HAFIQ
Decido deixar um pouco de lado a minha miséria pessoal e vou verificar o motivo de Tônia se demorar tanto no banho, a porta está só encostada, ela sabe que eu não gosto que tranque, em caso de necessidade, eu posso protegê-la ou socorrê-la mais rápido.
Sigo o som do seu choro baixinho e me deparo com Antônia, encolhida embaixo do chuveiro aberto, esfregando a bucha pelo corpo.
A pele marrom ficando cada vez mais avermelhada de tanto friccionar a bucha na pele.
Ela chora copiosamente e eu nunca a vi desolada dessa forma, ela só pode estar em um transe histérico.
Esfregando e chorando e esfregando e chorando, a pele já deve estar arranhada, eu preciso tirá-la dessa histeria, entro no chuveiro mesmo de cueca e arranco a bucha das suas mãos.
Tônia me encara e eu vejo nos olhos de gato que eu tanto amo, uma dor, uma tristeza extrema.
Ela só repete palavras humilhantes, totalmente sem sentido, “cadela vadia”, “