CAPÍTULO 01.

Eu estava em casa, deitada no sofá assistindo um progama qualquer na tv. Mais na verdade eu não estava prestando atenção em nada do que passava, minha mente estava distante. Longe de tudo aquilo.


O que eu faria agora?


Já fazia muito tempo que eu não tinha esse sentimento de solidão, era quase a mesma sensação como quando saí de casa com dezoito anos. Pelo menos dessa vez eu não era apenas uma menina, ingênua e perdida tentando ganhar a vida. Agora eu já era uma mulher e podia dar a volta por cima, mais como fazer isso quando o chão é tirado dos seus pés? De onde tirar forças novamente quando parece que a vida insiste em te jogar no chão?


De repente a campainha tocou, resmunguei para mim mesma colocando a almofada no rosto e fechei os olhos com força. Seja lá quem for eu iria ficar quietinha aqui, talvez desistisse e fosse embora. Eu não queria ver ninguém a essa altura.


Mais a pessoa não desistia, tocou várias vezes e eu fui obrigada a me levantar. Xinguei um palavrão e fui até a porta.


A julgar pela teimosia sabia exatamente de quem se tratava.


Assim que abri me deparei com Sarah a minha frente.


- Você ficou surda? -perguntou passando por mim e entrando no apartamento- ou esqueceu como se abre uma porta?


Suspirei e fechei a porta me virando para encara-la, cruzando os braços com cara de poucos amigos.


- E não te ocorreu que se eu não abri é por que não queria companhia? -falei enquanto ela andava pela minha sala não ligando para absolutamente nada do que eu dizia-


- Isso até passou pela minha cabeça, mais eu não liguei.


Revirei os olhos e e caminhei de volta para o sofá bufando frustrada.


- Vá se arrumar, nós vamos sair.


Para mim ela estava mais mandando do que fazendo um pedido formal, parecia até minha mãe.


- Sem chance -falei me jogando no sofá ao lado dela- não estou com saco pra sair.


- Não te perguntei nada -disse se levantando e puxando minha mão fazendo eu me levantar também- eu mandei você ir se arrumar, chega de ficar trancada em casa. Vamos pra uma balada, ou você faz isso sozinha ou eu juro que eu mesma te dou um banho e eu mesma te visto.


Cruzei os braços soltando uma bufa resmungando baixinho vários palavrões querendo muito jogar a almofada que estava caída no chão na cara dela, qual o problema de eu querer ficar em casa?


Ok, talvez seja pelo fato de já terem se passado sete dias e eu estar um trapo. Mais o que posso fazer? Quem ama sofre.


- Scarlet anda logo -falou autoritária me olhando nos olhos, ela não parecia nenhum pouco disposta a mudar de opinião-


- Eu te odeio -resmunguei caminhando para o corredor que dava para o meu quarto, por que eu estava obedecendo ela mesmo sendo que já sou bem grandinha e vacinada?


- Odeia nada -gritou antes de eu fechar a porta- você me ama, por isso sou sua melhor amiga.


Revirei os olhos e fui me arrumar.


Uma hora depois mais ou menos eu ja estava pronta, usava um vestido preto curto que ia até metade da minha coxa, meus cabelos estavam soltos, fiz um delineado e passei um gloss, e nos pés um coturno preto.


- Ual -falou ela entrando no quarto- arrasou.


- Sim, mais ainda quero ficar em casa -disse olhando para ela pelo espelho- por favor Sarah.


Tentei fazer meu clássico beicinho, ninguém resistia a ele. Somente Sarah e o resto do mundo.


- Scarlet eu disse não, vamos pra uma balada e vamos nos divertir. Cansei de te ver nessa bad toda.


Droga, beicinho fálio com sucesso.


- Tudo bem -falei respirando fundo- então vamos logo.


Peguei minha bolsa, coloquei meu celular, documentos e minha carteira dentro dela. Tranquei a porta do apartamento e pegamos um taxi indo para a balada, hoje era sábado então tinham muitas pra gente escolher e o melhor é que eu não precisaria trabalhar amanhã.


Segundo Sarah hoje eu irira esquecer quem só me fez sofrer, eu duvidava muito. Mais hoje, só por hoje ia me permitir tentar.


Trinta minutos depois finalmente chegamos em a boate Paradise Club uma boate super famosa em Nova York onde um amigo de Sarah trabalhava então foi fácil entrar, nem precisamos esperar na fila que por sinal era enorme.


Assim que entramos a música alta, o ar quente e o cheiro de álcool já haviam penetrado em mim e surpreendentemente eu me animei ao ver toda aquela agitação. Para onde se olhava via pessoas conversando, rindo, bebendo, dançado e algumas se beijando era um lugar bem animado e eu já estava começando a sentir os efeitos dali.


Sarah começou logo a se movimentar ao som da música alta que tocava e então eu fiz o mesmo, fui até o bar e pedi uma bebida.


Assim que ele me serviu bebi tudo em dois goles e senti o álcool descer queimando pela minha garganta, depois pedi de novo e bebi tudo na mesma rapidez como da primeira vez.


- Acho melhor você ir de vagar -falou minha amiga no meu ouvido por cima da música alta me olhando com cautela enquanto eu já pedia outra bebida-


- Não me trouxe aqui para me divertir? É isso que vou fazer.


Depois de pegar mais uma bebida fomos para pista e dançamos como duas loucas, a essa hora eu ja havia bebido um pouco a cima da conta mais eu nem me importava. Só precisava esquecer e eu ia fazer isso.


***


Acordei sentindo uma luz forte bater no meu rosto e imediatamente minha cabeça doeu, meu Deus que dor.


Fiquei vários segundos sem entender o que estava acontecendo, meu estômago estava enjoado e parecia que alguém tinha dado uma paulada na minha cabeça ou que um caminhão havia me atropelado.


Aos poucos eu finalmente pude abrir os olhos e me acostumar com a claridade daquele lugar, no início as coisas começaram a girar um pouco mais logo tudo se normalizou e pude ver com clareza a onde eu estava e quase que instantaneamente senti o pavor percorrer meu corpo.


Eu estava deitada em uma cama, coberta com um macio lençol branco e macio, coloquei a mão direita na testa sentindo uma forte dor e levantei um pouco apoiando meu corpo com o cotovelo direito segurando o lençol acima dos meus seios e vi a zona onde eu estava.


O quarto estava inteiro bagunçado, havia uma cadeira estava jogada no chão, roupas espalhadas por todos os lados e o pior eram as minhas roupas que estavam por ali.


Meu Deus o que foi que eu fiz?!


Me sentei na cama e segurei o lençol com força tentando cobrir meu corpo inteiro, olhei para o lado e meu coração falhou na hora, me faltou ar nos pulmões e minha cabeça doeu mais ainda.


Havia um homem deitado ali que dormia tranquilamente, ele estava sem camisa e o lençol o cobria da cintura pra baixo mais claramente ele estava nu. Eu imediatamente me desperei, que loucura é essa que eu fiz?!


Forcei minha cabeça a lembrar do que havia acontecido na noite passada mais tudo era um borrão, eu só me lembro de estar muito bêbada e dançar na pista da boate e um cara chegar por trás de mim. Ai então.... mais nada, aposto que era esse ai deitado do meu lado.


Scarlet do céu, por que isso? Por que você não ficou na sua casinha? Por que você não conseguiu controlar sua calcinha?


Me levantei da cama o mais de vagar possível, não era uma opção acordar aquele cara que eu nem sabia quem era. Procurei minhas roupas no meio daquela confusão, olhei em volta tentando achar minha calcina e encontrei ela do outro lado do quarto e tive uma surpresa. Ela estava rasgada.


Mais que diabos esse homem fez comigo ontem?


Vesti ela assim mesmo e procurei meu vestido, achei ele embaixo da poltrona e quando estava subindo o ziper ouvi o homem se mover na cama e logo em seguida ele abriu os olhos que notei ser azuis e os mesmos se fincaram em mim.


Meu coração acelerou e eu fiquei apavorada, prendi a respiração e fiquei paralisada olhando pra ele feito uma idiota.


- Você já acordou? -ele disse olhando para mim com os olhos entre abertos e com cara de sono-


Eu não conseguia me mexer, minha língua estava grudada no céu da boca, mais uma coisa eu tinha que admitir: ele era muito bonito.


O que?! Não! Foco Scarlet, você já se menteu em confusão demais.


Procurei meu sapato pelo meio daquela bagunça enquanto eu sentia aquele par de olhos azuis em cima de mim, e quando finalmente os achei os peguei com as mãos mesmo, nem morta usaria eles ia descalça mesmo.


Achei minha bolsa em cima da mesa e a peguei imediatamente. Quando já estava tudo pronto, quer dizer... mais ou menos. Me virei pra ele que ainda me encarava na mesma posição.


- É bom dia -falei nervosa- olha eu não me lembro de nada, não sei o que aconteceu. Eu não sou esse tipo de mulher e peço desculpas por isso, nunca mais vai se repetir. Espero não te ver nunca mais, então tchau.


Então sai do quarto quase correndo, peguei o elevador e quando cheguei na recepção corri para fora. Por sorte havia um táxi ali na frente, entrei nele como quem fugia do inferno e depois de dar o endereço do meu apartamento saímos dali finalmente.


Graças a Deus! Que loucura que eu fiz, pelo menos agora era só deixar isso para trás. Afinal eu nunca mais veria esse homem na minha vida não é mesmo?

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