Não senti dor.
Tudo aconteceu tão rapidamente, com a adaga de prata entrando em meu peito com quase nenhuma resistência.
Não havia dor, apenas uma estranha e súbita leveza se espalhando pelo meu corpo.
Uma sensação de liberdade sem precedentes.
Pois eu nunca mais sentiria dor.
O veneno de prata se espalhou pelas minhas veias como água gelada, entorpecendo tudo ao seu caminho.
Ao longe, ouvi sons, vozes em pânico, passos correndo, alguém gritando meu nome.
Mas pareciam vir de um outro mundo, completamente alheio àquela realidade.
Em meu estado enevoado, memórias inundaram minha mente com clareza vívida.
Me lembrei de quando adoeci terrivelmente com febre logo após a morte da mamãe.
Eu tinha apenas nove anos.
Meu irmão estava desesperado naquela época.
Ethan, com doze anos, se tornara de repente responsável por sua irmãzinha, ficando ao meu lado dia e noite.
Ele se recusava a ir à escola, se recusava a dormir.
— A temperatura dela está em 40 graus. — Disse ele ao curandeiro da alcateia,