Pedro Hernandez
Respiro fundo e abaixo o pincel, deixando ele tocar a minha camisa e deixando uma marca de tinta branca. Não é algo que eu me importe muito no momento. Deixo as tintas e o pincel na maleta e corrijo a postura. Abby tem uma escrivaninha em seu quarto e eu me apoio nela enquanto observo Victor tentando pensar na melhor maneira de falarmos sobre isso. O cheiro das ondas invade o quarto e, por um segundo, me faz desejar que leve com ele todas as mágoas que temos, o estresse que temos passado e todas as dores que enfrentamos.
— Coisas terríveis. — Minha voz é um sussurro abafado por dor de ter que relembrar toda hora que ele tocou na minha filha. — Há várias vítimas dele. Crianças, Victor… — Levanto a cabeça para o olhar.
Seus olhos estão arregalados, fixos em mim. Victor tem uma respiração ofegante, causada pelo impacto das minhas palavras. Nós dois temos filhos pequenos. Duas crianças. Mas apenas uma delas foi tocada por aquele monstro.
— Ele…? — Sei o que quer pergunt