"Ser pai é proteger. Não ferir. Não destruir."
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O ar era denso, o chão frio, e o tempo parecia congelado naquele cativeiro de paredes mofadas. Sophia não sentia o cheiro, ainda com os efeitos da gripe — mas sentia o gosto da angústia. Doía em cada célula. Helena estava caída no canto, desacordada há tempo demais.
Sophia, mesmo com os pulsos amarrados e as pernas dormentes, arrastou a cadeira para perto dela. Com o corpo colado à parede, esticou os dedos e tocou levemente o braço da mulher que se tornara seu porto seguro.
— “Helena...” — ela sussurrou, baixinho, com a voz embargada — “por favor... me responde.”
Nada. As lágrimas desceram.
— “Não me deixa sozinha... por favor... não você...”
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Foi quando a porta rangeu. Dois capangas entraram primeiro. E por trás deles...
A figura que assombrou as lembranças mais confusas de Sophia.
Terno alinhado. Cabelos grisalhos bem penteados. Olhar de aço. Ele parou em frente à jovem de olhos vermelhos e rosto machucado.
— “Faz tempo...”
Sophia