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No grande salão de festas, não havia distinção entre Bourbons, Canossas ou Orsinis. Havia apenas preto, branco e cinza — todos vestidos de acordo com o esquema de cores nos convites. O mar de espectadores, formados pelos maiores patrocinadores da escola, ex-alunos, professores e alunos com seus convidados, estavam assistindo ao palco onde Lorenzo estava sozinho sob o holofote.

Naquele oceano, o sr. Wilgard assistia, sua nova mulher Michelle ao seu lado, que segurava seu braço. Atrás de Lorenzo, Darci e outros garotos de seu dormitório começaram a tocar a música. Os outros Hall’s Babbler, que perderam a apresentação de abertura devido a seu atraso em organizar tudo, agora observavam das coxias, assistindo-o.

Enquanto sua deixa para começara cantar If I Die Young se aproximava, Lorenzo olhou para seu pai uma vez — a única vez em toda a apresentação — antes de começar.

If I die young bury me in satin (Se eu morrer cedo, cubra-me com cetim)

Lay me down on a bed of roses (Deite-me numa cama de rosas)

Sink me in the river at dawn (Afunde-me no rio ao amanhecer)

Send me away with the words of a love song… (Envie-me para longe com as palavras de uma canção de amor...)

Oh…

O público começou a sorrir. De onde estava, o sr. Wilgard demonstrou uma minúscula surpresa, enquanto sua nova jovem esposa, que tinha um ar de certa forma adorável, sorria largamente. Lorenzo não os notava mais.

Lord make me a rainbow, I'll shine down on my mother (Senhor, torne-me em um arco-íris, brilharei sobre minha mãe)

She'll know I'm safe with you when she stands under my colors, oh and (Ela saberá que estou seguro com você quando estiver sob minhas cores, oh e)

Life ain't always what you think it ought to be, no (A vida não é sempre o que você acha que ela deveria ser, não)

ain't even grey, but she buries her baby (Nem é grisalhar, mas ela enterra seu bebê)

The sharp knife of a short life, well (A afiada faca de uma vida curta, bem)

I've had just enough time… (Tive apenas o tempo suficiente...)

Os Hall’s Babbler se entreolharam, sorrindo cutucando o cotovelo um do outro. Lorenzo sempre fora distante e um pouco frígido, mas, pela primeira vez, ele o ouviram cantar com vulnerabilidade. Independente do que eles pensavam dele, ele era muito bom.

If I die young bury me in satin (Se eu morrer cedo, cubra-me com cetim)

Lay me down on a bed of roses (Deite-me numa cama de rosas)

Sink me in the river at dawn (Afunde-me no rio ao amanhecer)

Send me away with the words of a love song… (Envie-me para longe com as palavras de uma canção de amor...)

The sharp knife of a short life, well (A afiada faca de uma vida curta, bem)

I've had just enough time… (Tive apenas o tempo suficiente...)

Klaus e Brayan estavam nas coxias, Klaus próximo da cortina enquanto Brayan se inclinava contra uma mesa, assistindo a Lorenzo sem expressão. Klaus olhou para ele e, com um sorriso breve, perguntou:

— … está orgulhoso dele?

Brayan o olhou.

— … não exatamente.

— É por isso que você não me contou que você e ele... já namoraram antes? — perguntou Klaus cuidadosamente.

— Não te contei... porque eu não queria lembrar — respondeu Brayan. — Lorenzo era terrível ano passado... Não acho que eu seja capaz de perdoar ele. Ou até considerar perdoar.

Esse lado de Brayan maravilhava Klaus.

— Mas você protegeu ele do pai dele.

Brayan suspirou, ainda assistindo Lorenzo.

— … ele e eu temos isso em comum. Pais. Com problemas. — Ele olhou para Klaus agora e sorriu. — Você tem sorte de ter Bento.

— Você não tem ideia do quanto eu sei disso. — Klaus sorriu, encontrando seu pai de Claudia entre os espectadores, também escutando Lorenzo. Ele voltou-se para Brayan. — Você realmente deve ter gostado de Lorenzo antes, uh? Para odiar ele tanto agora?

— Eu achei que gostasse — admitiu Brayan. — Então eu só... sumiu. Quando ele me trocou por outra pessoa.

— Deixe-me adivinhar. O antigo segundo solista?

— … é. Ele, Lorenzo e eu... nós éramos amigos. No começo, Lorenzo gostava de mim, e a gente começou a sair. Quando ele começou a ficar, sabe... irritado, coisas começaram a mudar. Eu me afastei dele, porque quando se irrita, ele... — ele exalou — … as coisas ficam complicadas.

— Quando o antigo solista entra na história?

— Ele cuidou de mim, porque eu era novo. Nós nos aproximados. Eu pensei que amava ele também... acho que eu só queria alguém que me desse apoio. Eu tinha acabado de sair da minha antiga escola. No final, era Lorenzo de quem ele gostava. E vice versa. Eu basicamente só estava no meio dos dois. Então deixei os dois em paz.

— E então...?

— Lorenzo sabe que ele consegue cantar bem... mas quando nosso amigo ficou popular e começou a ser escolhido como cantor principal... ele ficou com ciúmes. Ele começou a ficar abusivo dele também. Nosso amigo acabou se aproximando de novo de mim, porque nós dois fomos vítimas da raiva de Lorenzo, e isso era estranhamente algo sobre o que podíamos conversar. E quando Lorenzo descobriu aquilo... que ele preferia ficar comigo do que com ele, bem... — Ele deixou a voz morrer.

Klaus balançou a cabeça, incapaz de absorver tudo o que estava escutando.

— Você tem um dos problemas amorosos mais complicadas que eu já ouvi. Você se encaixaria maravilhosamente em Meliano. — Ele pausou. — … é por isso que você tentou manter ele longe de mim? Está preocupado que ele vá fazer alguma coisa comigo?

— Pessoas não mudar da noite pro dia — disse Brayan, estudando Lorenzo. — Você viu como ele pode ficar. Ele está tentando, e tenho que admitir isso, mas... não estou pronto para deixar ele chegar perto de ninguém importante para mim de novo.

Klaus corou suavemente, olhando-o. Importante... para ele.

— Hm... entendo o que você quer dizer. — Klaus sorriu torto e voltou-se para Lorenzo, erguendo a cabeça um pouco. — Vou ficar bem. Você tem que parar de me proteger. É cansativo. — Sim, essa coisa de mentor-estudante é um pouco velha. E sei que tudo vai sumir com o vento se estou lendo isso tudo errado. Mas quero dar uma chance a isso tanto, você não tem ideia.

A mão de Brayan fechou-se na dele. Klaus ergueu os olhos. Brayan olhou para ele e sorriu ligeiramente.

— Ansiedade da separação. O que faço agora que não tenho que cuidar de você?

— Beija ele?

— Pede ele em namoro?

— Joga ele numa cama e deixa a gente trancar a porta e fugir da casa?

Os garotos de Bourbon olhavam os dois garotos furiosamente enquanto os ouviam conversar nas coxias, em especial Dimitri.

— Quer dizer, por favor, nada vai acontecer. Qual é a estratégia de emergência?

— Tentamos começar ela. — Os gêmeos piscaram. — Teríamos conseguido fazer alguma coisa, mas então teve aquele problema com o Lorenzo no corredor...

— Droga, Lorenzo! — grunhiu Dimitri.

Wen entrou na sala, parecendo depressivo. O tom de Dimitri mudou para simpatia.

— Sinto muito, cara. Mas você sabe que Darci ainda tem que conhecer uma líder de torcida gostosa sem pegar ela.

— Eu realmente gostava de Teresa! — protestou Wen. — Não acredito que ela está namorando ele agora! Capitão Lunático! É irritante quando a pessoa de quem você gosta é um pé no saco mas depois que você vê ela com outra pessoa, você se sente como se você fosse o pé no saco.

Duarte, que acabara de aparecer nos bastidores, agora franziu a testa.

— Sinto muito, mas acabei de entrar em um filme para adolescentes?

— Shh! — os outros sibilaram, apontando para Klaus e Brayan.

— Você vai conseguir ela de volta... — disse Dimitri, batendo no ombro de Wen. — Ela vai perceber que Darci é um idiota. Então ela vai voltar para você.

— Não, não quero que ela "perceba" que ele é um idiota. Quero fazer algo que vai fazer ela ver que eu sou a melhor opção — murmurou Wen. Ele suspirou. — Como você faz com Katherine.

Dimitri se inquietou.

— Entre nós, Katherine é a santa, não eu. — Ele olhou para os gêmeos. — O que eles estão fazendo agora?

— Lorenzo está quase terminando. O que significa que Brayan é o próximo. O que significa que é hora dele deixar Klaus de queixo caído para que ele se apaixone perdidamente pelo nosso monitor substituto predileto. O que consequentemente leva a uma melhora em todas as nossas vidas quando Brayan parar de resmungar para Dimitri e Wen, e Klaus parar de dançar com o assunto quando ele fala com Raul.

Quando Lorenzo terminou, o aplauso dado pela multidão, mais forte do que ele normalmente recebia, solidificava sua posição como um dos mais fortes cantores de Dallacorte. Ele sorriu um pouco, fez suas reverências, e assentiu para a banda de Canossa que o acompanhara. Ele olhou para as coxias. Brayan estava lá com Klaus, que era o único dos dois que aplaudia.

Lorenzo virou-se. Na multidão, ele não conseguia mais encontrar seu pai. Ele se perguntou se ele ficara até o final, ou se simplesmente fora embora. Ele saiu pela coxia oposta a aquela onde os Bourbons estavam. Foi quando Stella, sorrindo calorosamente, o abraçou e entregou-lhe um bilhete.

— Seu pai teve que ir embora. Mas ele me disse para te dar isso.

Lorenzo pegou o bilhete e o abriu.

"Você pode ficar mais um ano. Michelle quer você em casa para o Natal e o Ano Novo.

O bilhete amassou-se em sua mão quando ele a fechou. Ele respirou fundo, fechando os olhos, e assentiu para si mesmo. Ele voltou-se para onde Klaus e Brayan estavam. Eles estavam conversando de novo, e Brayan estava segurando a mão de Klaus. Lorenzo sentiu um aperto, uma onda quente que ele engoliu.

Ele caminhou até os bastidores, e saiu pela porta. Ele encontrou Darci esperando no lado de fora.

— Seu pai deu o fora — informou ele.

— Eu sei. — Lorenzo estendeu uma mão. — Eu te devo uma.

Darci olhou para a mão e colocou um recipiente de remédio nela ao invés de apertá-la. Lorenzo o encarou.

— Se você quer me agradecer, se controle. Não estou dizendo que quero você dopado o tempo todo... mas seria bom se você não explodisse em mim a cada cinco segundos.

Lorenzo olhou para o recipiente que prometia entorpecimento. Ele olhou novamente para onde vira Brayan e Klaus, e então de volta para o potinho em sua mão.

Se isso me deixar mais próximo dele... posso tentar. Tenho que tentar.

Klaus assistiu enquanto Raul conversava com Saulo, que lhe fora dito que era o irmão caçula de Brayan. Eles tinham suas semelhanças, mas Saulo era um livro aberto de expressões. E agora a expressão que ele estava direcionando a Raul era inestimável.

— Seu irmão tem alguma coisa nos olhos. — Klaus sorriu para Brayan, apontando para onde os outros dois estavam conversando. — Parece ser loucura. E é incrível o quanto Raul está corado. A capacidade emocional dele não consegue aguentar esse tipo de atenção. Seu irmão é sempre assim?

— Por favor, não me faça explicar. Eu adoraria, mas não posso. — Brayan suspirou enquanto batia em seu uniforme para se livrar da poeira dos bastidores. — Ele está além da minha compreensão. Meu único consolo é que ele só está aqui para o feriado e então vai voltar para sua própria escola no Colorado. — Ele sorriu para Klaus. — Mas me faz um favor quando eu for lá fora?

— O quê?

— Escute. — Brayan lhe lançou aquele sorriso que reduzia mortais a poeira. — Escute com cuidado. — E então ele entrou no palco.

Klaus encarou-o, aturdido e imaginando o que ele estava pensando. Ele ficou parado por um momento nas coxias, se perguntando se deveria ficar ou procurar por algum lugar com uma vista melhor entre a multidão.

Do outro lado dos bastidores, perto da porta, Darci olhou para Lorenzo.

— Não, cara. Não vai dar certo.

— Vou tomar o remédio, mas, antes disso, só quero contar para ele enquanto posso realmente falar direito — murmurou Lorenzo.

— Você não é cego, certo? Consegue ver ele olhando para Brayan agora, certo? — Darci o encarou. — Você ainda vai fazer isso?

— Tenho que fazer antes que ele faça. É só o que importa.

— Você não pode fazer isso na frente de todas essas pessoas! — sibilou Darci, indicando os outros Hall’s Babbler nos bastidores que se reuniram para assistir à apresentação de Brayan, que estava representando Bourbon.

Lorenzo o encarou.

— Assista. — Ele caminhou diretamente para Klaus. Darci grunhiu e entrou nos bastidores tensamente, fechando a porta.

Lorenzo respirou profundamente. Vou ser amaldiçoado se não falar nada... não depois de hoje quando ele ficou do meu lado.

Klaus ergueu os olhos quando sentiu alguém mover-se ao seu lado e quase pulou quando viu Lorenzo ali. Ele estava segurando um potinho em uma mão e o olhou com um sorriso.

— Posso... Posso falar com você rapidinho?

Como isso chamou a atenção dos restos dos garotos esperando nos bastidores, Klaus hesitou. Brayan já estava se preparando para tocar, e ele não queria perder isso.

— Hm...

— Você só tem que escutar. Não fale. Só escute.

Klaus olhou para o outro garoto, um pouco apreensivo.

— O quê?

A respiração de Lorenzo estremeceu quando ele exalou. Ele pegou as mãos de Klaus. As dele estavam quentes, enquanto as de Lorenzo continuavam frias. Com essa ação, Darci parou bem ao lado dos garotos de Bourbon.

— Ele vai mesmo fazer isso? Agora? Aqui?

— Que raios, Lorenzo...! — Wen deu um passo para a frente, mas Dimitri o puxou para trás.

— Não faça escândalo agora, cara... estamos no meio de uma apresentação!

— Vou apresentar o meu punho para a cara dele!

— Wen... shh!

— O que foi? — perguntou Klaus, franziu um pouco em confusão e sentindo-se inquieto.

— Klaus...

Brayan, depois de ser formalmente apresentado e fazer uma primeira reverência, sentou-se ao piano, obtuso ao que estava acontecendo. Ele estava sorrindo um pouco.

— Não diga isso... — murmurou Darci. — Não diga isso...

Lorenzo olhou Klaus nos olhos.

— Você não precisa responder, ou acreditar em mim. Só quero te dizer...

Brayan começou a tocar a música.

— … estou apaixonado por você.

Os olhos de Klaus se arregalaram em choque, a boca abrindo-se ligeiramente.

Darci afundou a cabeça em uma das mãos.

— … ele disse.

— Estamos mortos se Brayan descobrir! — sibilou Duarte. Wen ficou roxo e os gêmeos apenas encararam, os olhos quase saindo das cabeças. Mas Lorenzo apenas sorriu um pouco para Klaus, que não conseguia falar. Ele soltou suas mãos e foi embora, pegando duas pílulas do recipiente e engolindo-as ao sair do local.

E então Brayan começou a cantar.

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