Quando entrei no escritório do Alfa companheiro, ele estava abraçando minha meia-irmã e a beijando com intensidade.
Eles não se viam há sete anos, e se entregavam naquele beijo como se nada mais existisse.
Lucas estava de costas para a porta, Isabella sentava-se em seu colo, e, como esperado, havia na mesa um frasco do remédio que bloqueava temporariamente o vínculo de companheiro.
Ouvi Lucas falar com uma doçura inédita: — Esperei por você sete anos, finalmente voltou para mim.
Isabella me olhou com os olhos semicerrados, cheios de desprezo.
Encarei o olhar dela e, antes que Lucas percebesse minha presença, saí dali humilhada.
Imaginei que ela se regozijava por ter tomado tudo de mim.
Não só meu pai, mas agora também meu companheiro.
Minha cabeça latejava, e o assistente de Lucas continuava tagarelando ao meu lado.
— Já te avisei, a namorada do Alfa está lá dentro. Que pessoa grossa você é para entrar assim sem avisar!
Estive com Lucas por sete anos. Saí da Alcateia Siqueira e fui até uma cidade distante para lhe fazer uma surpresa.
Mas descobri que sua "namorada" esteve nos últimos dois meses junto dele, no mesmo escritório provisório durante uma viagem de trabalho.
Apertei com força o relatório em minhas mãos, minha loba soltou um uivo baixo de dor pela traição.
"Querido, hoje é meu aniversário, mas tenho um presente para você! Estou grávida do nosso segundo filho!"
Essas eram as frases que repeti várias vezes em minha mente antes de chegar ali.
Agora, percebia que não serviam para nada.
Desde que nos tornamos companheiros, Lucas só fazia amor comigo quando era necessário, mas nunca me beijava.
Parecia uma espécie de maldição.
Eu sabia que aquilo era a forma dele proteger Isabella.
Mas éramos companheiros destinados, que lobo rejeita sua companheira destinada?
Durante sete anos, acreditei nisso, até que Isabella voltou de repente.
Alguns meses atrás, meu pai comentou que ela havia rompido com seu companheiro. Devia ter sabido que esse momento chegaria.
Afinal, Lucas a amou por tantos anos.
Joguei o relatório no lixo na entrada, perguntei à babá o endereço da nova casa e, ao entrar, me joguei na cama do quarto de hóspedes, chorando sem parar.
Não sei quando adormeci. Quando acordei, meu filho Gaspar Siqueira já estava em casa.
Lavei o rosto, tentando parecer que nada havia acontecido.
Com um sorriso, entrei no quarto de Gaspar, que estava concentrado em alguma coisa na mesa.
Juntei forças e tentei dar um grande abraço nele: — Ficou com saudades da mamãe nesses dois meses viajando com o papai? Meu lobinho mais fofo!
Gaspar franziu a testa, afastou-me impaciente e protegeu o que tinha nas mãos como um tesouro: — Não encosta em mim, mamãe. Tô fazendo algo muito importante!
Olhei para baixo: ele enfiava cuidadosamente um cristal rosa em uma corrente delicada.
Sem receber um só parabéns desde o início do dia, quase me emocionei. Estava prestes a falar, quando ele, animado, exclamou: — A Isabella vai adorar rosa! Não é igual ao presente que o papai encomendou para ela, mas foi feito por mim!
Meu coração apertou e não soube o que dizer.
— Sai daí, mamãe, você está bloqueando a luz.
Levantei a cabeça, tentando não deixar as lágrimas caírem de novo.
— Gaspar, se eu e seu pai rompessemos o vínculo de companheiros, com quem você ficaria?
— Ah? — Ele franziu as sobrancelhas, claramente sem entender nada. — Mamãe, você pode sair? Você me fez errar uma miçanga!
Respirei fundo algumas vezes, virei as costas e, ao sair, cruzei com a babá trazendo um copo de leite.
Quando subi, ouvi a conversa entre a babá e Gaspar.
— Gaspar, a Luna Clara pegou um avião por horas só para te ver. Por que não tenta dar um abraço na mamãe?
A voz dele foi ainda mais fria do que antes.
— Ela veio só para estragar meu passeio amanhã com a Isabella! É culpa dela! Por que a mamãe sempre tem que ficar atrás de mim? E aquelas ligações chatas dela todo dia!
— Se a Isabella fosse minha mãe seria muito melhor! Ela é tão gentil, sempre brinca comigo, me dá coisas gostosas... Não tem nada a ver com a minha mãe irritante!
— Se a mamãe desaparecesse, a Isabella podia ser minha mãe!
Ao ouvir as palavras de Gaspar, quase vomitei de tristeza.
Descobri que tudo que fiz por ele não valia nada diante da "gentileza" da Isabella.
Se era assim, não queria mais nenhum dos dois.