O diabo ainda ria quando as chamas ao redor se recolheram, como se o próprio Inferno respirasse fundo para ouvir o que viria a seguir. O Lobisomem avançou um passo, a pelagem eriçada por lembranças que ainda sangravam memória. Ele falava não com a boca, mas com aquela garganta antiga que misturava voz e uivo num único som que esfarrapava o ar.
— Chegamos lá. — disse, a sombra dele crescendo como um animal secundário — Ela estava com a criança... pronta para o corte da existência.
Sabrina, a mulher que outrora respirara perfumes caros e ilusões mais caras ainda, arregalou os olhos mortos. O diabo sorriu, como quem mastiga segredos.
— Tivemos de cortar a corda — continuou o Lobisomem — para que ela não visse a cena do próprio fim. A visão da dissolução quebra almas antes do tempo.
As outras criaturas infernais se agitaram, encantadas pela narrativa. O Inferno adora histórias de dissolução; alimenta-se delas como carne espiritual.
— Mas a carne dela era dura, continuou ele, seus olhos lem