O retorno

16-07-2022

O sol começava a se pôr sobre o Jardim Dourado quando ouvi um carro estacionar e ao olhar para a garagem, pude ver Murilo descendo e Carlos tirando sua bagagem do porta malas.

Eu estava sentada na beira da piscina, esperando justamente esse momento, mas agora que ele chegou, uma sensação ruim se apoderou do meu peito. Pronta para correr, quando a voz firme de Murilo ecoou atrás de mim.

— Erica. - Ele pronunciou meu nome, uma sentença que me fez estremecer. 

Lembranças das palavras dele sobre a noite que se aproximava se materializaram, fazendo com que eu me levantasse abruptamente.

Com pressa, olhei em seus olhos e corri para dentro da casa, tentando escapar do inevitável, mas meus passos foram seguidos de perto por Murilo. Ao chegar no meu quarto, eu mal tive tempo de tentar fechar a porta antes que Murilo me detivesse com um gesto rápido.

— Não pense que pode escapar, Erica. Você sabia que esse momento chegaria. - Murilo declarou, sua voz cortante como uma lâmina.

O desespero tomou conta de mim enquanto eu olhava ao redor em busca de uma saída. No entanto, a realidade cruel era que não havia para onde correr. 

— Se prepare e após o jantar, vá para o quarto. Hoje, você passará a noite lá.

Ele parecia calmo, como se não estivesse me obrigando a fazer algo que não queria. Senti meus novamente encherem de lágrimas, mas só as deixei escorrer pelo meu rosto quando ele se retirou do meu quarto.

Eu estava assustada. Não tinha me envolvido com ninguém até agora, só uns beijinhos escondido de Stenio e Theo na escola. Mas eu sabia que não tinha que escapar disso e sentindo um peso no coração, fui até o banheiro me preparar. 

Após terminar, Maria veio informar que o jantar estava pronto e se retirou. Encarei a porta do quarto sentindo um calafrio e saí, descendo para a sala de jantar, encontrando Murilo sentado na cabeceira da mesa enquanto olhava algo em seu celular.

Puxei a cadeira que estava ao lado, onde Maria havia se organizado e me sentei, mantendo meus olhos fixos no prato. Maria trouxe a comida e eu me servi junto com Murilo, em um silêncio desconfortável. 

Comemos sem trocar uma única palavra e ao finalizar, Murilo foi para o escritório e eu fiquei à mesa. Queria adiar o quanto mais fosse preciso, mas eu sabia que Maria só estava esperando eu terminar para poder organizar a mesa e cozinha e enfim  ir embora. 

Me retirei da mesa e fui até a varanda da casa, vendo o lindo jardim contornando a fonte. Era uma casa muito bonita. 

Olhei para o céu, vendo as nuvens se formarem lá em cima, pesadas assim como estava o meu coração. Uma luz chamou a minha atenção e ergui o rosto, vendo que Murilo acendeu a luz do seu quarto. Suspirei, estava na hora?

Querendo que tudo acontecesse logo, juntei minha coragem e subi para o quarto. Passei pelo meu e parei em frente a porta da suíte, pensando muito antes de bater na porta. 

— Entre. - Sua voz fria e firme ecoou de lá de dentro e eu entrei no quarto, olhando para o chão, sem coragem de encarar seus olhos verdes e frios. 

Fechei a porta atrás de mim, erguendo os olhos e o encontrando apenas com um roupão preto e o seu cabelo molhado. O cheiro de sabonete masculino pairava no ar. Ele tinha acabado de tomar banho. 

Murilo me olhou de cima a baixo, vendo que eu ainda continuava com o vestido azul claro, que caia nos meus joelhos. 

— Tire a roupa. - Disse em um tom autoritário, pouco importando para como eu me sentia. 

— Eu… eu nunca fiz isso. - Disse, sentindo o nó na garganta. 

Murilo deixou o celular em cima da cômoda e deu passos firmes na minha direção, fazendo-me recuar com medo. 

— Tire a roupa, porque se eu tiver que fazer isso, você não gostará. 

Eu senti a ameaça em sua voz e desviando o olhar para o chão, tirei meu primeiro vestido, ficando apenas de lingerie preta.

— É para tirar tudo! - Falou, e estremecendo, alcancei o feixe do meu sutiã, sentindo minhas mãos trêmulas enquanto o tirava e deixava a peça cair. 

Não sabia se Murilo estava olhando ou não para os meus seios. Comecei a tirar a calcinha, fechando os olhos e respirando fundo. 

— Vá para a cama e se deite de costas. - Suspirei, caminhando apressadamente até a cama, sentindo a vergonha e humilhação me engolir. Eu nunca imaginei que a minha primeira vez seria assim. 

Murilo veio e parou na beira da cama, olhando meu corpo nú por completo antes de se inclinar e parar a centímetros da minha boca. Seus olhos se fixaram nos meus, como se quisesse deixar claro que nessa ação não existia nenhum desejo. 

De repente, senti seu dedo tocar a minha entrada e dei um pulo, tocando o meu peito com o seu. Meu coração acelerou enquanto ele franzia a testa. 

— Ou você relaxa, ou sentirá muita dor. 

— Como vou relaxar? Eu nunca me envolvi com um homem e está sendo tudo tão… - Fechei a boca mordendo um lábio quando ele adentrou um dedo, causando uma sensação de desconforto. 

Encarei Murilo, enquanto ele começava a mover o dedo, mas seu rosto permanecia sério, livre de qualquer expressão de prazer. A dor aos poucos foi dando lugar a uma boa sensação e quando estava me acostumando, ele inseriu outro, fazendo-me gemer baixinho de dor. Murilo continuou os movimentos e novamente meu corpo se acostumou, fazendo com que uma sensação quente e boa se acumulasse no meu ventre. Puxei o ar com força quando algo avassalador me atingiu e um gemido baixo escapou novamente. Minha visão ficou turva por uns segundos antes de voltar ao normal.

Murilo se moveu na cama e antes que eu pudesse reclamar, senti o seu membro entrando lentamente. Agarrei os seus braços em completo desespero, sentindo a dor alucinante me possuir. Nada da sensação gostosa que senti antes foi o suficiente para amenizar o que eu estava sentindo agora. 

Ele empurrou mais fundo até que um ápice de dor me tomou e tudo passou, apenas com uma leve lembrança enquanto ele se movia. Eu não conseguia sentir prazer nos seus movimentos, apenas um incômodo. Murilo acelerou o ritmo e eu fechei os olhos, esperando que acabasse logo. 

Minutos depois ele finalmente liberou seu líquido dentro de mim, rangendo os dentes para não emitir nenhum som. Após terminar, ele saiu de dentro e caiu ao meu lado, olhando para o teto. 

Limpei uma lágrima que havia escorrido pelo canto do meu olho e me preparei para levantar e me limpar, mas sua mão na minha barriga me interrompeu.

— Irei buscar o lenço para você se limpar, não saia da cama. - Disse se levantando, enquanto eu evitava olhar para o seu corpo nú. 

Murilo retornou com o lenço do banheiro e me entregou. Eu me limpei e ele fez o mesmo, indo até a cômoda e pegando o celular para verificar alguma coisa. Após mandar uns áudios em francês, ele voltou para a cama, fazendo meu coração acelerar. 

— Eu te disse que dormirá aqui essa noite. 

Murilo me virou de costas, introduzindo novamente os seus dedos em uma tentativa de me relaxar e quando finalmente aconteceu, ele o substituiu por seu membro. A sensação ainda era incomoda, um pouco dolorida, mas a cada vez que praticamos essa noite e madrugada, foi se tornando mais suportável. Em nenhum momento, Murilo expressou prazer, apenas quando estava se liberando dentro de mim. 

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