Nos meses seguintes, Gabriel mergulhou em uma busca frenética por Marília.
Visitou sua cidade natal. Falou com seus antigos professores, colegas, vizinhos…
Tentava desesperadamente encontrar qualquer pista sobre ela.
E, pela primeira vez, começou a realmente conhecê-la.
Descobriu que ela cresceu sem pai, abandonada quando ainda era uma criança.
Sempre teve uma terrível falta de segurança.
E por nunca ter recebido amor, aprendeu a agradar os outros para ser aceita.
Seu silêncio, sua paciência, sua tolerância…
Nunca foram por amor.
Foram porque a vida já tinha sido cruel demais com ela.
Ela simplesmente aprendeu a suportar.
Mas, apesar de tudo, Marília sempre foi bondosa.
Depois que se casaram, fazia doações mensais para o orfanato.
E ainda reservava tempo toda semana para trabalhar como voluntária.
As crianças a adoravam.
Quando foi ao orfanato, ouviu uma menina dizer, sorrindo enquanto pintava:
— A irmã Marília ama azul! Porque é a cor do mar! Ela disse que gosta do oceano, porque o oc