Meu celular me despertou, mas não era o toque do despertador, era uma
ligação de um número estranho. — Alô? — Por favor, Srta. Hannah Furtado. – Meu coração gelou, era voz da secretária legal da primeira entrevista, mal podia acreditar… mas podia ser para dizer… não, não posso pensar assim. — Alô, tem alguém aí? — Oi, sou eu, desculpa, pode falar. – Que tonta, já comecei mal. — Você passou para a segunda fase da entrevista, gostaria de participar? — Sim, claro. O que devo fazer? – Levantei e corri para pegar um papel, mas é claro que eu não tinha, porque na hora que se precisa, não achamos nada. Meu celular me despertou, mas não era o toque do despertador, era uma ligação de um número estranho. — Alô? — Por favor, Srta. Hannah Furtado. – Meu coração gelou, era voz da secretária legal da primeira entrevista, mal podia acreditar… mas podia ser para dizer… não, não posso pensar assim. — Alô, tem alguém aí? — Oi, sou eu, desculpa, pode falar. – Que tonta, já comecei mal. — Você passou para a segunda fase da entrevista, gostaria de participar? — Sim, claro. O que devo fazer? – Levantei e corri para pegar um papel, mas é claro que eu não tinha, porque na hora que se precisa, não achamos nada. — Vamos lá, Hannah, você consegue. Vamos começar dobrando roupas limpas e jogando as roupas sujas no cesto. Agora vamos organizar essa estante e trocar a roupa de cama. Eba!! Meu contentamento acabou quando me virei e vi a cozinha. — Ahh, não. Sem um café, não encaro essa louça. – Resolvi ir na Lili primeiro e depois fazer uma faxina. — Bom dia, amiga linda. — Bom dia, xodó. Me dá uma mãozinha? – O local estava com alguns clientes para serem atendidos e eu sempre ajudava ela quando podia. — Claro. – Fui para trás do balcão e coloquei o avental e touca. — Próximo, por favor. —Bom dia, quero um café expresso duplo e um donut de creme de limão, para viagem. — Um minuto – enquanto preparava, tentava contar a novidade para Lili, — Amiga, me ligaram. — Que legal, xodó, de onde foi? — Da primeira entrevista… – tampei o copo e peguei o donut e coloquei na caixinha de viagem. — Passei para a segunda fase. — Aqui está, senhor, mais alguma coisa? – Ele me deu o cartão de crédito. — Pode passar no débito, por favor, é de aproximação. — Prontinho, vai querer sua via? — Não, obrigado. — Tenha um bom dia. – Ele pegou o cartão e se afastou. — Próximo. — Bom dia, Hannah, fico feliz que arrumou emprego. – Sério que meu dia incrível ia começar com esse cara me perturbando? — Bom dia, Rodolfo, o que vai querer? – Ele estava muito elegante, será que ia a mais uma entrevista? Também não me interessa. — Quero um cappuccino e, hoje, extraordinariamente, vou sair do regime. Me dá um cupcake de chocolate. – Ele me parecia muito feliz. — Sim, senhor. Está comemorando? – Não resisti, tinha que perguntar. — Sim, passei em uma entrevista… – droga, só falta eu concorrer com ele. — Na VS Mel e Cia. Quase deixei o cappuccino cair. Que droga, a empresa que o Apolo trabalha, aquela vaga era o máximo. E daí, você vai passar na empresa de advocacia e vai… — Tudo bem aí, queridinha? – Ai que ódio desse cara. — Tudo ótimo, aliás, também fui chamada para uma vaga hoje. Aquela que nos conhecemos. – Olhei bem para a cara dele, enquanto pegava o cupcake. — Que maravilha, eu realmente achei que não ia conseguir depois do desastre do café – como ele sabe disso? Estava bisbilhotando. —Então, vai deixar esse lindo local? —Aqui é da minha amiga e estou ajudando – servi-o e dei a comanda. —Pode se sentar em qualquer lugar, fique à vontade, se precisar é só chamar. Aproveitei que deu uma acalmada, depois de mais dois clientes e finalmente pude conversar com a Lili. O Rodolfo não saía do telefone, ficava digitando e rindo de alguma coisa. — Quem é a figura? – Lili perguntou terminando de receber de um cliente. — Pelo jeito é o tal do Rodolfo. — Acertou na mosca, aliás, no mosquito… – a risada da Lili é muito gostosa, aquela debochada, sem receios, mas todo mundo ouviu. — Lili, ri baixo. — Claro que não, quem sabe de mim sou eu… – aí ela me deu uma piscadinha. — Agora, me fala do assunto que veio me contar. — Passei para a segunda fase da entrevista, no primeiro lugar que eu fui ontem. – Eu estava tão animada que dei pulos e bati palmas, e claro que o besta do Rodolfo olhou. — Vou hoje às 16h fazer testes de comutação. — Já está dentro, amiga, tenho certeza. – Ela parou para receber de mais uma cliente. — Gostou, senhora? Volte sempre. Então olhou para mim. — Vamos sair mais tarde para comemorar? – Ela tinha um olhar confiante e estava sempre animada, amava isso nela. — Te pego às nove. — Combinado então – já ia esquecendo de falar com ela sobre a Sara. — Amiga, tenho mais uma coisa para te contar. Será mais um pedido de ajuda. Ela já sabia alguma coisa sobre o relacionamento das duas, eu tinha comentado por alto. — Então ela precisa de um lugar pra ficar – será que estou forçando? — Você sabe que sou apoiadora de causas desse tipo, e quero mesmo ajudar. Mas prometi que preciso focar mais no meu desenvolvimento pessoal e na minha vida profissional, financeira e familiar, coisa e tal… – ela começou a olhar meu desânimo. Mas ela tinha razão, há anos ela era voltada a ajudar a todos, a turma de teatro dela, não teve um que não contou com sua ajuda. — Calma, gatinha, não falei nada ainda. — É que estou me sentindo mal por estar pedindo isso agora – eu morava em um cômodo dois por quatro com banheiro. E meu locatário me matava se eu levasse alguém pra lá. — Eu dou outro… — Mocinha eu vou ajudar sim, só quero dizer que serão por no máximo três meses, para você passar no período de experiência e arrumar um Apê para vocês morarem. – Ela era demais, não existia ninguém como a Lili. — O que você acha da ideia? Eu só voei no pescoço dela e dei um beijo na sua bochecha. — É um plano muito bom, espero passar mesmo nessa entrevista. Depois fui para casa, dar uma arrumada em tudo e me preparar para a empresa. Antes de sair, dei uma pesquisada no G****e, queria estar bem na fita, como minha mãe dizia. Digitei: Empresa de advocacia N.N.III & Cia. Olha só, a empresa foi eleita uma das melhores de 2020, blá blá… ranqueada pelos maiores gestores econômicos, blá blá blá… estreante na publicação digital … Seu gestor sênior e diretor majoritário Nicolas Nicolai III. Que nome idiota, coitadinho… Deixa eu jogar o nome dele aqui nas imagens. Oi?! CARACAAAAAA!!!!! — Alô, Lili, socorro amiga! – Ela atendeu minha chamada de vídeo, graças a Deus. — Amiga, olha quem é o cara que eu vou ser entrevistada. Eu virei o celular para o notebook. — Gata, esse aí é o… — NICOOOOOO!!!! –Falamos juntas. Ela dava gargalhada e eu chorava. — Mas por que esse drama? Vocês não se veem há séculos… — Amiga, cinco anos foi ontem… e depois do que houve, não vou conseguir encarar ele. — Gatinha, como ele tá gostos… — Não fala, Lili, nem comenta essa parte, parece que ele se enfiou em uma máquina de filtros do I*******m do céu, amiga. – Sério mesmo, o cara estava demais, lindo de doer os olhos, a boca, os peitos e outras coisitas mais. — Hannah Furtado. – Quando ela falava meu nome inteiro, era para eu me centralizar e o negócio ficava sério. — Seu futuro e seu profissionalismo estão em jogo aqui. Se concentra, mulher. – ela fez um gesto com as mãos de um lado para o outro, como se batesse na minha cara. — Claro, o que passou, passou. — Você se veste e vai a esse teste. Quero ouvir um entendido! – A cara dela do outro lado da tela era muito séria. — Entendido! – Agora estou me sentindo muito mais confiante. Assim que desliguei o telefone, deu vontade de me afogar num copo de CocaCola Zero. Mas eu preciso pensar nas contas e na promessa que fiz a mim mesma quando saí de casa. — Eu vou!