Evelyn
Acordar doía.
Não só o corpo…
Mas a alma.
Tudo era escuro no começo.
Minha cabeça latejava, como se estivesse afundada em névoa densa.
Depois, veio a dor. Na costela. No lado. Na pele.
E então, as lembranças explodiram de uma vez.
Emily.
Felix.
A faca.
O bebê.
O bebê!
Tentei me mexer, mas gritei com a fisgada.
Meus braços estavam presos. Meu corpo amarrado a uma cadeira de ferro.
— Olá, querida.
A voz dela cortou o ar como lâmina.
Emily estava ali.
Como se nada tivesse acontecido.
Como se ela não tivesse me apunhalado.
Como se…
não tivesse destruído tudo.
— Você... — minha voz falhou.
Ela se aproximou, agachando-se diante de mim como uma mãe prestes a consolar uma criança.
Mas o olhar era de loucura. De veneno.
— Sei que dói, Evie. Mas eu precisava sair de lá viva. — Passou a mão pelo meu rosto.
— Te machucar era o único jeito do Ben recuar, então… — Ela disse com deboche.
Senti o gosto do sangue na boca por morder o próprio lábio.
Queria gritar. Mas ela não merecia meu grit