TRÊS MESES APÓS EM DOHA
HAFIQ
Meu pai toma um chaí, a xícara treme sem parar e ele seca as mãos na galabia imaculadamente branca, encarando-me por cima dos óculos de grau.
— Sente-se, tenho dois assuntos para tratar com você.
— Eu disse ao Senhor que o ajudaria no governo, contanto que deixasse a minha família em paz, não quero mais discussões sobre Antônia.
Meu pai levanta-se e vai até o cofre, trazendo uma caixa e uma pasta de documentos.
— Não sei como te dizer isso, eu pensei que nunca mais tocaria nesse assunto.
Meu pai está tenso, assustado e sem saber como agir, essa postura para mim era tão nova quanto desconcertante. Estou acostumado com o grande chacal do Qatar, um homem genial, impassível, dotado de uma precisão cirúrgica em ir ao cerne de qualquer problema.
O sujeito perdido e constrangido que e