CAPÍTULO 6

Eu e Henrique almoçamos em um restaurante próximo a delegacia. Precisava pedir que ele me acompanhasse para poder verificar as câmeras de segurança sem que os demais rapazes ficassem em alerta com algo que não tínhamos certeza.

— Então está me dizendo que alguém está te perseguindo? — Henrique perguntou tomando um gole de seu suco.

— Não tenho certeza, porém tanto o filho de minha vizinha quanto o detetive Garcia viram essa pessoa me seguindo.

— Esse detetive comentou que vai verificar as câmeras?

— Sim, mas gostaria de verificar por conta.

— Certo, tem algum estabelecimento por perto? 

— Sim, uma loja de conveniência.

Após sair do restaurante fomos direto para lá.

— Um detetive passou mais cedo para verificar a gravação — o atendente comentou.

— Nós também viemos verificar — Henrique disse seguindo-o até o balcão onde tinha acesso ao computador com as gravações da câmera.

Foi Henrique quem mexeu no computador.

— Que horas? – perguntou.

— Acredito que tenha sido por volta das dezenove horas.

— Aqui — Henrique falou. Aproximei-me para verificar. Havia sido filmado exatamente a hora que eu passei pela loja de conveniência, olhei para ela e atravessei a rua apressada. Na mesma filmagem pude verificar alguém com um moletom escuro que cobria todo seu corpo e um capuz que escondia o rosto, não havia mais detalhe dele. Mesmo se fosse alguém que eu conhecesse, por sua vestimenta não saberia dizer quem era. Na mesma filmagem, alguns segundos depois, Erick saia da loja de conveniência com uma sacola em mãos, ele encarou a direção para aonde eu fui e, então correu para me alcançar. — Precisamos de uma filmagem diferente, que consiga pegar de frente.

Fora da loja olhamos pela rua para procurar outra câmera que pudesse pegar o rosto desse suspeito, mas mesmo que pegasse, duvidava que conseguiria identificar com o capuz que ele usava.

— Vamos voltar até a delegacia — falei, e Henrique assentiu.

Disquei o número de Helena e esperei ela atender.

— Boa tarde, Catarina, como está? — perguntou animada.

— Tudo certo – respondi. — Helena, preciso de uma ajuda — esperei que ela me incentivasse a falar e, então continuei: — Lembra-se daquele caso que estava verificando na delegacia?

— Oh, sim!

— Consegue verificar quem mais estava junto ao Queiroz no caso?

— Vou verificar e, assim que possível, retorno.

— Muito obrigada, Helena.

— Fiquei sabendo que o detetive Garcia reabriu o caso.

— Sim, estou o ajudando.

— Espero que consigam encerrar de vez isso, assim darão paz a vítima.

— Sim e as crianças envolvidas nisso — falei e não esperei que Helena me questionasse sobre isso, desliguei torcendo que ela encontrasse algo a respeito o mais rápido possível.

Havíamos sido chamados para uma ocorrência, uma mulher foi roubada e por conta disso perdeu todos os documentos. Pegamos todas as informações que precisávamos, e os meninos falaram que resolveriam isso me dispensando do caso.

Um carro estacionado em frente à delegacia me chamou a atenção, Erick dentro do carro me fitava.

Iria passar reto pelo carro, mas ele buzinou. Encarei-o e, por leitura labial, percebi que dizia “entra”. Suspirei e entrei no carro.

— Então será assim mesmo? — perguntei enquanto colocava o cinto.

— Espero que não seja para sempre, não quero que se acostume com minha presença.

— Erick, não há necessidade disso. Eu sei me cuidar. Sou uma policial, sei o que devo fazer nesses casos.

— Sabe? Desde que voltamos da cidade, essa criatura está te perseguindo enquanto você volta para casa, mas apenas ontem você percebeu. Na verdade, você nem percebeu contaram para você.

— O quê? Essa pessoa está me perseguindo há mais dias?

— Sim, Catarina, então você muda seu percurso de volta para sua casa, ou aceite minha ajuda sem reclamar.

— Eu não estou reclamando. Apenas quero que não se preocupe comigo.

Erick parou o carro em frente ao meu bloco e, olhando para mim, falou:

— Você está na minha equipe agora, Catarina, e ninguém machuca alguém da minha equipe.

— Está um pouco difícil lidar com seu humor.

Erick riu, o que me surpreendeu ainda mais.

— Você vai se acostumar, prometo.

Tirei o cinto, mas antes de sair quis conferir seu rosto mais uma vez, para minha surpresa seus olhos negros ainda me encaravam.

— O que foi? — perguntei.

— Empreste-me seu celular? — pediu, e eu lhe dei já desbloqueado. Erick discou algo e seu próprio celular tocou. – Precisava saber seu número.

— Tudo bem — sussurrei pegando de volta meu celular. — Até amanhã — falou enquanto eu saia de seu carro.

Será mesmo que era possível se acostumar com sua mudança repentina de humor?

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