Gustavo
Respirei fundo e contei até mil. O que aconteceu para ela vir aqui? Tamborilei a caneta na mesa algumas vezes, enquanto a faxineira recolhia os cacos do vidro daquela premiação que eu havia arremessado. Até hoje nenhuma fêmea havia me encostado na parede como ela faz constantemente. Tomara que a deusa não permita que minha neta Artemísia seja igual.
Peguei o telefone e disquei para alguém improvável — afinal, ela me deu algo raro: dois herdeiros. Ao contrário do que ela imagina, Artemísia será minha primeira escolha.
Chamei algumas vezes, até que ele atendeu.
— Fala, Gustavo.
— Quero conversar pessoalmente com você.
Marquei no mesmo restaurante da esquina onde encontrei Eliz pela primeira vez. Sorri sozinho e pedi um bife orelha-de-elefante, lembrando de como ela comia — com avidez, grávida dos meus netos. Aquele dia foi um presente da deusa para que eu continuasse.
Senti um pigarro; Adam havia chegado e me observava.
— Senta. — indiquei.
Ele se sentou em silêncio.
—