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— Eu sei que ele está... e apesar de ele ter um bom motivo, não há necessidade — disse Klaus com um sorrisinho, lembrando-se de como à essa época no ano anterior ele teria matado para ter Filipe Hudson se preocupando com ele. — Na verdade, eu preciso que ele pare de ser tão neurótico. Já tem os problemas dele com que se preocupar. — Ele sorriu para seu pai de novo e lhe deu mais um abraço. Depois dos eventos de mais cedo, ele percebeu ainda mais o quão sortudo era por ter um pai como Bento. — Eu realmente senti sua falta.

— Se sente tanto a nossa falta, deveria vir pra casa — disse Bento, sorrindo um pouco, não exatamente brincando. — Você tinha que ir para um internato bem quando a gente encontrou uma casa com um quarto para cada um...

Klaus apenas riu.

Mais abaixo no corredor, Lorenzo encostou-se em uma das colunas, assistindo Klaus conversar com sua família. Darci estava por perto, ainda insatisfeito. Diferente de Lorenzo, Darci não estava usando o uniforme e sim elegantemente vestido em uma calça de pregas e uma camiseta de gola alta com uma jaqueta.

— O que você vai fazer agora? — ele perguntou ao outro garoto, que nunca tirava os olhos de Klaus. Lorenzo apenas sacudiu cabeça.

— Não tenho ideia.

Darci o olhou longamente, e então balançou a cabeça e olhou para seu relógio.

— Que seja. Tenho que procurar minha acompanhante. Vai ficar bem sozinho por dez minutos? — perguntou ele sarcasticamente.

— Cai fora, Darci — disse Lorenzo, endireitando a coluna e esticando o colarinho.

Darci deu dois passos, parou e se virou.

— … você tomou seus remédios?

— Sim — disse Lorenzo em uma voz insinuantemente educada. Mas ele forçou um sorriso para ele. — Estou bem, cara. Adoro minha neblina cinza de nada. Cai fora daqui, vai procurar sua acompanhante. Vou pegar o meu. — Ele sorriu e se afastou do seu amigo. Darci apenas revirou os olhos, balançando a cabeça ao seguir pelo corredor.

Lorenzo esperou ele ir embora e se virou novamente para onde Klaus estava, sem nenhum outro garoto de Bourbon. Apenas ele e os pais.

É claro que ele não tomara nada. Ele gostava de como se sentia quando estava perto de Klaus. Se ele estivesse entorpecido, ele não teria nada disso. Era a única coisa que ainda o fazia sorrir. E os outros simplesmente não entendiam isso.

Ao se aproximar, ele viu Klaus erguer os olhos. Para sua vasta surpresa, Klaus sorriu quando o viu. Por um momento, ele se perguntou de Brayan estava atrás dele. Ele olhou ao redor e não viu ninguém. Ele voltou-se para a frente e viu Klaus rindo suavemente.

Klaus estava feliz demais por estar com seus pais para ficar bravo qualquer pessoa hoje à noite. Ele virou-se para seus pais e disse:

— E falando dos Hall’s Babbler... — Ele indicou Lorenzo. — Esse é Lorenzo. Ele é um dos solistas principais.

— Boa noite, sr. e sra. Henke. — Lorenzo sorriu, genuinamente, pela primeira vez em dias. — Prazer em conhecê-los.

— Esse aqui a gente ainda não conheceu — disse Claudia, sorrindo apreciativamente para o garoto enquanto Lorenzo apertava a mão de Bento. — Apenas vimos alguns dos outros quando você fez sua mudança, certo, Klaus?

— Não, Lorenzo é de outro dormitório — explicou Klaus. — Brayan e os outros são do mesmo em que eu fico.

À menção do nome do seu rival, Lorenzo sentiu-se de certa forma rejeitado, mas ignorou isso com facilidade quando Klaus olhou novamente para ele com aqueles olhos azuis dele.

Ele disse para Bento:

— Ouvi dizer que o senhor trabalha com carros, sr. Henke.

— Me chame de Bento — disse ele com um aceno da cabeça. — E sim, trabalho.

— Klaus sabe alguma coisa sobre isso também? Porque até agora, só vi ele cantar e organizar algumas roupas bem malucas. — Lorenzo sorriu. Klaus olhou-o pasmado e bateu de leve no seu ombro.

Bento riu.

— Garoto, você devia ver ele quando peço que trabalhe naquelas roupas dele...

— Chamando a atenção dos Hall’s Babbler... — veio a voz da srta. Martini pelos auto-falantes. — Por favor, reúnam-se no camarim em cinco minutos. Obrigada.

— Ah... não é sempre assim... — Lorenzo sorriu, olhando para o palco. Ele olhou para Klaus. — Sua grande estreia.

— Sim, é... — Klaus suspirou, sorrindo abertamente. — Finalmente. Só precisei de algumas semanas para chegar ao meu lugar de direito — disse ele, ao que Lorenzo riu.

— Você vai ser ótimo — disse Claudia encorajadoramente. — Quebre a perna lá.

— Vamos? — perguntou Lorenzo para Klaus com um sorriso, e o contratenor assentiu. Ele olhou para os pais. — Vejo vocês depois?

— Até mais, pai — disse Klaus ao partir com o outro garoto.

Enquanto eles iam embora, Claudia tinha um sorriso compreensivo nos lábios ao assisti-los se encaminhar para o camarim.

Bento viu a expressão dela e franziu a testa um pouco.

— O quê?

— Não percebeu? — perguntou ela.

— Perceber o quê?

— O jeito com que Lorenzo sorria para Klaus. Ele parecia... realmente feliz.

— Então talvez ele simplesmente esteja realmente feliz — resmungou Bento, cruzando os braços. Em sua opinião privada, ele achou Lorenzo um pouco intenso. E que seu filho estava ficando um pouco popular demais. E por nenhuma razão aparentemente, ele de repente se pegou pensando onde seu revólver estava.

— Conheço esse olhar... — riu-se Claudia quando viu a expressão ele. — Não acha bom que as pessoas aqui gostem de Klaus? Certamente é melhor do que lá em Meliano...

— Contando que seja platônico — murmurou Bento sob a respiração. — Só não estou preparado para ter nenhuma conversa com Klaus agora sobre...

— Oi, sr. Henke! — Os pais ergueram os olhos para ver Brayan se aproximando deles com um sorriso. Ele também estava impecavelmente vestido em seu uniforme escolar. O rosto de Claudia imediatamente iluminou-se, reconhecendo-o.

— Olá, Brayan.

Bento apenas assentiu, sentindo outro "candidato" e se perguntando de onde esses garotos estavam aparecendo. Pelo menos desse Klaus parecia gosta. Brayan apenas sorriu.

— Fico feliz por conseguirem vir. Já viram Klaus?

— Sim, acabamos de ver ele — respondeu Bento, assentindo novamente. — Ele acabou de ir para o, uh, camarim. Com aquele outro garoto, qual o nome dele...? Lorenzo.

Claudia viu o alarme que passou pelos olhos de Brayan e sentiu-se um pouco preocupada. Ela cuidadosamente apontou para onde eles tinham ido.

— Você ainda consegue alcançar eles. Foram naquela direção.

— Obrigado, sra. Henke. — Brayan assentiu para Bento com um sorriso. — Até mais tarde, sr. Henke. — E quase incapaz de manter a compostura, ele sumiu da presença deles.

Bento, assistindo-o partir e um pouco horrorizado com a pressa, agora virou-se para Claudia.

— O que foi isso?

— Vamos, Bento... — Claudia colocou uma mão confortadora no seu braço e sorriu. — Acho que Brayan tem tudo sob controle.

— O quê? Como vocês sabe? — Ele olhou de volta para onde Brayan fora e então voltou-se para sua esposa. — Você realmente confia nesses garotos?

— Nem um pouco. Mas confio em Brayan o bastante para saber que ele vai cuidar de Klaus — respondeu ela com um sorriso. — Você viu quando eles foram visitar. Eles estão praticamente presos pelo quadril...

— Podemos não falar sobre isso agora, Claudia...? — Bento parecia estar sofrendo de enxaqueca. Rindo, Claudia o guiou até a área principal onde as mesas dos aperitivos estavam, sob holofotes de luz.

Brayan apressou-se corredor abaixo, pela primeira vez xingando o tamanho do enorme salão de eventos de Dallacorte. Ele nunca se sentira confortável em deixar qualquer um dos Bourbons sozinho com Lorenzo — apesar de como os gêmeos sustentavam uma amizade limitada com o monitor de Canossa lhe ser um segredo — muito menos deixá-lo sozinho com

Klaus. Ele não conseguia evitar lembrar-se daquela vez nas Seccionais em que Klaus voltara tremendo e em que Lorenzo cortara a mão.

Algo acontecera antes, e algo ia acontecer agora.

— Brayan... Brayan!

Ele parou com a voz familiar e se virou. Alguém estava correndo até ele, sua jaqueta cinza brilhante novamente desarrumada e sua camiseta fechada pela metade. Brayan observou com surpresa e confusão essa pessoa que ele não exatamente estava esperando.

— Saulo?

— Ei, irmãozão! — O garoto sorriu. Ele era na verdade mais alto que seu irmão, mas tinha o mesmo cabelo escuro cacheado. O de Brayan fora domado com gel, mas os cachos de seu irmão estava livres. Ele era o contraste de Brayan: enquanto Brayan estava perfeitamente arrumado, a aparência de Saulo era totalmente desorganizada e a sua expressão inconstante. Brayan era baixo, entroncado e tinha compostura, mas Saulo era mais alto, magro e langoroso. Mas ambos apresentavam uma notável semelhança. Saulo esticou o braço, arfando, e colocou a mão no ombro do seu irmão. — Te achei!

— Você não devia estar no Colorado? — perguntou Brayan, confuso, olhando-o.

— Devia. — O recém-chegado deu de ombros com um sorriso, os olhos cinza-esverdeados brilhando com travessura. — Voltei antes para as férias! Internatos são uma droga.

Quer dizer, o meu, não o seu. Já viu a mãe e o pai?

Brayan pausou apenas arregalando os olhos levemente.

— … o pai veio?

— Sim. — Saulo suspirou. — Estão falando em nos levar para a Costa Oeste nas férias.

O sorriso de Brayan endureceu.

— Não vou a lugar nenhum com o pai nas férias, Saulo.

— Por favor? — implorou Saulo, olhando-o, imediatamente perdendo o sorriso. — Vamos lá, Brayan, você podia ao mesmo tentar. Não acha que já é hora e você e o pai...

Brayan tirou a mão de Saulo de seu ombro, balançando a cabeça brevemente.

— Não. Acho que o que aconteceu na festa de Ação de Graças no ano passado foi o bastante.

— O pai só...

— Ele insistiu em tentar me ajeitar com uma garota! Isso já não diz tudo?

— Tudo bem, ele fez isso. — Saulo suspirou pesadamente. — E sim, admito que foi uma putisse colossal da parte do nosso pai. Se faz você se sentir melhor, nunca senti tanta vergonha alheia do que quando Jessica Simpson perguntou se asas de búfalo eram de búfalos.

Brayan sorriu um pouco e bateu no ombro de seu irmão.

— Olhe pra gente. Faz séculos que a gente se viu e é disso que estamos falando. Você está bem?

— Ah... o mesmo. Entediado. Estudando. Entediado. Esportes. Entediado. — Ele pausou. — Comecei a namorar de novo.

Brayan arqueou uma sobrancelha. Saulo ficou vermelho.

— Não olhe assim para mim, Brayan. Você levou a bala por mim, posso muito continuar com o bom comportamento.

— E você ainda pergunta porque não quero voltar para casa.

— Não faça isso, Brayan, vamos lá, por favor? — Saulo parecia perdido. — Sei que o pai... bem, que ele tem sido duro com você. Mas pense na nossa mãe! Pense em mim!

Queremos ver você, cara... você não pode fugir das férias de novo. Veja, todos viemos te ver hoje. — Ele lançou-lhe um sorriso enorme, abrindo os braços, preparação para engolfá-lo em um abraço gigantesco. — Não faça isso. Venha para casa.

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