Estou na frente do pequeno espelho em meu pequeno banheiro em meu pequeno quarto, olhando para a figura que para mim mais parece um fantasma do que a mulher que um dia eu fui.
Estou magra, e acho que é isso que acontece quando a gente começa a consumir muito menos calorias do que deveria. Meus cabelos que antes eram brilhantes e bem cuidados, agora são uma massaroca que eu mal tive a decência de desembaraçar, sem nenhum um pouco do brilho que costumavam ter.
Do lado de fora do banheiro, batidas insistentes me tiram do transe.
-Vamos logo! Vai ficar aí até o horário de almoço ou o que? - A voz da empregada chefe é rígida e totalmente sem paciência.
Eu passo a mão pelo vestido cinza desbotado que haviam me entregado e passo a mão pelo tecido, para que pareça um pouco menos amassado.
Desde quando eu me tornei a Cinderela? Ou melhor, uma versão da Cinderela sem qualquer ratinho, vontade de cantar ou esperança de chegar em algum baile.
Destranco a porta dando de cara com a mulher de ro