Natalie ignorou completamente o fato de ver seu irmão e sua amiga se beijando ali no corredor. Eles mal tinham se encontrado, e já estavam “trocando saliva” como Bryan adorava dizer. Não que ela não fizesse o mesmo, mas era irritante quando eles podiam fazer aquilo sem se preocupar com o que diriam. Ou no caso, com o que seu pai diria. Estava escondendo o namoro desde que sua mãe revelou a nova gravidez. Surpreendentemente, tinha começado a namorar apenas duas semanas antes. Um dia antes, sua mãe teve conhecimento, assim como seu irmão do meio, que prometeu manter em segredo. Ela o adorava mais por ser fiel a ela, mesmo que soubesse que o certo era seu pai saber. E ela contaria. Na verdade, já queria ter contado, mas houve contratempos. E por isso ainda estava namorando escondido. Apenas sua mãe, seus dois irmãos e Belle sabiam sobre o namoro. E já era gente demais. Ela achava que era muita sorte seu pai não ter descoberto ainda, mesmo ela sendo tão cuidadosa. Muito mais que o irmão, que beijou a namorada na porta de casa, no dia em que Bryan fazia nove anos.
— Você não está com o melhor dos humores.
Em resposta ao namorado, ela se jogou ao seu lado, emburrada.
— O que aconteceu?
— Bem, é difícil enumerar. Mas vamos começar com minha manhã sendo horrível. Thomas me acordou com uma jarra d’água. De novo.
Ezra segurou uma risada.
— Ah, você está rindo?
Ele balançou a cabeça.
— É meu namorado, deveria me defender.
— Em briga de irmã e irmão não se mete a colher.
— Ezra!
Ele riu.
— Thomas é terrível, e você sempre cai nas provocações dele.
— A vingança vai ser maligna, você vai ver.
Ezra riu novamente.
— Eu queria ver isso de perto.
Natalie fuzilou o irmão no instante em que ele passou pela porta. Ele tinha um dos braços em volta dos ombros de Belle, e tinha um sorriso irritante nos lábios. Ela quis enforcar ele bem ali, mas sabia que daria em suspensão, mesmo a diretora já ter se acostumado com as implicâncias. A verdade era que ela sempre caía nas provocações, como o namorado mesmo disse, e sempre havia uma vingança, e por isso aquelas implicâncias nunca acabavam. E era Thomas quem sempre começava. Quando começou tudo? Ela não sabia. Mas ela se lembrava da primeira vez. O irmão tinha jogado um pão de queijo que foi esquecido dentro do forno, já duro, na lata de lixo, mas acabou acertando a irmã. E ele gargalhou. Tanto que se jogou no chão, principalmente quando viu que a testa tinha uma marca explícita. Desde então ele estava sempre fazendo idiotices. E ela se vingava.
— Maninha, se não arrumar essa cara, vão pensar que está de TPM.
— Vai brincando, Thomas.
— Não fique com medo, cunhado, ela está de mau humor porque caiu da cama.
— E quem foi o culpado?
Thomas soltou uma risada.
— Ah, irmão, vai ter volta.
— Vocês estão nisso ainda? – Belle revirou os olhos. – Thomy, deixa a sua irmã em paz.
— Obrigada, cunhada, ao menos alguém do meu lado. Porque meu namorado, ao invés de me defender, riu da minha cara.
— Não foi bem assim.
Thomas ria mais ainda.
— Eu ri da pegadinha do seu irmão, é diferente.
— Dá no mesmo. – Cruzou os braços.
— Perdão, linda.
Ela fez um biquinho.
— Lembre-se que ele não pode te beijar, maninha.
Natalie então pegou a primeira coisa que viu e jogou no irmão, e a sala inteira a olhou.
— É a TPM, amigos, é a TPM.
Ezra segurou a namorada, Thomas gargalhou e os amigos em volta deles começaram a comentar.
— Meu namorado é uma criança. – Belle diz, revirando os olhos.