Rocco, Doce Obsessão
Rocco, Doce Obsessão
Por: aut.ingridmarcela
1 | Capítulo

Afrodite Ribeiro

Fecho meus olhos sentindo a música fazer o meu corpo vibrar, danço sensualmente jogando o meu quadril de um lado para o outro sentindo cada batida da música fazer o meu coração acelerar.

Sinto uma mão me puxar com força fazendo minhas costas baterem contra um peitoral musculoso, abro meus olhos rapidamente e vejo um moreno lindo.

Poxa logo hoje essa beldade aparece. Me afasto deixando bem claro que não estou afim, graças a Deus ele entende o meu recado e se afasta.

— Não acredito. — Kiara exclamou irritada — Você realmente dispensou aquele homem?

Reviro meus olhos e dou de ombros movimentando meus quadris de um lado para o outro, jogando os braços pra cima e dando uma rebolada lenta, mas ao olhar para Kiara novamente vejo seu olhar de raiva sobre mim.

— O meu adjetivo de diversão é diferente do seu, Kiara. — Falo e lhe dou uma piscada.

Eu e Kiara crescemos juntas, ela nasceu no dia 23 de junho às 23:58 e eu nasci no dia 24 de junho às 00:02. Nos conhecemos na escola e quando vimos a coincidência incrível não nos desgrudamos mais, fazendo até nossos pais virarem melhores amigos.

E foi assim que durante 23 anos nós comemoramos o nosso aniversário juntos, a festa começava no dia 23 à noite e durava até o dia 24 de noite, fazendo de dois aniversários 1 só.

A única vez que nós duas comemoramos aniversário separadas foi no de 15 anos e mesmo assim nós duas odiamos porque parecia que algo estava faltando, sabe? Então desde então todos os aniversários são comemorados juntos e em hipótese alguma mudamos algo, mas se tem uma coisa que é diferente em nós duas além da nossa aparência é a nossa personalidade.

Kiara é inimiga do fim, ama uma noitada e quanto mais ela beber e beijar fica melhor. Já eu, sou totalmente o oposto, amo um cinema, amo um bom livro ou até mesmo um filme no meu sofá com direito a pipoca e um hambúrguer suculento. Kiara é a mais calma, vive em uma paz absoluta, muito difícil estressar ela, já eu sou uma bomba atômica.

— Amiga, você tem 23 anos e nunca transou, se continuar assim vai ficar pra titia. — Reviro meus olhos.

— Deixa que quando eu morrer, a terra vai comer. — Falo e me viro dançando de costas pra ela, Kiara me abraça por trás segurando minha cintura começando a dançar comigo.

— Ok, me desculpe! — Ela fala e eu assinto colocando minha mão na dela, dançando loucamente.

*****

Saio da balada e quando olho para o céu meus olhos ardem com a claridade, me viro vendo a Kiara colocar o óculos de sol e me entregar o outro óculos.

Coloco o óculos nos meus rosto e relaxo sentindo o sol queimar minha pele mas não o suficiente para fazer calor, pois está ventando bastante, suspiro e olho para o lado vendo Kiara olhar com desejo para um homem mais a frente, como eu sei onde isso vai dá entrelaço meus braços no dela e a puxo para mim.

— Nem fodendo Kiara, você saiu com aquele irlandês ontem! — Ela faz um bico engraçado.

— Ontem foi um orgasmo diferente, hoje pode ser outro. — Nego desacreditada.

— Não Kiara, vamos embora amanhã pela manhã, hoje você vai dormir, descansar e eu vou andar pela cidade o dia todo! —

— Que deprimente, você não transa e nem me deixa transar. — Reviro meus olhos.

— Eu não vou deixar você perder o vôo , só para gastar mais dinheiro! — Suspiro.

— Sua chata— Fala e bufa — Agora vamos entrar na primeira cafeteria que passamos na frente e tomar um bom café da manhã, preciso de comida.

— Ok, mas iremos ter uma conversa muito séria sobre sua vida amorosa— Kiara fala, sorrio.

— Quando você falar sobre a briga que você teve mais cedo com seus pais, nós falamos sobre isso!

Falo e na hora vejo seu olhar mudar, Kiara e eu vivemos uma grande luta desde que anunciamos para os nosso pais sobre o nosso intercâmbio, mamãe foi a loucura e foi logo procurando sobre os estados unidos, quando ela viu os atentados, os loucos entrando na escola armado e serial killer ela quase teve um infarto, papai conversou com ela a acalmando e depois veio conversar comigo.

Perguntou mil vezes se era realmente o que eu queria e aceitou minha escolha, me dando toda a força pagando metade do meu intercâmbio, papai também me ajudou enfrentando a fúria da mamãe junto comigo.

Uma fúria que na verdade era angústia por saber que eu estaria a quilômetros longe das suas asas e juntamente com a insegurança de um dia alguém roubar meus órgãos, mas me diz? Quem iria querer um coração partido como o meu?

Kiara foi um caso à parte, seus pais surtaram, esconderam todos seus documentos e fizeram um verdadeiro inferno na vida da minha amiga fazendo ela desistir, mas quando eles viram que estavam perdendo a filha com toda aquela super proteção eles a deixaram ir.

O que atrasou tudo para mim, já que eu tive que enrolar um pouco mais para ela poder fazer todo o processo dela, mas quando deu tudo certo eu fiquei aliviada, por finalmente saber que eu iria poder realizar meu sonho de conhecer outros horizontes junto com a minha melhor amiga.

Kiara que nem precisava da grana, pois era bem de vida, estava aliviada por finalmente ser livre, poder ser ela mesma e viver loucamente fazendo tudo o que não fazia estando perto dos pais no brasil.

Até ontem estava tudo bem, titia depois de dois anos já estava mais contida e o pai da Kiara já tinha sossegado, mas depois de mamãe sem querer soltar que o nosso próximo ponto era a Itália a coitada foi a loucura.

Eu acordei com os gritos da Karina com a mãe pelo telefone, e consegui escutar titia falando que se sonhasse que ela pisou o pé na Itália ela a deserdar deixando Kiara sem um real.

Eu trabalhei durante dois anos juntando cada dólar, já a minha amiga gastava como água pois tinha o dinheiro dos pais ali sempre para ela, coisa que eu não me dava a esse luxo.

— Você venceu minha Deusa! — A olhei bolada, vendo o fundo de ironia na sua voz.

Vi uma cafeteria linda, toda pintada de rosa com um croissant gigante no letreiro neon, sorri feliz sabendo que isso só podia ser um presságio de que tudo daria certo na nossa viagem para a Itália.

— Vamos entrar nessa?— Kiara pergunta lendo a minha mente.

— Sim! — Falo e ela abre um sorriso gigante.

Mudamos de calçada correndo pela rua gargalhando escutando um homem nos chamar de louca, ainda rindo, abri a porta da cafeteria me assustando ao sentir o clima pesado que está no ambiente.

Olho para o lado e sinto o meu coração bater mais forte ao ver um trio de homens tão lindo que parece até mentira, eles são verdadeiros Deuses grego.

Ao mesmo tempo, sinto vontade de rir ao vê-los de terno, todo social sentados em cadeiras em formato de cupcake e marshmallow, parece até cena de livro.

Desvio o meu olhar deles e me viro para sair correndo, mas vejo a minha amiga olhando para um deles com o olhar, a merda do olhar de quando está afim de alguém.

— Olá, sejam bem vindos! — Uma voz feminina fala e quando eu me viro novamente vejo uma menina com um uniforme super fofo, blusa rosa com o logo da empresa e uma calça cor chocolate soltinha parecendo bem confortável, sorrio. — Posso guiar vocês até uma mesa?

— Claro! — Falo quando na verdade quero sair correndo.

Ela nos guia até uma mesa e para a droga da minha infelicidade, ela nos colocou na mesa que fica bem em frente para eles, mas a merda maior foi que eu fiquei de frente para eles enquanto Kiara ficou de costas.

— Bom dia meninas, vejo que vinham de alguma festa e devem estar morrendo de fome. — Sorrio

— Você não faz ideia, eu estou faminta. — Falo e ela sorri.

— Aqui tem o gostinho da Itália, temos croissant quentinho que acabaram de sair e o nosso famoso chocolate quente, temos croissant doce e salgado. — Explica o cardápio.

— Eu quero um croissant de nutella, esse chocolate quente e algo salgado, mas como eu realmente não sei o que pedir, vou deixar que você me surpreenda. — Falo e vejo o seu sorriso de felicidade, essa mulher realmente ama o que faz ou seu salário deve ser ótimo para ter tanta felicidade a essa hora da manhã.

— Eu quero o mesmo que ela, confiamos completamente no seu gosto. — Kiara e eu sorrio concordando.

— Uns 10 minutos e eu trago o café de vocês.— Ela fala e se retira.

Sorrio e quando olho para a frente fico tensa ao perceber que um dos homens está olhando para nós desconfiado, com um olhar sério, desvio imediatamente o olhar e para disfarçar pego o meu celular, quando vejo uma mensagem do meu pai fico feliz da vida.

— Hum, deixe-me adivinhar. — Kiara falou chamando a minha atenção, sinto-me aliviada pelo homem já não está olhando mais para nossa mesa. — Titio com os seus bom dia super fofo e icônico?

Kiara fala em brasileiro e quero matar ela, quando vejo ela fala um pouco alto demais, juro que pude ver um dos caras abrindo um sorriso e soltando um ” brazilian” voltei minha atenção para Kiara.

— Você sabe que papai é o único que jamais nos julga e sempre apoia as nossas maluquices. —

— Seu pai é um querido, tô louca para vê ele e contar sobre a última aventura instigante da filha dele.

— Você não é doida Karina. — Falo.

Do nada uma mulher de cara fechada coloca dois pratos na nossa frente, sorri feliz quando vi o croissant super recheado com nutella saindo pelas beiradas e uma tortinha que parece deliciosa de brócolis, mas logo o encanto morre quando a mulher bufa e revira os olhos praticamente jogando a colher na mesa e sai andando.

A menina que nos recebeu fala algo com ela e ela sai marchando brava para fora da nossa visão.

— Que doida! — Kiara fala chocada, assim como eu.

— Me desculpe pela ignorância dela! — A menina mais simpática fala — Vamos se dizer que ela não está tendo um dia legal. — Explica.

— Sem problemas, super entendo. — Digo e ela sorri amigável.

— Bom já que vocês confiaram em mim eu trouxe a nossa famosa tortinha recheada de queijo e brócolis, eu espero que vocês gostem e aqui está o chocolate quente.

Sorri animada, antes que eu falasse algo a porta se abre e um grito estridente feminino dá para ser escutado assim que uma mulher linda, com longos cabelos loiros usando um labutam passa por nós se jogando nos braços de um dos homens, inconscientemente eu me vejo feliz por não ser o que estava nos encarando, desviei o olhar e peguei o meu copo provando o líquido e soltando um pequeno gemido.

— Isso aqui está divino! — Falo.

— Você fala isso porque ainda não provou o croissant. — Kiara diz com a boca toda suja de nutella.

— Oii Judith?

Olho para a mulher que estava agarrando o homem, agora parada na nossa frente nos olhando com um sorriso idêntico ao gato do desenho da Alice no país das maravilhas, sorri confusa.

— Meninas, essa é a dona disso tudo aqui! — A moça que eu descobri que se chama Judith fala com um sorriso fofo, a mulher a puxa a abraçando bem apertado.

— Nossa moça, seu estabelecimento além de fofo, só tem coisa gostosa— Kiara fala com a boca cheia, me fazendo rir.—

A mulher se senta na nossa frente com um sorriso gigante, coloca uma mecha de cabelo para trás me fazendo focar em sua unha perfeita e no cabelo lindo, sedoso e bem hidratado, bem diferente do meu.

Ela é perfeita, parece uma boneca de porcelana.

— Eu estou tão feliz que vocês aprovaram o chocolate quente, vocês são as primeiras clientes a tomar, meus familiares foram os únicos que tomaram e aprovaram me dando confiança para colocar no cardápio. — Fala tão empolgada, que eu acho fofo.

— Tenho certeza que vai bombar e todos vão querer. — Falo tomando outro gole.

— Vocês são as melhores clientes que eu já recebi, de onde vocês são meninas?

— Somos brasileiras e você?— Pergunto pois senti um sotaque diferente em seu americano.

— Na verdade eu nasci aqui, cresci e agora que casei fui para a Itália morar com meu marido.— Nossa, tão nova e já é casada?

— Sério?— Kiara pergunta chocada, provavelmente com a coincidência dela morar na Itália e nós estamos indo para lá. — Estamos indo para lá, é nossa próxima parada, nos conte sobre a cidade e as baladas.

Sorri vendo a empolgação da Kiara perguntando sobre a cidade e desviei o olhar, inconscientemente meus olhos foram parar no homem lindo que está calado, prestando atenção nos dois outros homens conversando bem sério e baixo.

Seu olhar parece distante e sua mandíbula marcada dá um ar muito sensual e marcante,

— Amor, qual o nome daquela ilha que eu amo?— A moça pergunta se virando para trás fazendo os três homens a olharem.

— Arquipélago de Maddalena, principessa— O homem fala sério, mas com um tom de carinho bem grande em sua voz.

— Obrigada gatinho! — Ela fala mandando beijo pra ele, sorrio e olho novamente para o homem vendo que ele está me encarando. Merda. — Meninas, desculpe minha ignorância, esse é o meu marido Alessandro e aqueles são os irmãos dele!

O marido da Aurora se apresenta como Alessandro, já o que está engolindo a Kiara com os olhos se apresenta como Vittorio, mas o moreno nem sequer fala conosco.

Sua atenção está todinha no celular.

— Prazer— Kiara fala olhando para o loiro com malícia. Mulher filha dá puta.

Eu só dou um sorriso tentando parecer amigável e sigo em silêncio comendo o meu café da manhã, escutando as duas baterem o maior papo falando sobre a Itália e tudo que podemos aproveitar por lá. Os melhores restaurantes, museus e boates.

Eu posso jurar que às vezes sentia o homem me olhando, mas decidi deixar isso pra lá e focar no meu maravilhoso croissant de nutella e a tortilha.

— Vamos amiga?— Olho para o lado e vejo que as duas me olharam rindo.

— Desculpa, eu estava muito submersa por essa nutella. — Falo fazendo ambas rirem mais ainda, enfio o último pedaço do croissant na boca.

— Amiga, Aurora nos chamou para irmos passear com ela agora e depois ir para a boate do marido dela. — Fala toda empolgada.

— Não podemos aceitar. — Falo com um sentimento de desespero dentro de mim.

— Eu já aceitei! — Olho para Kiara chocada, respiro fundo e nego.

— Você sabe que temos horário para chegar no aeroporto, fazer check in e eu não irei perder voo por irresponsabilidade sua, eu não vou. — Falo seria.

— Verdade, vocês já vão embora amanhã. — Aurora fala.

— Sim, mas eu vou aproveitar até o último momento, ao contrário de algumas. — Kiara fala me lançando uma indireta bem direta.

— Bom, você é bem crescida.— Digo dando de ombros — Eu não sou sua babá, você sabe das suas responsabilidades! — Falo e vejo ela bufa.

— Não é porque você não curte a vida que eu tenho que ficar no fundo do poço junto com você. — Suas palavras me machucaram, o doce em minha boca vira amargo.

Olho além das meninas e percebo que os olhares dos três homens e ouvidos estão em nossa mesa, suspiro e me levanto pegando a minha bolsa, arrumo minha saia mesmo sabendo que ela deixa muito a mostra, tiro 30 dólares e coloco na mesa, sorrio para Aurora

— Foi um prazer muito grande te conhecer e conhecer esse seu croissant perfeito, espero muito poder te encontrar na Itália para você me mostrar cada cantinho da cidade, mas agora eu preciso de uma noite de sono e um bom remédio para ressaca! — Falo e ela sorri.

— Eu super te entendo, irei pegar seu número com a Kiara e assim que eu chegar na itália irei te mandar mensagem, obrigado pelos elogios a minha loja! — Fala super feliz.

Sorri e me virei, abri a porta e sai sentindo o vento frio de Nova York bater no meu rosto me fazendo estremecer, suspiro e sigo rua a cima, sentindo o gosto amargo da decepção.

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