Após cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa de um dos maiores traficantes de drogas de Los Angeles, Christian e Oliver foram chamados para uma ocorrência de assalto a mão armada, com possíveis reféns.
Em frente a famosa joalheria Tiffany & Co, localizada na Rodeo Drive, já tinha outras equipes de polícia, e Jason conduzia as negociações com os três assaltantes.
Na equipe de suporte, Christian e Oliver ficaram juntos ao cordão de isolamento. Através da porta e janelas de vidro blindado, era possível ver funcionários e clientes da loja deitados no chão e na mira de fuzis. Caos, pânico e gritaria.
Jason não estava avançando nas negociações. A prioridade é sempre a vida das vítimas. O assaltante que se apresentou como Big Mike era o chefe da quadrilha formada por mais dois meliantes. Ele exigia a presença da imprensa e um helicóptero para fuga. Duas coisas ridículas. No entanto, a imprensa já estava no local.
Jason abriu o mapa da planta da loja sobre o capô de uma das seis viaturas presentes no local. Ambulância e paramédicos também aguardavam o desfecho do caso.
Cercado por policiais, Jason procurava por uma saída. Minutos antes o prefeito já tinha dado o sinal verde. Se preciso, os criminosos não deveriam ser poupados.
Sob o sol escaldante, Christian sentia os efeitos da ressaca. A cabeça doía e o estômago embrulhava. Ele olhou para a garrafa de água gelada na mão de Oliver, mas se recusou a pedir um gole. Preferia morrer de sede.
Atento a movimentação dentro da loja, Oliver estendeu a garrafa de água para Christian.
- Beba, antes que você desmaie.
- Eu não quero pegar alguma doença.
Oliver virou a cabeça para o lado e olhou para Christian. Não era a hora e nem o lugar para uma discussão, mas aquilo foi a gota d'água.
- Homossexualidade não é doença.
- Ninguém vai me convencer do contrário.
- Doença é a sua homofobia. Aliás, eu vi a forma como você me olhou no chuveiro. Você não passa de um enrustido de merda.
A primeira reação de Jason e de todos os outros policiais, foi incredulidade. No meio de uma negociação com reféns, Christian e Oliver rolavam no chão trocando socos e pontapés.
A briga acirrada entre os dois policiais de porte físico acima da média, evoluiu rapidamente para um embate violento e sangrento.
Jason e o resto da equipe formaram um círculo em volta de Christian e Oliver, e com muito esforço, conseguiram separar os dois. Os flashes da imprensa dispararam por todos os lados.
Puto da vida, Jason deu a ordem:
- Algeme os dois, e jogue eles em uma cela no Departamento.
Christian e Oliver tentaram resistir as algemas. Jason pegou Christian pelo colarinho da camisa e o enquadrou contra a viatura. Ele vociferou:
- Eu te avisei, Christian! Você acabou de jogar a sua vida no lixo!
Christian se debateu, tentando se soltar.
- Foi ele quem começou!
Jason olhou para Oliver que estava sendo colocado dentro da viatura, e voltou a fuzilar Christian.
- Esse espetáculo vai sair caro. A partir do momento que eu mando e não sou obedecido, é porque eu não estou fazendo o meu trabalho direito.
Jason deu um tapinha de leve no rosto de Christian e sorriu.
- Assim que eu terminar aqui e voltar para o Departamento, você vai descobrir que estava no céu e não sabia, Christian.
Jason olhou para Brooklin.
- Sem água, sem comida e sem atendimento médico.
- Sim, chefe.
Jason retomou as negociações. Se falhasse, estaria ainda mais fodido.
Christian e Oliver foram colocados em celas separadas, e ainda assim, trocavam xingamentos através da grade de proteção. Os dois sangravam pela boca e nariz, e suas armas foram apreendidas.
O policial do turno, Gabriel Tanner, bateu com o cacetete na grade.
- Já chega dessa lavação de roupa suja, meninas. Jason vai comer o rabo de vocês dois por má conduta, falta de ética, desrespeito, irresponsabilidade, interferência e agressão. Guardem suas energias para quando o chefe voltar.
Christian sabia que estava na merda, mas ainda assim, ele não recuou.
- Vocês não podem me prender! Isso é abuso de autoridade! Eu tenho os meus direitos!
- Quer que eu ligue para a Mel?
"Era só o que faltava." Christian pensou.
- Não.
- Então, fica quietinho na sua cela.
Oliver sentou no chão da cela e cuspiu sangue. O corte no lábio inferior doía muito. Ele limpou o nariz na manga da camisa suja e rasgada. Oliver nunca foi agressivo, mas Christian conseguiu tirar ele do sério.
Sua arrogância e prepotência são grandes demais para deixar passar em branco. Em um momento de fúria, Oliver colocou tudo a perder. Todos os anos que sofreu para se tornar um policial civil exemplar, foram jogados fora por causa de um homofóbico filho da puta. O estrago que fez no rosto negro de Christian, era o seu único consolo.
Como um animal selvagem enjaulado, Christian andava de um lado para o outro na cela. De vez em quando ele lançava um olhar raivoso para Oliver, a fonte da sua desgraça iminente. Jason não seria tão piedoso dessa vez. Se tem uma coisa que o chefe leva muito a sério, é a sua liderança.
Anoitecia quando Jason retornou para o Departamento. Foi necessário colocar em prática todos os seus vinte e cinco anos de experiência como policial para conseguir um desfecho favorável nas negociações. Os assaltantes se renderam e os reféns foram liberados sem ferimentos.
Jason estava exausto e ainda precisava lidar com Christian e Oliver. Os dois são excelentes policiais e não podem ser dispensados. Não importa quem começou a briga, Jason colocaria um ponto final nas diferenças entre Christian e Oliver. Um sorriso divertido surgiu nos lábios do Chefe de Polícia, ao ter uma ideia brilhante.