CAPÍTULO 5

“Amai, porque nada melhor para a saúde

que um amor correspondido...”

Vinicius de Moraes

ASSIM QUE DONOVAN ADORMECEU, teve um sonho muito estranho, mas era realmente bom, como se aquele sonho fosse real.

          Real até demais...

          Donovan sentia cada pulsação dada por seu coração, se tivesse beliscado seu braço, tinha certeza absoluta que o poderia sentir.

          Era real, mas não era natural...

          Pela primeira vez na vida Donovan sentiu ser um homem espiritual vivendo em uma dimensão carnal, sua vida toda tinha sido uma mera existência até aquele momento único. Parecia que Donovan tinha sido arrebatado para um lugar que ele ainda não conhecia, um lugar muito lindo, um jardim maravilhoso, suas flores com cores tão vivas quanto ele.

          Sem sombra de dúvidas aquele era o sinônimo de:

          Paraíso perfeito...

COMEÇOU A CAMINHAR PARA CONHECER o extraordinário lugar e a calmaria do ambiente chegava a incomodar sua alma, tal beleza não poderia ser tão inquietante, o que o deixou alerta, pois o silêncio em sua vida sempre significava que algo importante e não tão agradável, porém, o ruim ainda estava para acontecer, então começou a esperar pelo pior, mas não foi exatamente o que aconteceu, pois a única coisa ruim foi que aquele encontro teve um começo, mas teve um final repentino.

          Donovan viu uma sombra no alto do monte – ele não conseguiu ver seu rosto devido o sol ter-lhe ofuscado os detalhes dela –, apenas viu a sua longa cabeleira dourada que se misturava com os raios do sol e um sorriso inesquecivelmente enigmático e único em seu semblante escurecido pelo reflexo do sol sobre ela.

          Que sorriso indescritível... brilha como o sol...

          Donovan tentou chegar até ela, mas como num passe de mágica, foi levada por um vento suave que passou por entre ela e a desfez como uma fumaça se desfaz ao ser soprada pelo vento, mas antes de que sua imagem fosse embora, ouviu sua doce voz cantar suavemente.

          — Me encontre, Donovan, me encontre além dos nossos sonhos...

ELE FICOU AJOELHADO, vendo-a partir, voando lentamente pelos céus – brincando por entre as nuvens e as estrelas que formavam um caminho longo, mas nada estressante de se seguir, até que por fim todo e qualquer rastro de sua existência se foi por completo, ele não sabia explicar porque, mas aquilo não era um adeus, era um sinal do que seria sua vida, e com quem.

          Nesse mesmo sonho, Donovan sentiu aquela mesma sensação da qual acordara na manhã anterior, um calor dentro do seu coração que ele não sabia explicar direito o que era – só sabia que era tudo muito bom.

DONOVAN ACORDOU e era uma manhã belíssima.

          Sentou-se ao piano e dedilhou algumas notas para aquecer seus dedos, pois naquela tarde teria um conserto ao ar livre – um pouco antes do jantar – precisava entrar no clima desde os primeiros instantes do seu dia, na sua visão, o show era uma extensão de como tinha sido seu dia, e pelo começo que teve, o show seria o melhor que já tinha feito em toda a sua vida.

          E como se fosse uma premonição, aquele foi um dia extraordinariamente especial.

          Donovan sempre foi assim quando tinha que tocar, indiferente do local, tinha que acordar no clima do concerto, precisava meditar em cada nota, suavizando sua mente para que seus dedos corressem levemente pelo teclado, fazendo cada nota única aos ouvidos dos espectadores.

O MAESTRO PAUL SAINT–JOHN ligou e pediu para que Donovan chegasse um pouco antes do concerto começar, pois gostaria de trocar algumas poucas palavras com ele, nada muito sério, coisas mais relacionadas a eles do que ao show, mas era coisa boa, não era para ele se preocupar.

          Donovan confirmou que estaria lá e desligou.

GERDA TROUXE O CAFÉ DA MANHÃ e colocou em cima da cauda do piano, mas ela já estava acostumada com aquilo, era como se ele estivesse em transe quando tocava o telefone e ela fosse um mísero fantasma em sua presença.

          Esse menino tem que se alimentar melhor, não dá para só viver de música...

ME ENCONTRE DONOVAN... além dos nossos sonhos...

          — Cara!!! Que loucura... – disse para si mesmo ao acordar de seu transe, já era a oitava vez que se pegava fora de si imaginando aquele sonho e sua voz inconfundível.

          Ele não tinha a mínima ideia de por onde iria começar sua jornada, mas sabia que de algum jeito tinha que trilhar aquele caminho.

DONOVAN ALMOÇOU TRANQUILAMENTE e foi ao encontro com seu amigo maestro.

          — O que acha de tocar em Veneza comigo? Vou reger a orquestra filarmônica de Veneza, seria uma experiência única em sua vida.

          Donovan aceitou na mesma hora e, ficou lisonjeado pelo convite, afinal, era mais um grande sonho que se realizaria...

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