Capítulo 2
Na manhã seguinte, assim que acordei, recebi uma ligação urgente do avô de Mason. Ele exigia minha presença imediata, com minha filha, de volta à Alcateia. Minha filha ficou empolgada. Ela achou que seu pai finalmente tinha tempo para nós.

— O papai vai conversar comigo sobre a minha festa de aniversário? — Perguntou.

Ela ficou radiante o caminho todo, mas eu não conseguia afastar a inquietação do meu coração.

O avô de Mason nunca gostou de mim. Essa convocação repentina não podia significar coisa boa. Segurei a mão da minha filha ao entrarmos no grande salão da Alcateia. E lá, meus olhos pousaram sobre Mason, que ajudava Olivia com ternura enquanto ela se acomodava no sofá.

Eles pareciam uma família feliz, enquanto eu estava ali, como uma intrusa na suposta harmonia conjugal deles. A barriga de Olivia estava um pouco maior e ela parecia muito satisfeita consigo mesma.

O avô de Mason ficou de pé diante deles, com o rosto severo, enquanto falava.

— Evelyn, trago boas notícias: Olivia está grávida e, conforme o decreto do Rei Alfa, Mason ascenderá oficialmente ao título de Alfa da Alcateia Fantasma.

Ele continuou:

— O filho deles será o futuro herdeiro da nossa Alcateia.

— Em breve, eles participarão da Cerimônia de Marcação.

Olhei para Mason, ele manteve os olhos desviados, recusando-se a me encarar.

Olivia segurou a mão de Mason, colocando-a sobre sua barriga.

— Mason, você finalmente vai ser pai. Não está feliz?

Mason assentiu.

— Vou cuidar de você e do bebê. Serei o pai que devo ser.

Olivia me lançou um olhar de provocação descarada, como se dissesse: “Você perdeu.”

Meu coração doía.

O que ele quis dizer com “finalmente”? Minha filha não era filha dele também?

Ele estava rejeitando seu próprio sangue para cuidar do filho de sua madrasta? Um filho concebido de uma união tão distorcida?

— Mamãe… por que o papai está cuidando de outra pessoa? Ele não deveria cuidar de nós?

Minha filha olhou para mim, confusa e magoada. Embora sua voz fosse suave, ecoou pelo salão, alcançando os ouvidos de muitos presentes.

— Ora, ela é somente uma bastarda. Quem deu a ela o direito de chamá-lo de pai?

Uma voz cortante e zombeteira atravessou a sala. Era o primo de Mason, que sempre me desprezou.

— A Alcateia só precisa de um herdeiro, e esse é o filho da Luna Olivia! Não pensem que podem roubar isso!

O avô de Mason nos repreendeu friamente.

Murmúrios percorreram o salão:

— Exato. Filha bastarda de uma loba renegada, o que ela está fazendo aqui?

A avó de Mason me lançou um olhar de desprezo.

— Evelyn, você era uma loba solitária que Mason acolheu. Estendemos nossa hospitalidade por bondade, mas daqui em diante, você será apenas uma criada, seu dever é limpar.

— E essa menininha? É apenas uma órfã que acolhemos. Se não aceitarem essas condições, partam.

— Eu não sou órfã! Não sou! — Minha filha gritou, sua voz pequena trêmula.

Ela não conseguia entender por que todos a odiavam…

Aos olhos deles, eu era apenas uma loba solitária, exilada da minha antiga Alcateia.

Quando fugi com Mason, escondi minha verdadeira identidade. E nunca revelei a ele minha forma de loba.

Olhei para Mason. Ele se levantou e caminhou até nós, tentando explicar:

— Ela não é uma bastarda e ela não é...

Mas antes que pudesse terminar, Olivia o puxou de volta. Sob o olhar da avó, Mason nos abandonou.

— Evelyn, leve a criança e volte para casa.

Mason finalmente falou, ainda sem olhar para mim.

— Eu vou visitar vocês depois.

Olhei para ele. Mason, a partir de agora, não somos mais nada um para o outro.

— Espere.

Eu me virei para sair, mas a voz de Olivia soou.

— Evelyn, já que está indo embora, não deveria devolver o colar que está usando no pescoço?

— Como nova Luna da Alcateia Fantasma e companheira de Mason, esse colar de lua crescente me pertence por direito.

Olhei para ela, depois para Mason...

Ele permaneceu em silêncio, com a cabeça baixa.

Aquele colar um dia simbolizou meu lugar na vida dele, um presente de Mason, significando que eu fazia parte de sua família.

Ele havia declarado que, enquanto eu o usasse, eu seria sua única companheira.

— Mason, você compartilha desse pensamento?

Não consegui evitar perguntar, agarrando-me a uma última esperança frágil.

Mason hesitou e então ergueu a cabeça lentamente.

— Sinto muito, Evelyn. É tradição da Alcateia.

Suas palavras perfuraram meu coração como uma lâmina afiada. Respirei fundo, tirei o colar do pescoço e o coloquei suavemente sobre a mesa.

— Aqui. Fique com ele.

Segurei a mão da minha filha e saí sem olhar para trás.

As lágrimas turvavam minha visão, mas eu sabia: nunca mais voltaria.

Dez anos de amor com Mason se despedaçaram naquele momento devastador.

...

Assim que chegamos em casa, entrei em contato com meu pai imediatamente.

— Evelyn, você finalmente tomou sua decisão? Quando voltará? — A voz dele tremia levemente de emoção. — Sua mãe tem sentido sua falta todos os dias.

— Eu também sinto falta de vocês dois. — Respondi.

— E tenho uma notícia maravilhosa. Agora tenho uma filha. Ela é linda.

Sua voz tornou-se imediatamente alegre.

— Sério? Evelyn, isso é maravilhoso! Ela carrega o nosso sangue!

— Volte logo. Sua casa é aqui, com a Alcateia da América do Norte.

Olhei para minha filha ao meu lado.

Ela estava olhando distraída para seu livro de colorir, com o rostinho triste.

Eu sabia… assim que retornássemos à América do Norte, isso significaria um rompimento total com Mason.

Mas e minha filha? Ela ainda era tão pequena… Será que suportaria tudo isso?

— Mamãe… nós vamos embora?

Ela me olhou de repente.

— O papai não gosta de mim, não é?

Meu coração se partiu. As lágrimas encheram meus olhos.

Como esconder da minha filha a verdade cruel de que seu pai não a amava?

— Eu sei.— Disse baixinho. — O papai quer ficar com outra pessoa. Ele não é mais meu papai.

— Se ficarmos, terei que chamá-lo de Tio, não de Papai… certo?

— Ninguém aqui gosta da gente, né?

Sua maturidade me cortava por dentro. Ela ainda era tão pequena, e já entendia tanto.

Me ajoelhei e a abracei com força.

— Estamos apenas voltando para a casa da mamãe. — Disse suavemente.

— Lá, você terá avós que a amam muito.

— Tá bom. — Ela assentiu.

— Mas… eu queria comemorar meu aniversário com o papai primeiro.

Ela falou baixinho, os olhos brilhando com lágrimas.

— Ele prometeu ano passado que este ano estaria comigo.

Olhei para ela e hesitei.

Eu sabia uma vez que partíssemos, nunca mais teríamos aquele aniversário com Mason.

Respirei fundo e assenti.

— Está bem. Mamãe promete.

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