Na pequena e tranquila cidade de Healdsburg, nunca acontece nada novo. A pacata cidade da Califórnia é tranquila, até que misteriosamente, três corpos são encontrados na floresta. Em seguida, outros aparecem. Seguindo os mesmos padrões, mulheres loiras, com longos cabelos e olhos claros, jovens. No pulso dessas mulheres, escrito, um nome. Valentina Hale. Todas as garotas encontradas são parecidas com ela. Será Valentina a próxima vítima?
Leer másSão pouco mais de sete da manhã quando entro na minha sala e coloco meu blazer sob a cadeira, me sentando nela logo em seguida. A dor de cabeça que sinto me incomoda bastante. Cogitei ficar em casa, dormir até tarde e descansar da noite passada, a qual fiquei até tarde da noite estudando um caso, mas o trabalho precisa de mim. Então, mesmo com a dor e cansaço, estou aqui, pronto para mais um dia.
Abro a gaveta da mesa e vasculho ali em busca de algum remédio. Encontro um comprimido, que engulo mesmo sem água.
Massageio minhas têmporas e me preparo para mais um longo dia de trabalho. Hoje a delegacia está movimentada, policiais andam agitados para lá e para cá, o que é estranho para a pacata cidade de Healdsburg.
Nunca há muito trabalho aqui. Sempre são queixas de furtos e invasões. Há também queixas de pessoas desaparecidas, que não aconteciam com tanta frequência, mas aumentaram nos últimos dias.
Gosto de trabalhar aqui, das manhãs calmas e dos poucos crimes que acontecem na cidade, sinais de um trabalho bem feito pela equipe.
Quando cursei direito, me preparando para atuar como detetive, sonhava em trabalhar em uma cidade grande, resolver crimes e casos, em um lugar agitado. Mas agora, trabalhando aqui e tendo uma vida tranquila, é muito melhor do que qualquer agitação. Minha rotina, baseada em trabalho e sono é ótima para mim.
Ligo meu computador e pego alguns papéis que estavam em cima da minha mesa, nem percebendo quando Jared — legista da Healdsburg P.D. e meu melhor amigo — entra na minha sala, com uma pasta em mãos.
— Heights, temos um caso novo. — me entrega os arquivos, sentando na cadeira à minha frente.
— Bom dia para você também, Jared.
— Bom dia, Alex. Sua cara não está nada boa, dormiu pouco? — assinto.
— Me dediquei aos casos das garotas desaparecidas. — suspiro. — Me fale mais sobre o caso.
— Os corpos de três garotas já foram encontradas na floresta.
— Três? Por que só agora fui comunicado? — questiono, mal humorado.
A dor de cabeça costuma me deixar assim.
— Foram encontrados pela manhã, os três. Foram bem escondidos na floresta. Uma semana de diferença entre cada um.
— Quem os encontrou? — questiono.
— Algumas pessoas que faziam trilha pela região.
Passo os olhos pelos papéis e vejo as fotos. Todas parecem seguir um padrão: loiras, olhos claros, magras e com cabelos longos. Até que, ao olhar bem, reconheço alguns rostos.
As três estão entre as quatro garotas desaparecidas. Estava investigando e estudando seus casos ontem.
Clarice Evans, Lisa George e Blair Stevens.
— Essas garotas estavam desaparecidas. — constato. — As famílias foram comunicadas?
— Sim. Inclusive já fizeram o reconhecimento dos corpos.
— Temos que começar as buscas e os interrogatórios. Câmeras de seguranças estão sendo analisadas? — assente.
— A faculdade, onde Clarice e Blair foram vistas por último, já cedeu as imagens. A loja, onde Lisa foi vista por último, ainda não cedeu.
— Merda. — bufo, irritado. — Irei dar um jeito nisso.
— Parece que devemos ficar de olho nas loiras da cidade. — comenta.
— Seja lá quem for, já sabemos qual seu padrão. — suspiro. — Já foi feita a autópsia dos corpos?
— Todas elas foram esquartejadas e apresentavam sinais de luta corporal. — explica, mostrando os detalhes nas fotos. — Haviam hematomas nos braços, pernas, pescoço e seios. Haviam sinais de violência sexual em todas elas... — suspira. — Porém, não acaba aí. Olhe essas fotos. — pega a pasta da minha mão e tira três fotos dela, uma de cada corpo e coloca sob minha mesa.
Olho para os corpos, procurando por algum detalhe. Até que o vejo. Um nome, gravado nos braços de cada uma das jovens.
— Valentina Hale. — pronuncio, em voz alta.
— Exatamente. Fizemos uma pesquisa sobre essa garota. — entrega mais uma pasta. — Tem as mesmas características físicas das outras garotas. Órfã, mora sozinha desde que se mudou do orfanato onde foi criada, em Detroit. 24 anos, assim como as vítimas encontradas.
— Ela já foi intimada para depor? — nega. — Os policiais já foram até a casa dela?
— Ainda não. — reviro os olhos.
— Precisamos coletar o DNA dela para os exames, verificar seu álibi... — me corta.
— Alex, você acha que ela seria burra o suficiente para se entregar assim? — ri, sarcástico. — Escrever o próprio nome nos corpos?
— Ainda não temos pistas. Não posso tê-la como inocente apenas por isso, Jared. Ela pode ser culpada, não é um nome, que aliás, é dela, que irá inocentá-la. — dou de ombros.
— Certo. Irei providenciar tudo. — fecha as pastas, as colocando sob minha mesa. — Mesmo assim, não creio que seja ela.
— Se não for, iremos descobrir. — dou de ombros, me erguendo e vestindo o blazer outra vez.
— Então, teremos de protegê-la. Ela corre perigo.
— Isso se não for ela própria. — dou de ombros e o vejo revirar os olhos.
— Quem quer que seja, tem como objetivo chegar até ela.
— Eu sei. — pego os papéis, sob seu olhar confuso.
— Para onde você vai, Alex? — questiona, ao me ver sair.
— Irei até Valentina Hale.
Ao acordar, já pela manhã, sorrio, ao ver Alex ao meu lado, com um de seus braços em torno da minha cintura. Em um sono tranquilo, calmo. Seus fios escuros estão bagunçados, seus lábios rosados estão entreabertos, seu corpo nu é uma bela visão.Lembro-me da noite passada. Posso afirmar, com toda certeza, que foi incrível. Nossa conexão, nossa química, é simplesmente perfeita. Nossos sentimentos, recíprocos. Em momento algum, poderia imaginar que meus sentimentos por ele são recíprocos. Porém são, ele mesmo admitiu. E me sinto tão animada, tão feliz. Aos poucos, finalmente, estamos nos entendendo.Eu poderia me sentir culpada por Alex ainda estar com Ember, mas por incrível que pareça, não me sinto. O que ela fez, forjar sua morte e retornar como se ainda o amasse, foi bem pior, e duvido muito que ela sinta-se culpada.E ver Alex tão tranquilo, tão bem, me faz pensar que talvez, ao ver os papéis, provas de que Ember não está f
Quando Ember se foi, apesar do nosso término e das constantes discussões entre nós, eu a amava. E por esse amor, por consideração à tudo que vivemos, fazia tudo por ela. Se me pedisse algo, ou precisasse de mim, eu estaria lá, para ajudá-la. Pois no fundo, sentia que era um dever. Que eu deveria ajudá-la. Eu carregava a culpa, pelo nosso término conturbado, pelo bebê, por a bagunça que sua vida se tornou após tudo isso. E quando o acidente aconteceu, alguns anos atrás, senti-me culpado. Pois eu acreditava que, caso fosse buscá-la, ela estaria viva. E carreguei essa culpa, chorei e sofri pela sua morte.Quando voltou, e disse para mim tudo que aconteceu em seus anos afastada, senti que deveria fazer algo por ela. Ember ficou anos sem memória, sem a oportunidade de viver uma vida comum. E para mim, mais uma vez, era minha culpa. E por essa razão, aceitei voltar com Ember.
Avery Thompson Stirling.Ember Payton.São literalmente a mesma mulher.Estou surpresa, confusa e animada com essas descobertas. São pouco mais de nove da noite, passei o dia inteiro trancada na biblioteca, deixando meu lado stalker agir. Por horas, pesquisei tudo. Sobre Ember, sobre Avery.Descobri bastante.Ember Payton Thomas, uma jovem mulher de dezenove anos, foi dada como morta em um acidente, em vinte e um de maio, no ano de dois mil e onze, oito anos atrás. Nenhuma das pessoas que estavam naquele veículo — três garotas, incluindo Ember, e um garoto — conseguiu escapar com vida.Então, Ember está viva. Porém, de acordo com as testemunhas e vídeos de câmeras de segurança — de acordo com o que os jornais da época apontam —, haviam quatro pessoas no carro. E os quatro corpos foram encontrados, incluindo o de Ember. Então se ela está viva, como seu corpo foi encontrado? Simples, uma morte forjada. Alguém cons
Deixando para trás uma Ember furiosa e irritada, vou para meu quarto. Ao entrar, me deito na cama, ao lado de Hades, que toma banho, tranquilo. As vezes eu queria ter sua vida, tranquila, sem preocupações ou problemas. Estou exausta, cansada, preocupada com meu melhor amigo e de certa forma, com medo. Aidan não é o assassino, então quer dizer que o real culpado está em algum lugar da cidade, em liberdade.E como se não bastasse, mais um problema em minha vida. A namorada de Alex e seu ciúmes doentio, suas ameaças para mim. Não sou uma pessoa estressada, não gosto de brigas, mas essa mulher consegue tirar minha paciência por completo. Com suas ameaças, seus chiliques, seu ar de superioridade. E isso para mim, aturar seus ataques de ciúmes, é demais. Não me controlei e bom, não me arrependo.Não posso mentir, não vou negar. O que disse, em relação à Alex, realmente me machucou. Por mais que eu soubesse que éramos nada mais que um simples caso
— Aidan é inocente. — Alex fala.Não consigo falar nada. Estou tão confusa, atordoada. Aliviada, por ter a certeza da sua inocência. Triste, por sua recaída, e arrependida, por tudo que disse, por acusá-lo.Quando nos conhecemos, ele havia acabado de perder sua mãe e irmã em um acidente, onde foi o único sobrevivente. Aidan não conseguiu aceitar a morte delas, achava que era o culpado, quando na verdade, a culpa é do bêbado irresponsável que invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo deles.Meu amigo começou a usar drogas. Cocaína e principalmente heroína. Tornou-se outra pessoa, se afastou de mim, saía e retornava após dias, machucado, sem dinheiro, pedindo por mais, precisava alimentar seu vício. Trancou a faculdade, perdeu seu emprego, foi despejado do seu apartamento, estava com os aluguéis atrasados. Morou comigo e com Julie, em nosso apartamento.Demorou um pouco até que aceitasse ajuda. Ele não conseguia entender e aceitar que
Eu já imaginava que isso iria acontecer, porém não poderia imaginar que me sentiria tão afetada, tão triste. Sim, foi apenas uma noite, mas me apeguei. E tudo isso resultou em uma bela decepção. Culpa minha talvez, por ser tão imbecil, por me apegar tão facilmente.Após alguns segundos em silêncio, me afasto dele. Levanto-me do seu colo e tentando não chorar, ou demonstrar como aquilo me afetou, vou para meu quarto. Ouço Alex me chamar, mas não respondo. Entro em meu quarto e me deito em minha cama.Alex sempre foi apaixonado por Ember. É nítido desde a primeira vez em que conversamos sobre ela, desde que vi seu retrato, na minha primeira noite nessa casa. Lembro-me da nossa conversa naquela lanchonete, dias atrás. Ele sempre a amou, e agora, finalmente poderão viver esse amor. Agora, livres e deixando para trás o passado contu
Último capítulo