De acordo com a programação feita antes pela multidão que aguardavam a chegada dos humanos, programaram para eles uma grande festa.
Era de natureza animal e por isso, convidaram outras espécies, as quais também faziam parte dos habitantes da floresta.Foi chegando a Dona Raposa com sua comboia de raposinhas. Trazia consigo uma sanfona para a sua apresentação. Logo em seguida, aparecem as pacas. Logo atrás, vêm as Capivaras e os Preás. Sem mais demora aparecem os Quatis, os Texugos e muitos outros de diferentes espécies.
O Bode por sua vez, chega todo imponente e carrancudo. Por fim, os demais bichos das regiões circunvizinhas. Encontrava-se ali também, uma grande espécie de Aves e Mamíferos.
E assim por diante... até que fizessem daquele recinto um ambiente realmente festivo e muito atraente.Cada espécie tinha seu representante que fizera sua bela apresentação.
A primeira a apresentar seu número musical, foi a raposa com a seguinte canção: Ninguém Toca minha Toca e cantou:
Ninguém toca minha toca
Ninguém toca minha toca
Eu não vou dormir de toca
Eu não vou dormir de toca! - Bis
Minha casa é tão bonita
Toda feita de taboca
Sou bastante companheira
E não gosto de fofoca! – Bis
Logo em seguida chamaram o bode, que fez sua apresentação com esta canção: Vou pra Belém e cantou apaixonado.
Vou pra Belém
Não levarei ninguém!
Vou de avião
Não vou de Trem! (Bis)
Sou muito esperto
Forte como ninguém!
Sou carrancudo
O que é que tem?
Para a terceira apresentação, fizeram vir o Tatu, com a canção: Buraco de Tatu.
Bem feito meu irmão
Quem mandou botar a mão
Em buraco de tatu!
Está com a mão inflamada
Porque levou uma bicada
De uma baita jaracuçu! – Bis
A quarta apresentação ficou responsabilizada pelos Quatis, que formavam um quarteto e cantaram capela. Seu número musical foi: Nóis qué cumida, e cantaram assim:
Nóis qué cumida
Nóis qué cumida
Coisa mais boa
Que há na vida! – Bis
Comer é bom
É bom demais
Coisa mais boa
Que a gente fais! – Bis
Depois dessas e muitas outras apresentações do gênero musical, chegou a vez das aves de rapina. Chamaram então para se apresentarem as águias voadoras.
Estas em bando de três, fizeram seus voos acrobáticos num sincronismo exuberante de dar inveja a qualquer ave que se presa.
A Seriema cantou seu imponente canto, num dobrado e impostação de voz que só ela sabia fazer. Deixava de lado qualquer comentário a seu respeito. Bastante aplaudida, saiu com as asas erguidas em sinal de agradecimento.Finalmente, na sequência, foram chamadas para suas apresentações, as aves canoras da família dos passeriformes.
O primeiro foi o Sabiá que abriu o bico e cantou seu canto mavioso e melancólico. A doçura com que fora feita sua apresentação misturava-se com a sinfonia da floresta deixando todos os ouvintes boquiabertos.
Em seguida veio o Canário da Terra que, sem mais de longas abriu a garganta e soltou sua voz numa harmoniosa afinação, emitindo diversas notas que abrangia uma oitava inteira.
La pelas altas horas foi anunciado às últimas apresentações a serem exibidas, que ficou por conta dos primatas. Estes, talvez, por serem os anfitriões, não mediram esforços na escolha de suas peças. Foi, sem dúvida, o espetáculo mais longo da noite.
Quatro espécies de macacos tiveram a honra de fazer o fechamento da noitada. Eram eles Os Orangotangos, Gorilas, Chimpanzés e os Macacos Aranhas.
Entre os grupos escolhidos, foram: os primeiros a se apresentarem, os Orangotangos. Entraram no palco com A luta do Século. Esse número contagiou o público de tal maneira que deixou todo o auditório tomado de espanto e lágrimas a correr dos olhos.
Travaram uma batalha selvagem sem a observância das regras estipuladas pelo Juiz, como a fúria de um vulcão a lançar lavras incandescentes pelo ar.
Entre socos e empurrões, urros e bramidos, podiam sentir-se cheiro de terra e galhos de árvores voando para todos os lados
Era essa, a natureza do livre arbítrio de uma luta sem tréguas que terminara empatados, sem nenhum vencedor. Foram congratulados pela coragem e bravura que tiveram os dois.
Quiseram mostrar ao público presente, suas tendências de bravura animal não obedecendo as regras nem conceitos. O árbitro da luta nada pudera fazer para conter a fúria e a selvageria com que lutaram.
Os Gorilas tiveram sequência e mostraram o seguinte número: Arremesso de Pesos. Estes, sendo talvez a espécie mais forte, quiseram dar ao máximo de si para deixar uma impressão mais alucinante para o público.
Cada um deles subia e descia a montanha, com uma pedra de peso muito elevado. Aquele que, por ventura, levantasse a pedra mais pesada perante o auditório, seria o vencedor. Após o término do tempo regulamentar, um dos dois foi apontado como o vencedor. A apresentação terminou com o caloroso aplauso da plateia entre gritos ecorreria.
Já na terceira apresentação em ordem cronológica, ficaram os Chimpanzés com o seguinte espetáculo: Cabo de Guerra. Nesse número, valia a regra de três.
O primeiro vencedor enfrentaria um terceiro, e assim por diante, até que completasse o tampo estipulado pelo juiz da disputa.
A quarta e última apresentação ficou com a responsabilidade de um grupo dos Macacos Aranhas. Mostraram a seguinte peça: A Escalada. O alvo deles era escalar o flanco de um precipício com o objetivo de apresentarem suas habilidades e destrezas.
Coletavam frutos e insetos no menor tempo possível. Não houve nenhum vencedor específico, já que ambos atuaram em equipe. Foram bastante aplaudidos.
Foi sem dúvidas, uma noite espetacular e muito divertida. Fora esta, uma homenagem aos humanos recém-chegados. Nunca houvera antes um contato entre o macaco e o homem.
Agradecidos pela homenagem a eles prestada, trataram logo de se acomodarem numa gruta de pedras bastante aconchegante, oferecida a eles pelos primatas.
Assim que os raios do sol se infiltraram por entre a ramagem da floresta, começou o afã de toda a comunidade.
Espalharam-se pela floresta em busca da primeira refeição. Cada um procurava apanhar os alimentos necessários para a sua refeição costumeira.
Após fartarem-se, voltavam trazendo frutas e castanhas para os mais velhos.
Logo que os visitantes acordaram, foram recepcionados com várias espécies de frutos, castanhas e muitos outros alimentos nativos da floresta.
Fartaram-se e ficou à disposição de uma nova modalidade. Aguardava então, a abertura de novo proceder com relação ao recenseamento.
Para trás ficaram as festividades, as comemorações, as homenagens e as modalidades teatrais.
Somente a boa lembrança não poderia sair-lhes da mente.
Enquanto isso conversava entre si os quatro amigos humanos a respeito de seus estabelecimentos comerciais na cidade.
Ansiosos para dar uma solução definitiva aos primatas sobre o recenseamento aguardavam o momento de começar o debate final.