POV Enrica
O frio da floresta era como agulhas. Cada folha que cortava minha pele parecia querer me lembrar que eu ainda estava aqui, viva… fugindo.
O ar entrava e saía com dificuldade. Meu peito ardia. O colar apertava a garganta como um castigo, como se soubesse que eu estava tentando negar o que não podia ser negado.
Então, aconteceu. Um uivo.
Não era um som comum. Era grave, profundo, reverberava por entre as árvores como algo que não pedia atenção — exigia. E meu corpo respondeu.
As pernas travaram. Os dedos se fecharam em punhos. Os olhos se arregalaram. O coração parou por um segundo. O sangue correu quente demais. Frio demais. Como se meu nome tivesse sido sussurrado por algo que me conhecia por dentro.
Não consegui me mexer. Como se algo invisível tivesse se enroscado nos meus ossos. Eu não queria responder. Mas já estava respondendo.
— Não… — sussurrei, entre lágrimas e fôlego curto. — Por favor… não.
Virei o rosto. Não queria olhar. Mas olhei.
Entre as árvores, uma sombra s