aula. Te vejo depois.Nem esperei resposta, só fui embora.Até a aula estava estranha; todo mundo me olhava e cochichava. A professora também me observava com um olhar diferente enquanto entregava as tarefas, e franzi a testa ao olhar para o papel.Era impressão minha ou a fonte estava diferente?Olhei para a garota ao meu lado e percebi que o papel dela parecia normal.— Posso ver o seu rapidinho? — Perguntei.Ela franziu a testa, mas assentiu e me entregou. A formatação estava diferente mesmo — as palavras no meu papel eram menores.— Valeu. — Murmurei, devolvendo a folha.Passamos a aula fazendo os exercícios, e, ao sair, a professora me chamou:— Você foi muito bem hoje, Judy.Ela falou devagar, como se estivesse falando com uma criança.Franzi a testa.— Ah..