Nick Morgenstern é uma agente especial que trabalha para FBI-AY, uma expansão do FBI onde jovens são recrutados e treinados para missões secretas para o governo. Jovem e experiente, viveu sua adolescência e fase adulta em campos de treinamento e missões que a distanciaram de uma vida normal. Com atitudes agressivas e má comportamento, Nick é enviada para uma missão ultra secreta e importante: ser segurança de um dos filhos do candidato a Senador do Estado. Dividida entre trabalho e fingir uma vida normal, algo que nunca teve, Nick se vê entre seu trabalho e vida pessoal que se unem em prol de uma única coisa: deixar tudo de cabeça para baixo.
Leer másEra um dia quente em Washington quando todos ouviam o hino nacional ecoando dentro da pequena capela próximo ao Capitólio. Estavam em pé, enfileirados lado a lado, todos os agentes que conheciam John Patrick e o homenageavam pela última vez frente ao caixão fechado com a bandeira do país sobre ele. Uma foto ao lado mostrava o sorriso charmoso de John e o brilho nos olhos que tinha quando vestia seu uniforme. Nick conhecia aquele brilho e sabia que o tinha em seus olhos sempre que ia trabalhar e assim como ela, sabia que seu parceiro, amigo e companheiro amava o que fazia.
Se deixou levar em memórias felizes lembrando de como John alegrava sua vida mesmo com todos os momentos conturbados que vez ou outra atingia o relacionamento dos dois. Suas missões eram bem sucedidas pois confiavam um no outro e eram capazes de dá a própria vida para proteger um ao outro, algo difícil de acontecer com a maioria dos parceiros que trabalhavam no mesmo escritório.
– Vamos ter um ao outro sempre, não é? – John perguntava antes de qualquer missão, ele sorria para Nick sabendo sua resposta e apesar disso, gostava de vê-la sorrir ao concordar com a cabeça confirmando a promessa silenciosa que faziam um para o outro.
Na última vez que John lhe perguntou a mesma coisa, Nick confirmou com um peso diferente em suas feições, ela não sorriu e não pareceu se importar com a resposta ao apenas acenar com a cabeça saindo do vestiário sem esperar John. Naquele momento ela estava exausta, não por ter se desgastado fisicamente em algum treinamento ou preparação pré missão, mas sim por perceber que vivia uma farsa com um relacionamento que só ela levava à serio. Naquele dia John se manteve distante pois sabia que o momento de Nick deveria ser respeitado, os dois tiveram uma longa conversa no dia anterior e apesar de precisarem de um momento sozinhos para pensar, não tiveram essa oportunidade quando o Diretor os convocou para uma missão especial e confidencial como batedores disfarçados.
O Sedan era pequeno para os quatro que estavam ali e apesar das duas pessoas sentadas no banco de trás não perceberem o clima tenso no banco da frente, Nick tinha certeza que iria explodir a qualquer momento. O rádio de Troy no banco de trás fazia barulho a cada minuto em que seu chefe mandava as coordenadas do trajeto antes mesmo que o carro atrás fizesse para manter as ações dos batedores secretos naturais para quem via de fora.
John estava distraído em seus pensamentos quando ouviu a voz do seu chefe ordenando que virasse a direita, ele o fez sem perceber que o sinal verde estava em seus últimos minutos não dando a chance para o carro logo atrás fazer o mesmo, parando logo após a faixa de pedestre virando um alvo em potencial. Lembrar daquele momento sem toda adrenalina, Nick percebeu que tudo havia acontecido em segundos, John estacionando o carro na calçada para esperar o sinal abrir e seguir com o plano, Nick e os outros agentes virados para trás para observar o trânsito da avenida sem tirar os olhos de seu alvo. O barulho de pneu arrastando no asfalto veio logo em seguida aos sons de buzinas de outros carros que não esperavam o ato imprevisível, os quatro agentes saíram do carro correndo em direção ao alvo que deveriam proteger, mas um som de tiro os assustou fazendo-os abaixar deitando no asfalto e olhar uns aos outros checando se estavam bem, naquele momento John era o único deitado de forma desengonçada na rua.
O piscar de olhos trouxe Nick de volta ao velório limpando as lágrimas que caíam sem permissão, quando o hino acabou, todos se viraram para cumprimentar uns aos outros como se todos sofressem com a morte de John, mas ela sabia que apenas quatro pessoas se importavam com ele e uma delas era Nick.
– Como você está? – Geórgia perguntou colocando um braço envolta do ombro de Nick enquanto as duas saíam da capela para o calor do sol.
– Eu sei que foi culpa minha. – Nick falou engolindo várias vezes o nó que se formava constantemente em sua garganta encarando o chão de madeira por onde andavam.
– O que? – Geórgia exclamou chamando atenção de quem passava por elas. A garota parou Nick no corredor entre os bancos colocando suas mãos no ombro da amiga para encará-la. – Nick, você não teve culpa. Aconteceu um acidente, ninguém imaginaria que fosse acontecer.
Nick olhou no fundo dos olhos castanhos de Geórgia, a pele negra tinha um brilho que chamava atenção e para Nick, era o tom de pele mais bonito que havia visto e dizia constantemente para amiga que sempre ficava envergonhada com elogios. Para Geórgia, a pessoa que aceitava tudo acreditando em um Poder maior que ditava a vida de todos, era difícil para Nick conseguir explicar seus sentimentos naquele momento já que tinha plena certeza que poderia ter evitado a morte de John.
– Minhas garotas. – a voz de Aidan as fez virar em direção a voz do homem que se aproximava apressado e sem tirar os olhos de Nick, jogou os braços ao redor da garota quando se aproximou o suficiente para abraçá-la. – Nick. – sussurrou em seus cabelos ruivos sentindo o coração de Nick acelerado batendo contra seu torso.
– Ela está se culpando. – Geórgia disse, trocando olhares ríspidos para Nick quando a viu se desvencilhar dos braços fortes de Aidan.
– Nick, me escuta. Você não tem culpa de nada. – Aidan falou para amiga que observava os grupos de pessoas que se formavam na calçada frente a capela sem dá muita atenção as palavras repetidas dos amigos que tentavam consolá-la.
Nick sabia a fofoca que corria pelo escritório, sabia que todos cochichavam sobre John ter sido descuidado e por Nick não ter dado cobertura para seu parceiro assim como Troy havia dado para Savannah quando os quatro saíram do carro naquele fatídico dia. Sabia principalmente da fofoca sobre ela ter um caso com John, seu superior.
– Nick? – Geórgia a chamou.
– Espera. – Nick respondeu sem nem mesmo tirar os olhos do grupo que conversava e ria baixo.
Ela nem mesmo se importou com educação quando se aproximou da roda de conversa ouvindo Savannah mencionar seu nome. As garotas que acompanhavam a loira em risadas pararam quando perceberam Nick perto demais, encarando todas elas com feição séria e mesmo que tentassem avisar Savannah que o assunto estava ali, a um passo de distância, a garota continuou falando o que achava de tudo o que aconteceu. Cansada de ouvir o que ela mesma repetia para si mesma, afinal, Nick sabia que era culpada, já se martirizava o bastante por não ter protegido John, mas estava cansada de ouvir cochichos de todos sobre ela.
–... Os dois se pegavam escondido, eu mesma já os vi juntos. – Savannah dizia olhando suas unhas ignorando que as outras lançavam olhares significativos para que ela se virasse. – Aliás, ele mesmo me contou quando dormimos juntos uma vez.
– Savannah. – Nick falou mantendo o tom de voz calmo e frio.
A garota loira parou imediatamente percebendo o que suas amigas faziam e lentamente se virou para Nick com um sorriso de lado no rosto cheio de sarcasmo.
– Oi Nick. – um sorriso fez os punhos de Nick se fecharem ao lado do corpo.
– O que você estava falando de mim? Você estava lá, não vimos o que aconteceu.
– Oh, desculpe. Falei alguma mentira? – Savannah perguntou fingindo dúvida.
Nesse momento Aidan e Geórgia estavam logo atrás de Nick prontos para ajudar caso a amiga precisasse, os dois sabiam do relacionamento impróprio de John e Nick, e sabiam principalmente que John não era tão fiel a Nick como a garota era a ele.
– Savannah. – Nick falou entredentes sentindo a raiva dominar seu corpo por inteiro, apertava cada vez mais a mão em punho já sentindo as unhas cravarem na pele.
– Nicollete. – Savannah falou cruzando os braços frente a Nick, o peito cheio de ar mostrava que a loira a confrontava na frente de todos. – Eu não estou mentindo, estou? Você poderia ter salvo se estivesse protegendo como Troy fez comigo e não estaríamos aqui tendo essa conversa, no velório do seu parceiro!
Nick sentiu aquelas palavras como facas cortando sua pele, seus músculos, perfurando os ossos e atravessando sua alma. Não conseguiu definir os próximos segundos, ficou cega de raiva quando empurrou Savannah fazendo a loira desequilibrar caindo no chão no centro da roda de suas amigas que se afastaram com o susto. Nick poderia ter parado ali, mas sem controle de seu próprio corpo caiu sobre a garota loira lhe deferindo vários socos no rosto sem dá chance para Savannah contra-atacar ou se defender.
Duas mãos fortes conseguiram tirar Nick de cima da garota ensanguentada que forçava a não chorar na frente de seus colegas de trabalho e superiores. A atitude de Nick foi assistida por todos que, apavorados com a cena, ficaram por segundos parados em choque. Aidan e Ken, foram os únicos ágeis e fortes o suficiente para tirarem Nick dali, mesmo que a garota tentasse fugir dos braços que a prendiam para terminar o que havia começado.
– Por Deus Nicollete! – Ken exclamou quando os três entraram no carro.
– Aquela garota precisa de uma lição. – Nick respondeu tentando se libertar das mãos fortes dos dois homens que sentavam ao lado dela.
– Nick, você não pode perder a razão assim. – Geórgia disse dando partida no Sedan preto passando pelo grupo que ajudava Savannah a se recompor na calçada.
Demorou mais do que Nick esperava para se acalmar por completo e perceber que sua atitude foi irresponsável, principalmente em público com todos os superiores presentes. Sentou-se na poltrona ao lado do sofá de dois lugares da sala de seu Diretor visivelmente abalada e arrependida, sentia os nós dos dedos arderem e apesar de feridos, olhava para sua mão percebendo que aquela era a menor dor que sentia naquele momento. Espiou seu chefe, sentado na cadeira atrás da grande mesa falando ao telefone, ela não conseguia escutar qualquer palavra, mas o som de pés batendo no carpete mostrava o quanto Ken Roggers estava nervoso. Nick se focou em observar a sala de seu chefe no escritório do FBI percebendo o quanto era grande e elegante, diferente de como era seu atual escritório em Boston e apesar do cheiro de mofo por ter ficado muito tempo fechada ainda permanecer no ar, aquele detalhe não tirava a beleza do cômodo.
A porta da sala abriu quando Aidan entrou chamando atenção de Nick, viu seu amigo com feições sérias ao encará-la caminhando com passos firmes até parar frente a amiga que o olhava de baixo visivelmente arrependida. Ele logo lembrou do mesmo olhar que ela fazia todas as vezes que se mostrava perdida, primeiro quando a conheceu, depois com a morte de John e agora naquele momento. Aidan ergueu o copo de água que havia pego para Nick oferecendo-o em silêncio, olhou para seu chefe ao telefone e suspirou sentando no pequeno sofá ao lado da poltrona.
– O que estava pensando Nick? – perguntou afundando no sofá ao encarar o teto ao invés da amiga.
Nick bebeu um gole de água antes de responder, ela precisava de tempo para formular uma resposta coerente e racional para aquela pergunta, mesmo achando que não conseguiria uma.
– Não importa mais. – Ken falou chamando atenção dos dois, afastou sua cadeira para levantar e caminhar para frente de sua mesa onde se encostou observando Nick.
– O que eles disseram? – Aidan perguntou observando seu chefe à espera de um sermão para sua amiga.
– Queriam demiti-la. – Ken falou e antes mesmo que Nick ou Aidan pudessem falar algo, ele ergueu a palma da mão pedindo calma. – Eu pedi um último favor a eles porque sei o quanto isso significa para você. – falou encarando Nick, que desviou o olhar com aquelas palavras.
Naquele momento Ken viu a mesma garotinha que havia conhecido em um orfanato, com olhos grandes e assustados que não conseguiam encará-lo por muito tempo.
– Ela vai ficar com o caso do Senador. – disse.
– O que? – Aidan exclamou surpreso, fazendo Nick olhar para o amigo antes de olhar para seu chefe, engoliu em seco encontrando, pela primeira vez, sua voz.
– Qual caso? – perguntou.
Ken encarou Aidan desviando o olhar para a porta como um sinal silencioso que o homem entendeu sem muito esforço e sem dizer uma palavra saiu da sala fechando a porta em sua passagem.
– O Senador Barker está se reelegendo e precisa de seguranças dia e noite para protegê-lo e sua família.
– Estou sendo rebaixada a guarda-costas? – Nick perguntou sem disfarçar o tom enojado de suas palavras, encarou seu chefe em busca de uma piada, mesmo sabendo que ele nunca faria aquilo.
– Não, você está mantendo seu emprego. – um suspiro profundo o fez se erguer, massageando a ponte do nariz visivelmente cansado. – Olhe Nick, ou era isso ou era nada. Eu não quero que todos os esforços sejam em vão e você saía como se isso não significasse nada. Eu não quero perder uma agente magnífica como você e por isso, você vai aceitar o cargo e vai fazer com perfeição toda e qualquer proteção que o Senador exigir. – com um olhar firme e direto, Nick o encarou de volta em forma de confronto, levando seu chefe a lembranças do passando sabendo que a mesma garota que ele salvou anos atrás estava de volta.
– Eu não vou decepcioná-lo. – respondeu firme, mantendo a postura reta e a boca em uma linha fina pressionada para não dizer mais nada.
Viu Ken sorrir discretamente ao desviar e se virar lhe dando as costas. Em um aceno com a mão indicou a saída.
– Eu não acredito que Travis se foi, ele não pode ser tão burro assim de deixar você. – Sophia disse colocando um braço em volta de Nick acompanhando a garota até a saída do aeroporto.– Quando ele me falou sobre se mudar, ele disse que deixou uma carta explicando tudo no lugar secreto de vocês. – Dylan disse, sem esconder a confusão pelas próprias palavras, como se estivesse apenas repetindo o que ouviu do amigo fazendo Nick parar para encará-lo.– Porque você só me diz isso agora? – ela perguntou irritada. Dylan deu de ombros, erguendo os braços em sinal de desculpas.– Achei que daria tempo você alcançar ele.
Nick não percebeu quando caiu no sono e sua última lembrança era a de ver Aidan saindo pela porta do quarto. Quando os abriu lentamente ainda sonolenta, encontrou Ken próximo a janela observando a cidade daquele lado. Com as mãos cruzadas atrás do corpo, a roupa social e os ombros retos, Nick soube que aquele que estava ali era o Diretor do FBI-YA, seu chefe e não alguém que poderia considerar um pai. O perfil de Ken, iluminado pela luz da lua estava sério, os lábios eram uma linha fina deixando claro que havia algo lhe preocupando. Como se percebesse os olhares da garota sob ele, Ken desviou o olhar da janela para a cama no quarto escuro, iluminado pela única janela sem cortinas que havia nele. Os dois firmaram seus olhares por um longo momento até Nick suspirar e com dificuldade sentar na cama.
Travis estava parado ao lado de sua família, sob um pequeno palco, na frente de inúmeros jornalistas que filmavam o discurso da vitória que seu pai dava frente ao púlpito marrom. Estavam todos no hall principal do Capitólio, em Washington, depois da apuração dos votos que eram contados durante todo o dia. O resultado foi quase unânime e saiu mais tarde do que Travis gostaria, deixando-o preso a capital por mais um dia. Seu plano principal era voar de Boston para Washington e voltar no mesmo dia para Hanôver e cobrar, mais uma vez, um posicionamento de Ken. Afinal, os homens que estavam com Nick queriam que seu pai renunciasse e mesmo quando não o fez, Travis tinha medo do que fariam com ela. E apesar de seu medo ser maior do que a esperança de tê-la de volta, Travis a
– Você consegue baixar o programa para o meu celular? – Ken perguntou ao técnico de informática que não tirava os olhos da tela do seu monitor. Ken estava fazendo o mesmo, observava o que parecia ser o mapa de Hanôver se movendo a medida em que o sinal do distintivo ficava mais forte.– Está saindo de Hanôver. – Geórgia disse nas costas de Ken. De repente toda a sala ficou em silêncio observando o mapa se mover até o outro lado do Rio Connecticut, um ponto vermelho surgiu no canto da tela que aumentou o suficiente para mostrar a imagem via satélite da garagem a poucos metros da casa principal e o terreno grande que parecia ser de uma fazenda em Norwic
– Ele ficou com medo do que a gente pode saber sobre o Senador Barker? – Geórgia perguntou a Aidan observando a rua em sua frente.Os dois estavam parados na calçada frente ao beco onde tudo aconteceu. O sol já estava indo embora dando lugar para a noite fria de Hanôver e consequentemente para a má iluminação naquele lugar onde alguns postes de luz não ficavam por perto. Aidan estava observando o caminho até a porta dos fundos do Rock'n' Roll Café quando virou para sua amiga que não teve coragem de entrar.– Ele ficou com medo do que o Senador perguntaria sobre nossas informações. – respondeu ele voltando alguns passos quando notou uma grande lata de lixo amassada. – Quantas horas Troy disse que precisava para consegui
Nick não conseguia abrir totalmente o olho esquerdo e sentia a pressão apenas em mexer a cabeça. Dor lhe alcançava de diferentes lugares de seu corpo que a deixava angustiada e nervosa por não conseguir amenizá-las. Viu com o único olho bom os dois homens mascarados limpando as mãos depois de mais uma sessão de tortura para tentarem tirar alguma informação dela. Bateram, chutaram, xingaram e tentaram, sem sucesso, aterrorizá-la psicologicamente ao ameaçar sequestrar Travis. Nick sabia que Geórgia faria o que seus olhos imploraram para o que ela fizesse naquela noite, sabia que a amiga entenderia e manteria Travis a salvo, e nada do que aqueles homens tentassem iria fazê-la pensar o contrário mesmo que fosse mais fácil dizer qualquer coisa para a libertarem, mesmo que fosse mais rápido acabar com
Último capítulo