Sinto dedos cutucarem persistentemente meu ombro. Quando me viro, vejo Cléo. Sinto o cheiro do salgado mordido em sua outra mão e vejo seus lábios oleosos se moverem quando diz:
— Preciso das chaves do teu carro.
— Para quê? — rasgo a embalagem de 6 cervejas e as organizo na primeira caixa térmica.
— Está mal estacionado. Vem mais carros. — coloca o que sobrou do salgado sobre a língua e mastiga.
— Vou estacionar quando terminar aqui.
— Eu estaciono. Me dá as chaves. — estende sua mão.
Tateio todos os bolsos até meus dedos baterem no molho de chaves. Entrego-o sem falar mais nada e volto a fazer meu trabalho quando ela se distancia. Afundo mais e mais garrafas de álcool pelas três caixas térmicas grandes enquanto oriento meu trabalhador, que divide-se entre limpar a piscina e organizar algumas cadeiras. Quando os dois terminamos, posic