21 Miguel

É impossível descrever a dor que estou sentindo.

Me levanto da cama e desvio de quem está dormindo no chão do meu quarto, abro a porta e começo a andar, acabo no banheiro me encarando no espelho, arrancaram um pedaço de mim, me pisaram destruíram e largaram no meio do mar a deriva. Começo a chorar e me agacho no chão, noto o barulho de passos e logo Alexandre está me abraçando, me arrastando para sentar no chão com ele, nós dois choramos, agradeço ao fato dele não tentar dizer nada, não falar uma palavra.

Não quis encarar Emanuel e Ísis hoje, nem pretendo por tão cedo, sei que eles não têm nada com isso, mas não quero olhar para eles, para encarar que, entre nós quatro, fui o escolhido para sofrer. Sei que quando amanhã começar os pais de Luciana vão estar programando um enterro, que não vou ter quem eu preciso, ninguém vai responder minhas mensagens ou meus eu te amo, não vai ter ninguém nunca mais, e nem ao menos um pedido de namoro descente foi feito.

Um c

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