Século XVII, a Villa De São Paulo de Piratininga vivia em constante ebulição política e econômica. As Bandeiras enviadas para o sertão, encontravam sérias dificuldades para obter mão de obra escrava, pois havia no coração dos sertões um terrível obstáculo: Kaluanã e os Guaicurus. Lutar contra os “Karaíbas”, libertar os cativos e mantê-los a distância do Grande Rio, era a missão de Kaluanã e seus guerreiros. Acauã, um mestiço da Villa, após se alistar em uma das bandeiras, viu sua vida virar às avessas. Enfrentar uma força tarefa terrivelmente armada, enviada pela coroa, era agora o maior desafio de Kaluanã. Não poderia deixar que atravessassem o Paraguai, se isso acontecesse, todas as tribos a oeste do rio e também as missões jesuítas do Itatim, estariam à mercê dos paulistas. Como enfrentar as armas e a obstinação dos Karaíbas? Como proteger as missões diante de tamanha força militar? Kaluanã buscaria a força da floresta e de seus ancestrais. Uma verdade era certa: Não se renderiam aos seus inimigos!
Ler maisCAPITULO XIII A pós três dias, logo ao amanhecer, Kaluanã pediu para que trouxessem Acauã até o terreiro. Com um olhar desconfiado, ele acompanhou os guardas sem dizer uma palavra. Esperava qualquer coisa, até a própria morte. Quem sabe se Kaluanã resolveu que seria naquele dia? Enquanto caminhavam, as crianças o acompanhavam curiosas. Ao chegarem ao grande terreiro, Kaluanã os esperava junto a Apoema e toda a tribo. Cerca de cem guerreiros pareciam estar prontos para alguma ação, pois portavam seus arcos, suas bordunas e as aljavas cheias. Pinturas de guerra camuflavam os rostos e curiosamente carregavam muitas das armas que Acauã sabia que eram dos homens de
CAPITULO XII K aluanã chegou junto com a noite e Apoema o aguardava. Ao vê-lo entrar no arraial foi ao seu encontro. — Vejo que já encontrou suas respostas Kaluanã... — Apoema... — Respondeu surpreso ao vê-lo ali. — Estava a sua espera... — Aconteceu alguma coisa? O prisioneiro? — Não, está tudo bem... Ele continua no mesmo lugar. — Então o quer de mim? — Saber se seus fantasmas ainda o afligem... Kaluanã silenciou-se por um momento. Parecia procurar algo em seus pensamentos. — Muitos deles ainda me cercam Apoema... — Acho que será melhor enfrentá-los de uma v
CAPITULO XI A manhã logo chegou e Kaluanã não pregara o olho. Ficara pensando na conversa que tinha tido com Acauã. Suas revelações o haviam impactado profundamente. Não acreditava mais em um dia reaver alguém de sua tribo natal, e mais ainda sendo ele um mestiço. Isso o deixou ao mesmo tempo ansioso e frustrado. Ansioso em querer saber como Acauã chegara até ali e de que tribo ele realmente era descendente. E Frustrado por ser ele um possível Panará a serviço de seus piores inimigos. Desde que o atacara na floresta, viu que usava em seu pescoço aquele colar que lhe era familiar. Quando finalmente lhe arrancou, pode ver o símbolo de sua tribo entalhada nele. Fora isso o motivo de n
CAPITULO X O s Guaicurus atravessaram o grande rio e voltaram para a aldeia carregando seus mortos. A tribo toda se reuniu e pranteou por dias a morte de tantos guerreiros. Terminado os preparativos, os corpos foram enfaixados e colocados sob uma esteira que seria conduzida por um cavalo até o local sagrado. Comidas, e animais mortos eram separados para irem junto. Abriam-se as covas e os corpos eram cuidadosamente depositados. Sob elas uma esteira era colocada e ao seu lado as comidas e jarros de água. Aqueles guerreiros mais importantes tinham seus cavalos sacrificados e enterrados a parte. Acreditavam que no mundo dos mortos estes guerreiros ainda precisariam deles. Suas armas e um poste com vários utens
CAPITULO IX E assim Acauã e os capitães de Felipe resolveram que ao raiar do dia sairiam e enfrentariam os Guaicurus numa tentativa de buscarem a fuga. Sabiam dos riscos que corriam, mas não havia alternativa senão enfrentar Kaluanã frente a frente. Se tivessem que sucumbir, que fosse enfrentando o inimigo e não morrendo a mingua sob um cerco mortífero e cruel. As horas que antecipavam as primeiras luzes do dia chegavam trazendo ansiedade e temor a todos na clareira. Era a chance que teriam de tentar uma fuga pelas trilhas e salvarem suas vidas. Porém, teriam que enfrentar Kaluanã e suas hostes e o q
CAPITULO VIII O combate foi cruel e mortal. Os primeiros Guaicurus sucumbiram, mas dezenas logo apareceram e Acauã avançou contra eles. Seus homens o seguiram e ali se travou uma batalha mortal entre bordunas e adagas. Os Guaicurus eram realmente ferozes e atacavam energicamente os homens de Acauã, que sabia serem mais fortes e ágeis com suas adagas. A quantidade de guerreiros, porém era demasiadamente desproporcional e então alguns deles acabaram sendo mortos rapidamente. Acauã avançava facilmente sobre os Guaicurus, que se assustaram ao encontrar entre os inimigos um mestiço tão forte e grande como ele. Acauã se defendia e atacava co
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