POV de Isadora
Ele agarrou meu pulso, me virou e me empurrou até minhas costas baterem na parede.
O som ecoou pelo corredor como um disparo.
— Eu disse para parar de brincar. — Rosnou ele, os olhos faiscando. — O que diabos você tinha na cabeça ao cortar as roupas da Alessia? É assim que você a ameaça? Vai matá-la só para ficar comigo?
Não foi o medo que me paralisou, mas foi a audácia de Cassian. Ele realmente acreditava que eu faria isso? Que ainda estava tão obcecada por ele, tão desesperada por atenção?
Cassian estava ali, parecendo um homem à beira do colapso, a fúria ardendo por trás dos olhos.
Cortar as roupas da Alessia?
Fiquei paralisada, atônita. Do que diabos ele estava falando?
Antes que eu pudesse responder, meu celular vibrou. Olhei para a tela: Kai.
Cassian arrancou o celular da minha mão antes que eu piscasse.
— Esse é o seu suposto namorado? — Disparou, balançando o celular como se fosse uma prova. — Você já tem um homem e mesmo assim continua tentando sabotar meu relacionamento? O que é, Isadora, está tão desesperada por atenção assim?
A voz dele baixou, letal:
— Devo atender? Contar para ele o que você fez?
Dei um passo à frente e arranquei o celular de volta.
— Não. Eu não fiz nada. E não tenho tempo para esse teatrinho ridículo entre você e a Alessia.
Me virei para sair, mas Cassian não tinha terminado.
Ele agarrou meu pulso com força e me arrastou pelo corredor.
— Se está com dificuldade para lembrar do que fez, vou refrescar sua memória.
Ele só parou quando chegamos ao quarto de hóspedes, o quarto deles. Abriu a porta com força.
Parecia uma cena de crime.
Tecidos rasgados espalhados pelo chão. Saltos de grife jogados nos cantos. Cada centímetro do quarto estava destruído. Mas o pior? Os vestidos da Alessia, dezenas deles, rasgados em tiras. Incluindo o que ela usou no meu aniversário.
— Está vendo? — Cuspiu Cassian. — Ainda quer bancar a inocente? Ainda vai mentir? Quem mais poderia ter feito isso? Sua empregada? Seu irmão? Ou será que acha que a Alessia cortou as próprias roupas para te culpar?
Aquilo nem era impossível. Alessia já tinha se jogado da escada uma vez e jurado que eu a empurrei.
Antes que eu pudesse responder, a porta do banheiro se abriu.
Alessia saiu, enrolada num robe de seda, olhos vermelhos e a voz trêmula.
— Por favor, Isadora. — Sussurrou. — Eu sei que você não gosta de mim, mas destruir todas as minhas roupas? Isso é cruel… até mesmo pra você.
Ela se encostou no Cassian como uma heroína trágica.
— Amor, vamos embora. Não me sinto mais segura aqui. E se ela… me machucar?
Cassian a puxou para perto, me encarando como se eu fosse um monstro.
— Vamos embora, não se preocupe. Quem é que quer ficar sob o mesmo teto que uma louca?
Ele se virou pra mim, a voz gelada:
— Mas antes de irmos, acho justo você provar do próprio veneno. Mulheres como você não deviam sair por aí achando que são intocáveis.
O que isso quer dizer?
— Eu já disse. — Tentei manter a calma. —Eu não fiz isso. Não tenho tempo pra esse drama de novela barato.
Virei-me para sair.
— Parem ela. — Ordenou Cassian.
Um dos seguranças dele ficou na minha frente, bloqueando o caminho.
Eu congelei.
— Vocês sabem que essa é a minha casa, né? — Falei, olhando para o segurança. — Vocês são hóspedes. Não têm o direito de me impedir.
O segurança hesitou até que a voz de Cassian cortou o ar de novo.
— Parem ela. Eu assumo total responsabilidade.
Ele sorriu pra mim, lento e venenoso.
— Sou hóspede do seu irmão, não seu. E os seus preciosos cassinos ainda dependem dos meus contatos. Se alguém aqui deveria me tratar bem, é você, Isadora.
Alessia tentou bancar a pacificadora, passando a mão no braço de Cassian:
— Cassian, deixa pra lá. A Isadora provavelmente só… surtou. Não vale a pena.
Cassian se virou pra ela, a voz de aço:
— Não vale a pena? Isso não foi uma brincadeira. Foi uma ameaça. E eu pretendo responder da mesma forma.
Dei um passo para trás.
— O que você quer?
Ele se virou lentamente pra mim, um tipo de calma assustadora tomando conta do rosto. Em seguida, ele sorriu.
— Não vou cortar seu guarda-roupa inteiro. — Disse ele, com um humor sombrio na voz. — Só o que você está vestindo agora.
Meu coração parou.
Ele estava falando sério.
Aquele sorriso distorcido continuou em seu rosto enquanto ele tirava uma lâmina do bolso, como se fosse um brinquedo qualquer.
Agora ele parecia mesmo o herdeiro da máfia que era, intocável, perigoso, embriagado de poder.
— Você não teria coragem. — Avisei, minha voz baixa. — Está ultrapassando todos os limites, Cassian.
Ele se aproximou.
— Ah, por favor. — Zombou. — Não venha bancar a inocente. Você trouxe isso pra si mesma no momento em que decidiu brincar com a Alessia.
Ele levantou a mão num gesto casual, quase entediado:
— Segurem ela. Vamos ensinar à Srta. Isadora Marcellus um pouco de educação.
O guarda me agarrou com força, prendendo meus braços como se eu fosse uma boneca de pano.
— Não. — Murmurei. Depois, mais alto. — Não! Você não teria coragem! — Lutei, o pânico crescendo no peito. — Cassian, eu te dei tudo o que você quis. Por que continua me assombrando? O que mais você quer de mim?
Eu sabia que ele era um monstro. Mas nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei que ele faria isso comigo.
— Parem!
— Parem!
A palavra explodiu no corredor em uníssono duas vozes, cheias de fúria.
Kai. E Damian.
Damian chegou até mim primeiro, a raiva iluminando o rosto enquanto socava o segurança no queixo, mandando-o ao chão.
— Tire as mãos da minha irmã! — Disparou Damian. — Você é um hóspede nessa casa, Cassian. Não um maldito rei.
A voz de Kai era mais calma mas infinitamente mais fria.
— Sr. Cross. — Disse ele com frieza, os olhos cravados em Cassian. — O que exatamente você planejava fazer com a minha namorada?
Cassian se virou, o rosto se obscurecendo.
— Namorada? — Repetiu. Então olhou de novo pra mim, o olhar cortante como vidro. — Então é verdade. Você está com ele, Kai Drenner.
Ele fez uma pausa, zombando:
— Izzy se comportou mal hoje. Eu só estava ensinando uma lição.