Gustavo O clímax do prazer
Gustavo O clímax do prazer
Por: Érika Gomes
Capítulo 01

A noite fria e chuvosa revelava a alma de Gustavo, que andava pelas ruas escuras, sem destino, sem norte. Os dias eram longos, embalados por momentos vazios, bebidas, horas jogado no sofá duro e sujo, e suas noites regadas de sexo, suor, gemidos, mas nenhum prazer. Há tempos seu corpo era o único recurso para o mantimento e o aluguel do buraco em que morava, perdia-se por horas sobre a cama de um motel de quinta categoria, entre mulheres mal comidas e homens de família que, sobre o colchão barato, se revelavam putinhas histéricas.

Ele era um homem bonito, nada parecido com os caras dos comerciais de moda praia, mas ainda assim bonito. Alto, cabelos castanhos, barba por fazer, olhos na mesma tonalidade que os fios lisos e revoltos, o corpo magro e bem moldado não somente pelas horas em que se dedicava à corrida, quando sua mente assombrada lhe permitia se lembrar dessa necessidade, mas também moldado pela falta de opções de alimentos em seu dia a dia. Como ele mesmo dizia: passar fome o ajudava a se manter em forma.

Percorria rapidamente as ruas do centro de São Paulo, indo ao encontro da primeira mulher daquela noite. Uma senhora muito educada que o encontrou em seu site, agendando com ele três horários seguidos. A princípio não entendeu, jamais ficou tanto tempo com uma mesma pessoa, nem as mais taradas aguentavam tanto tempo, mas como pagou à vista, transferindo direto para sua conta não somente o valor cobrado, mas também uma boa e generosa dose extra, garantindo a ele um bom jantar naquela noite, então não se importou. Enquanto caminhava apressadamente, tentando fugir da garoa fina, pedia aos deuses da safadeza para que a pessoa à sua espera fosse pelo menos limpa, já que passaria as próximas três horas dentro dela. Acenou para o cara que ficava na recepção daquela espelunca que teimavam em chamar de motel, e tirou a touca do agasalho que usava, sacudindo os cabelos, tentando retirar o excesso de água. Parou diante a porta do já tão conhecido apartamento 33, bateu três vezes e a voz que ouviu, era muito diferente da voz da senhora que conversou ao telefone. Abriu a porta curioso e receoso na mesma proporção, colocando a cabeça para dentro do imóvel, observando o interior, tudo estava exatamente igual como em todas as outras noites, uma cama vagabunda no meio, com dois supostos criados mudos em suas laterais, uma cômoda com as duas gavetas inferiores quebradas e uma televisão de 14 polegadas sobre o tampão, televisão essa que só funcionava chuviscos e um canal que deveria ser somente de pornô, mas não passava de uma imagem borrada e gritaria.

Mas a imagem da mulher loira, com um corte de cabelo impecável, uma maquiagem perfeita e roupas que destoavam demais da cena que a cercava, sentada na beirada da cama olhando-o, surpreendeu. Internamente agradeceu aos deuses da safadeza por aquela noite, seria muito melhor do que ele imaginou. Entrou, fechando a porta atrás de si, andou devagar notando os olhos da mulher o avaliando, sem nenhuma expressão em sua face. Geralmente seus clientes gostavam do que viam, ficava claro nas expressões que o material que estavam pagando para ter, era bom. Mas ela não demonstrava nada, talvez um leve desinteresse, não conseguia ter certeza. Parou em frente a ela, tirou a blusa de moletom e jogou sobre a cadeira moída no canto do quarto, cruzou os braços e a encarou.

— Então, por onde quer começar? — perguntou com sua voz mais sensual.

— Tire a roupa — disse taxativa. Ele gostou daquilo.

Mordeu levemente o lábio inferior, uma mania estranha que surgia sempre que ponderava uma situação. Devagar tirou a camiseta, revelando o abdômen definido e marca saliente que levou os olhos da mulher sentada a sua frente, descer ao ponto que realmente interessava.

— Tudo. — Ela disse.

Tirou o tênis e as meias, abriu o botão da calça jeans e deslizou o tecido sobre o corpo, jogando-o com o pé para longe dele. Seu corpo ficou coberto somente por uma cueca box branca que deixava claro que ele estava pronto para o serviço, pois sua ereção evidenciada sob o tecido fino levaria qualquer mulher à loucura.

— Tudo — mandou novamente.

Ele não disse nada, somente obedeceu. Retirou a box e jogou sobre a cama o tecido, recebendo o primeiro movimento dela, que se virou na direção de onde o tecido caiu, voltando sua atenção para o homem nu a sua frente. Levantou-se e passou a andar muito devagar em volta de Gustavo, como se analisasse um produto para compra. Parecia gostar do que via, mesmo notando algumas cicatrizes que pareciam ter sido provocadas por surras e quedas.

— Vista-se e vamos conversar. — Afastou-se e sentou-se novamente no mesmo lugar.

— Como assim? — perguntou incrédulo. — Me vestir para quê? É algum fetiche estranho?

— Não, senhor Gustavo, é somente negócio — declarou ainda séria. — Vista-se e vamos conversar.

Ele não entendia o que acontecia dentro daquele quarto, lugar em que passou os últimos meses atendendo seus clientes, satisfazendo vontades e levando a todos ao ápice do prazer, e agora uma mulher linda, cheirosa e de banho tomado, o rejeitava sem a menor vergonha. Se vestiu rapidamente e sentou-se no chão, encostado na parede de frente para ela.

— E sobre o que você quer conversar? — Deu de ombros a encarando.

— Me chamo Olivia Albuquerque, sou empresária do ramo e quero lhe fazer uma proposta.

— Do ramo? Qual ramo? — questionou, ajeitando-se no chão.

— Sabemos bem a qual ramo me refiro, mas se precisa de esclarecimento, trabalho com o prazer. Dirijo uma empresa com as melhores mulheres e homens que poderá encontrar no mercado, tanto para fins sexuais quanto para encontros casuais, eventos ou somente uma noite de conversa para aplacar a tristeza daqueles que vivem sozinhos.

— Você é uma cafetina. — Ele sabia muito bem do que se tratava a proposta, ela comandava uma rede de prostituição de luxo, mas não se diferenciava dos cafetões que ele conheceu nas ruas sombrias de São Paulo. — Desculpa, mas eu passo.

Levantou-se e já estava indo embora, deixaria aquela senhora para trás, sabia muito bem qual o preço a ser pago para os administradores do sexo, sempre levavam muito mais do que o dinheiro ganho em uma noite, quase sempre levavam o pouco da dignidade que lhes sobrava e, em muitos casos, um pedaço de seu rosto, deixando somente marcas e hematomas.

— Senhor Gustavo — falou em um tom alto, fazendo-o travar no caminho —, não admito que compare o meu negócio com as pessoas que te cercam nesse mundo vil que escolheu viver. Sou dona da empresa mais conceituada do ramo e meus funcionários, além de muito bem tratados, são remunerados com valores que jamais imaginou que um dia poderia existir em sua conta corrente. Aconselho que fique e me ouça.

Ele sabia muito bem o que ela falava, vivia ferrado e sem grana para nada, vendia o corpo à noite para ter como se alimentar no outro dia. A vida resolveu brincar com Gustavo há anos atrás, aos quatorze anos de idade perdeu toda a sua base e suporte e, desde então, nunca mais teve paz, precisou correr e fazer as coisas por si, sem ter com quem contar e o pior, descobriu do jeito mais terrível que os adultos à sua volta não o ajudariam em nada. Ter a chance de sair daquele buraco infestado de insetos em que morava e algum dinheiro em sua conta sem se preocupar se comeria naquele dia ou não, era realmente algo bom. Andou de costas e sentou-se na mesma posição em que ocupava antes e a encarou.

— O que tem para me oferecer?

— Bem, como estava dizendo, trabalho no ramo e de tempos em tempos me permito procurar o que o mercado inferior tem a oferecer, nessa minha procura, encontrei seu... bem... acredito que chame aquilo de site. — Não havia alteração na face da mulher, falava como se estivesse discutindo o fechamento de um grande contrato de negócios, deixando claro que seria somente uma transação comercial e nada além disso. — Acreditei que poderia ter potencial e vendo-o pessoalmente, reafirmo isso. Quero que trabalhe para mim.

Olivia se virou, pegando uma pasta de couro marrom ao lado da cama, bateu na colcha velha, pedindo para que Gustavo se sentasse ao lado dela e assim ele o fez, vendo-a tirar de dentro de outra pasta alguns papeis. Explicou para ele como funcionaria e, como em qualquer empresa, existia um contrato de experiência de três meses, com valores menores e benefícios inferiores, mas ainda assim, o que aquela mulher estava propondo para ele era algo infinitamente maior do que esperava conseguir pelo restante de seus dias.

— Então continuo fazendo a mesma coisa que faço hoje, só que com pessoas limpas e de banho tomado, vou ganhar um apartamento fora da zona lixo da cidade, uma renda mensal, um guarda roupa novo e porcentagem sobre minhas “vendas”? — A incredulidade pela oferta maravilhosa estava evidente em sua voz.

— Basicamente isso. Claro que, após passar pela experiência, mudará para um apartamento melhor, sua renda mensal aumentará e sua cartela de clientes será outra.

— E por que eu? — Ainda não conseguia entender.

— Como já expliquei, não passa de negócios. Vejo potencial em você.

E, por alguns segundos, viu nos olhos da mulher um lampejo de algo que não entendeu direito: culpa?

— Quando começamos? — perguntou pulando de onde estava, colocando-se em pé. Não poderia perder a chance que surgia a sua frente.

— Agora mesmo. — Ela quase sorriu. — Armando está nos esperando lá em baixo, vou te deixar em sua nova moradia e amanhã durante o dia um carro da empresa irá lhe buscar para que possamos assinar a papelada.

— Amanhã?

— Sim. Apesar de trabalhar com as pessoas da noite, sou uma mulher diurna e funciono melhor com a luz do sol. Vamos.

Levantou-se saindo do quarto com Gustavo atrás dela, assim, por essa visão, ele conseguia ver direito não somente o belo corpo, mas a elegância da mulher que andava a sua frente em cima de um salto tão alto e fino que ele ficou se perguntando como ela conseguia desafiar a gravidade daquela forma. Passaram pela recepção e quando Gustavo ameaçou de ir pagar pelo quarto, ela somente balançou a mão e a cabeça em negativa, deixando claro que tudo já estava acertado. Cruzaram a porta e à frente deles, parado ao lado de um grande carro preto, estava um armário que em algum momento deve ter se confundido com um homem, pois seria impossível algum ser humano daquele tamanho e com tantos músculos.

— Armando — disse simpaticamente assim que ele abriu a porta de trás para ela.

Gustavo ficou parado do lado de fora, olhando para o homem armário ao seu lado, sem saber ao certo o que fazer. Não sabia se iria com ela ou se voltaria para seu buraco e esperaria ela entrar em contato com ele novamente, afinal, e se fosse somente um sonho ou uma brincadeira de muito mal gosto? Ter alguém que o tiraria daquela vida miserável que levava era algo bom demais para ser verdade.

— O que está esperando? — Ouviu a voz contrariada da loira dentro do carro. — Vamos, não temos a noite toda.

Ele sorriu sem jeito para o grandalhão e entrou no carro, sentando-se ao lado dela. O carro era luxuoso, bancos em couro e vidros escuros e tão grossos que ele teve a certeza que eram blindados. Ajeitou-se constrangido, sem saber ao certo se deveria puxar assunto ou somente se calar, mas foi Olivia quem resolveu quebrar o silêncio.

— Te deixaremos em seu novo apartamento, tudo o que achei que fosse útil de onde morava, mandei que deixassem em seu novo endereço.

— Espere, como entrou na minha casa? Aliás, como sabe onde moro? — Estava começando a ficar assustado.

— Nada muito difícil de se fazer, mora em uma pocilga na pior parte do centro da cidade, por alguns reais a nossa entrada foi liberada e tirar suas coisas de lá não levou mais do que cinco minutos. Até porque não havia muito o que ser retirado.

Não poderia nem brigar com ninguém por aquilo, ela tinha razão. Fora as roupas surradas dele, o notebook velho e o celular antigo, não havia mais nada naquele lugar, somente lembranças de dias ruins, acontecimentos que abalariam a cabeça mais focada do mundo e nada mais. Gustavo respirou aliviado, não sabia se aquela mulher o levaria mesmo para uma nova moradia e melhoraria sua vida, mas não se importava, estava tão cansado da vida miserável que levava que até mesmo o pior dos destino lhe parecia ser algo bom, ao menos não voltaria para lá. Relaxou no assento confortável e deixou sua mente voar, se o que ela lhe prometeu fosse mesmo verdade, ele teria uma boa casa, uma ótima grana em sua conta, comeria todos os dias, teria roupas limpas e lavadas, fazendo exatamente o mesmo. Quem sabe as clientes que ele fosse atender daquela noite em diante, fossem parecidas com a mulher sentada ao seu lado no carro? Se estivessem limpas, ele já estaria ganhando.

— Chegamos — disse assim que o carro parou em frente a um prédio grande e chique da avenida Paulista. — Aqui estão seus dois cartões de entrada para o quarto, as anotações que precisará para entender tudo, o contrato para o senhor ler e anotar todas as dúvidas que serão sanadas amanhã pela manhã, o cartão de sua nova conta bancária e o cartão de credito com o limite estabelecido no contrato. Em seu apartamento encontrará roupas novas, sapatos, cozinha abastecida e um aparelho celular com seu novo número.

A porta do carro se abriu, revelando um alegre e baixinho loiro que o esperava do lado de fora. Gustavo ficou olhando de um para o outro e, antes de se mover, a encarou.

— Como sabia que eu aceitaria? — perguntou curioso.

— É só isso, senhor Gustavo, nos vemos amanhã. — Fugiu de seu olhar, deixou claro que não queria aquela conversa e assim o fez. — Lembre-se, Armando virá te buscar às oito horas, portanto, esteja aqui em baixo o esperando, odiamos atraso.

Desceu do carro e foi conduzido pelo alegre rapaz ao seu lado, que falava e falava, deixando-o completamente zonzo com tantas informações. Pararam diante da porta fechada de um dos elevadores, Gustavo desejou com todas as suas forças que não houvesse mais nenhuma informação a ser passada, precisava de um banho, roupas limpas, comida e uma cama para colocar seus pensamentos em ordem, mas não obteve o silêncio desejado.

— O senhor pode me chamar de Ric, gosto muito do meu nome, afinal, era o nome de meu avô, mas acho Ricardo pesado demais e muito informal. Não é mesmo? — Encarou-o com um largo sorriso nos lábios.

— Gosto de Ricardo, é forte. — Ele enfim se rendeu à conversa. — Me chamo Gustavo.

— Ah, sim, sabemos disso. Sra. Albuquerque sempre deixa tudo às claras quando nos entrega seus meninos.

Isso o surpreendeu. Gustavo estava no celeiro do prostíbulo de luxo de Olivia e todos ali sabiam exatamente o que ele fazia, não que isso o incomodasse. Desde os dezesseis anos aprendeu a não se importar com olhares tortos e opiniões contrárias, a vida havia lhe ensinado a ser muito mais forte do que gostaria e não seria em um prédio de luxo onde começaria a se importar.

— Que bom, assim não preciso ficar me esgueirando por aí, todos sabem para quem trabalho e com o quê trabalho. — Deu de ombros, entrando no elevador assim que as portas se abriram.

— Ah, sim, sim. — Ric entrou logo atrás. — Não precisa mesmo se preocupar, não é novidade por aqui, dezenas de vocês moram conosco todos os anos.

— Dezenas? — Gustavo acreditou que a empresa teria uma rotatividade muito maior.

— Sim, mas bem poucos conseguem ir para a esperada e desejada segunda etapa.

— Segunda etapa? — Estava odiando aquela conversa, nunca foi muito bom em se comunicar, mas ter que ficar espremendo as pessoas para conseguir detalhes era frustrante demais.

— Vamos — disse segurando a porta aberta do elevador, deparando-se com um espaçoso corredor de iluminação baixa e um som ambiente de música clássica. Havia somente duas grandes portas de madeira escura. — Quando conseguem cair nas graças da Sra. Albuquerque e serem efetivados, ganham moradia fixa.

— E como sabe de tudo isso? — Ele estava mesmo intrigado. Ric riu alto e escandalosamente.

— Sabemos de muitas coisas, senhor Gustavo, muitas coisas.

— Me chame de Gustavo somente, essa conversa de senhor não é para mim.

— Como quiser. — E lá estava o sorriso de machucar bochechas novamente. — Aqui estamos, fique à vontade, e caso precise de algo, é só discar o número nove e atenderei de pronto.

— Obrigado.

Não teve tempo para mais nada, antes mesmo que conseguisse formular qualquer frase em sua mente, Ric não estava mais ao seu lado. Gustavo suspirou profundamente, pegou um dos cartões que havia recebido e inseriu na porta, ouvindo um “cleck”. Assim que sua passagem foi liberada, paralisou. Claro que já havia visto quartos assim, não pessoalmente, mas em revistas, porém ter todo aquele espaço à sua disposição lhe tirava o ar. Bateu a porta atrás de si, andando mais alguns passos, parou no limite que parecia ser a sala, onde um largo sofá em L na cor cinza tomava toda a parede, no centro o tapete que Gustavo jamais ousaria em pisar antes de tomar um banho, pendurada na parede uma televisão tão grande que mais parecia tela de cinema, era surreal. Virou à sua direita e notou o balcão de mármore preto que separava a sala da cozinha muito bem equipada, à sua frente um corredor e de cada lado uma porta. Caminhou e entrou por um dos cômodos, um espaçoso quarto, cama no centro, televisão de menor tamanho e uma cômoda, nada mais. Virou-se na direção do outro cômodo e o choque foi tanto que ele não conseguiu fechar a boca, o quarto era duas vezes maior que todo o apartamento em que morava antes, uma cama king size no canto, com lençóis escuros e pilhas de travesseiros brancos, a televisão pendurada na parede era exatamente do mesmo tamanho que a da sala. Assim que recuperou sua capacidade de se mover, andou pelo quarto e maravilhou-se ainda mais com o closet que encontrou ao lado do banheiro, ele agora, além de ter mais roupas que uma loja de shopping, tinha uma suíte.

Uma crise de riso explodiu do peito do jovem que não se conteve e gargalhou até o corpo ceder ao chão, jamais imaginou que após todos os momentos terríveis que passou, estaria enfim em segurança e vivendo fora daquela pocilga. Gustavo riu até que seus olhos se derramassem em lágrimas e agora seu peito se movia, mas não levado por risadas, mas pelas lágrimas que pediam passagem, liberando toda a dor e sofrimento dos últimos anos. Deitou-se em posição fetal sobre o carpete macio e limpo e chorou com todas as suas forças, tentando colocar para fora os demônios que o habitavam. O soluço alto rompia seu peito, todo o abuso sofrido estava sendo derramado em lágrimas. Permaneceu na mesma posição por mais tempo do que achou ser capaz e nem ao menos se deu conta quando o soluço parou e seu corpo se entregou ao sono.

Já estava no começo da madrugada quando acordou, dormiu deitado no chão do quarto, levantou-se sem jeito, demorando alguns segundos para entender onde estava e então sorriu para a loucura à sua volta. Despiu-se a caminho do banheiro, colocando a roupa que usava em um canto, iria jogar aqueles trapos no lixo e jamais voltaria a vestir algo assim, ligou o chuveiro e permitiu que o corpo castigado pela vida fosse envolvido pela água quente que escorria em abundância. Prometeu a si mesmo que faria o impossível para ser merecedor de passar aqueles três meses que estava por vir e nunca mais voltaria para a vida de miséria. O banho foi demorado e relaxante, permitiu-se lavar os cabelos duas vezes, esfregou o corpo com o sabonete líquido, repetindo o processo outra vez, querendo arrancar de sua pele tudo o que viveu até ali.

Saiu do banho com a toalha enrolada na cintura e no closet sorriu novamente, não acreditando ainda na sorte que teve. Vestiu somente uma das dezenas de boxer pretas da gaveta e correu para a cozinha, estava faminto.

Olivia não mentiu.

Tanto o armário quanto a geladeira estavam abastecidos para alimentar um exército e novamente o riso lhe tomou os lábios, ele sempre amou o prazer que a comida lhe proporcionava, desde criança, comer era seu refúgio. Por isso, sempre foi acima do peso e saía fora dos “padrões” dos amiguinhos, mas a vida sem os pais o ensinou a equilibrar as coisas e a descobrir que nem sempre teria duas refeições por dia.

Gustavo balançou a cabeça, como se tentasse apagar de sua mente as imagens que a invadiam, o tempo de miséria acabou e iria somente desfrutar da boa comida. Preparou um lanche, um prato pequeno só com queijo e pequenas bolachinhas salgadas, outro prato com queijo e doce de leite, encheu uma taça de vinho e iria comer sentado em seu sofá maravilhoso, assistindo qualquer coisa em sua imensa televisão. Equilibrou tudo em uma bandeja que encontrou sobre o balcão, andou até a sala e, após apoiar a bandeja sobre a mesinha de centro, jogou-se no sofá e permitiu-se ser abraçado pela espuma confortável e o tecido macio. Encontrou a caixa com o novo celular na mesinha ao lado, abriu e tomou o aparelho em suas mãos, assim que apertou o botão para ligar, uma mensagem piscou na tela.

“Espero que esteja tudo de seu agrado. Não durma tarde, não tolero meus funcionários com a aparência abatida, ou pior, que me façam esperar. Amanhã às oito.”

— Mandona demais!

Disse em voz alta enquanto pegava o controle e ligava a televisão, puxou a bandeja para o seu lado no sofá e se deliciou com a comida e o vinho que pegou, perdendo-se em todos os canais à sua disposição. Conferiu a hora no celular, ainda não eram duas horas da manhã, ele sempre dormiu pouco e sabia que não deixaria ela esperando, decidiu aproveitar um pouco mais do seu paraíso particular. Se permitiu não pensar em mais nada, sua mente vazia focada na imagem à sua frente e sua boca, movendo-se com vigor, devorando tudo sem rodeios, mas foi o barulho de buzina que chamou a sua atenção, sabia que estava próximo da Avenida Paulista, mas ainda não tinha visto a paisagem. Levantou-se com cuidado para não derrubar o líquido da taça no sofá caro e puxou a grossa cortina que o separava da janela. Para sua surpresa, uma grande varanda norteava quase todo o apartamento, saindo da sala e indo até o quarto de Gustavo, com cadeiras tão confortáveis que acolheria facilmente um corpo cansado ou bêbado. A vista era incrível. Ele voltou, pegando sua taça e sentou-se em uma das cadeiras/cama, seus olhos percorreram a imensidão de luzes, prédios e carros à sua frente, ainda que fosse somente cimento, aquela era a sua cidade e ele a amava demais.

Acordou com os primeiros raios de sol em seu rosto, pegou no sono onde estava, com a taça vazia de vinho na mão. Espreguiçou-se e curtiu a preguiça do momento, sabia que ainda teria tempo para um banho e um bom café da manhã, e assim o fez. Às oito horas em ponto estava do lado de fora do hotel, de frente para o grande carro preto. Armando desceu o vidro escuro e esboçou o que pareceu ser um sorriso para o rapaz que, meio sem jeito, abriu a porta da frente, sentou-se e puxou o cinto sobre o corpo.

— O que foi? — perguntou ainda sem graça, o grandalhão ao seu lado o encarava.

— Não vai aqui na frente. — A voz rouca e forte, ecoou entre eles.

— Vou sim, não é meu motorista, não vou lá atrás sozinho — respondeu dando de ombros, acomodando-se ainda mais no banco de couro.

Armando pareceu pensar sobre o que acabou de ouvir, olhava intensamente para o jovem ao seu lado e foram os dez segundos mais longos da vida de Gustavo, mas não abaixou a cabeça, sustentou o olhar do grandalhão.

— Ok — disse, ligou o carro e partiu.

— Bom dia para você também. — Gustavo implicou.

— Bom dia. — Armando respondeu e nada mais foi dito.

A viagem foi tranquila, mesmo com o trânsito caótico de São Paulo, estar em um carro confortável, com ar condicionado ligado, deixava tudo mais fácil. Saíram de uma extremidade à outra, atravessando toda a marginal para chegar ao Morumbi, um dos bairros mais chiques da cidade. Aos poucos, o carro foi saindo do fluxo, entrando em ruas tranquilas com casas gigantes, verdadeiras mansões que ocupavam quase todo quarteirão. Não existia comércio ou movimentação, tirando um ou outro carro, que nem mesmo a alma de Gustavo seria valiosa o suficiente para pagar por um deles, circulando hora ou outra. Armando acionou um botão no painel do carro e automaticamente o imenso portão de ferro começou a deslizar para o lado, entraram e após alguns segundos percorrendo um caminho de asfalto liso e ladeado por vegetação, ele estacionou ao lado de mais dois carros importados.

— Vamos lá, garanhão. — Não se importou pela forma pejorativa que foi chamado. Desceu do carro e acompanhou o grandalhão mansão adentro.

O lugar era luxuoso demais, mármore por toda a parte, móveis modernos e claros confundiam a cabeça do visitante, misturando-se a uma casa atual e grandiosa a um escritório exuberante. Armando subiu a larga escada, tendo Gustavo em seu encalce, parando de frente a uma porta dupla branca onde deu três batidas, esperou alguns segundos e então abriu.

— Bom dia, Gustavo. Entre e sente-se, por favor. — Notou a loira atrás da grande mesa de vidro, algo nela era familiar, mas não conseguia identificar o quê. Caminhou e ouviu a porta se fechar atrás dele, puxou a cadeira de encosto comprido e branco e sentou-se. — Acredito que tenha lido o contrato, então agora, conte-me suas dúvidas.

Sim, ele leu, mas dúvidas não tinha.

— Quer que eu faça a mesma coisa que faço há anos, só que irá me pagar muito bem por isso, me colocou em um apartamento ótimo, tenho comida e roupas limpas. Onde assino?

Ela sorriu e a forma como o sorriso se desenhou em seus lábios, arrepiou Gustavo. Sabia que conhecia aquele sorriso, mas de onde?

— Ótimo. Assine aqui — dizia apontando o local no papel com o dedo e virando as folhas, parecia ter pressa em se livrar dele —, aqui e aqui. Isso mesmo, agora vamos para a parte B.

Olivia se levantou e como se fossem conjuradas, a porta se abriu e quatro mulheres elegantes surgiram, aproximando-se rapidamente de Gustavo, que já estava em pé olhando intrigado.

— Acalme-se, meu querido. Essa é somente minha equipe que te dará um banho de personalidade.

— Mas estou de banho tomado — respondeu na ingenuidade, despertando risadinha nas moças e o revirar de olhos em Olivia.

— Você lavou o corpo, meu caro, mas elas irão lavar sua alma. Corte de cabelo, barba, unhas, depilação... Sairá de lá outro homem.

Não houve tempo para nenhum tipo de manifestação. Armando entrou em seguida e tomou Gustavo pelo braço, empurrando-o para fora, tendo as moças atrás deles, e caminharam aos tropeços, entrando em outro cômodo em frente ao que estavam há segundos. Foram muitas mãos o puxando para lados diferentes, sentou-se na cadeira em que foi delicadamente empurrado e decidiu não se importar mais. Cortaram seus cabelos, fizeram sua barba, unhas das mãos e pés, após acabarem com todos os pelos de seu corpo e ele gritar tanto que acreditou estar sem voz, carregaram Gustavo para outra sala. Agora as mãos que o tocavam de forma firme, massageavam o seu corpo, relaxando-o da cabeça aos pés. Não estava achando tão ruim.

Horas se passaram quando enfim terminaram com o trabalho e devolveram outro Gustavo para Armando, que sorriu vendo-o concluído. Encaminhou o rapaz para a porta ao lado, onde encontrou um estúdio com fotógrafo profissional, e novamente começou a sessão de mãos o tocando, trocando suas roupas, posicionando-o para os “flashes”. Inúmeras fotos foram tiradas e Gustavo se viu sendo carregado pelo corredor da grande casa novamente.

— Acabamos. — Armando declarou assim que abriu a porta do escritório de Olivia.

— Acabei de receber o material. Ficou realmente impressionante, nasceu para ser parte do nosso catálogo.

— Não sei se agradeço... — Gustavo deu de ombros e sentou-se na larga cadeira de frente para ela. Estava acostumado a ser tratado como material de uso, ser parte ou não de um catálogo, não faria diferença.

— Ah, sim, agradeça. Acredite, senhor Gustavo, muitos morreriam para ter a sorte que teve.

Ele sorriu com a ironia das palavras ditas por ela, não acreditava que alguém em todo o mundo, iria mesmo querer viver a vida que ele viveu e passar por tudo o que passou.

— E quando começo a desfrutar dessa sorte grande? — Ele a encarava, algo na fisionomia de Olivia despertava as lembranças de Gustavo.

— Os meninos de T.I. estão colocando-o no sistema, assim que cair nas graças de nossos clientes sua nova vida começará. — Levantou o rosto encontrando o olhar questionador de Gustavo, que sondava com intensidade os traços dela. Olivia ficou visivelmente abalada, ajeitou-se na cadeira e dispensou o rapaz. — Entraremos em contato assim que for escolhido. Pode se retirar, por favor.

Gustavo balançou a cabeça algumas vezes, apoiou as mãos na cadeira, impulsionando o corpo para cima, em um salto colocou-se em pé e saiu sem olhar para trás. Foi conduzido por Armando e em silêncio voltaram para o hotel onde ele estava hospedado. Assim que pararam o carro, recebeu algumas orientação do grandalhão e foi direto para seu apartamento. Estava exausto por causa da noite de sono mal dormida e o efeito de passar a madrugada na cadeira trazia dores por seu corpo. Andou a passos largos pela recepção, não estava com humor para conversas desnecessárias, agradeceu por não ter encontrado o alegre Ric. Assim que passou pela porta, despiu-se quase que por completo, ficando somente de boxer, não gostava da sensação dos tecidos em seu corpo. Jogou-se no sofá e permitiu-se não pensar em nada.

“—Acha mesmo que alguém vai querer ficar com um bostinha igual a você?

— Você não sabe.

— Ah, sei sim. Eles querem os bebês, não querem crianças grandes e cheia de problemas.

— Mas eu não tenho problemas.

— Claro que tem. Quem vai querer você como filho, quando souber o que ajudante Valter faz com você lá no depósito?”

Gustavo sentou-se no sofá, seu corpo suava, o coração batendo fora de ritmo acelerava sua respiração. Precisou de alguns segundos para entender que foi somente mais um dos seus sonhos ruins, com lembranças dolorosas do passado. Levantou e foi até a cozinha, precisava distrair a mente, e ter fartura de alimento o agradava demais. Estava sentado sobre a bancada com um pote de creme de avelã em uma mão e um saco de tortilhas de milho ao seu lado, havia experimentado a mistura e descobriu ser o seu novo sabor preferido. Ouviu o bip do celular e correu para ver do que se tratava:

“Senhor Gustavo, esteja pronto as vinte e três horas, terá companhia para essa noite. Use um traje informal, não irão aparecer em público. Armando lhe pegará e te dará todas as informações necessárias.”

Sorriu para a tela do celular, teria um dia inteiro sem nada para se fazer. Dia esse que passou e ele nem ao menos notou, deitou na cama, assistiu um filme, voltou a dormir e quando se deu conta, já passava das nove horas da noite. Correu para o chuveiro e, após um banho demorado, arrumou-se da forma que a mensagem orientou. Na hora marcada, estava sentado ao lado de Armando dentro do caso, indo em direção ao seu primeiro encontro.

— Me conte como ela é — pediu ao grandão, arrancando um sorriso dele.

— Não conheço pessoalmente os clientes, sou somente o transporte — respondeu sem olhar para ele.

— Vai, Armando — insistiu. – Está nisso há muito tempo, deve saber quem é.

— Sim, eu sei.

— Então me conta!

— Isso importa? Terá que ficar lá do mesmo jeito. — Deu de ombros, declarando a verdade.

Não tinha a menor importância, homem ou mulher, jovem ou velho, nenhuma dessas informações mudaria o que Gustavo teria que fazer, sua noite estava comprada e ele iria fazer o seu melhor, nunca mais voltaria para sua antiga vida e isso já estava decidido.

— Você tem razão, não importa mesmo. — Se rendeu por fim.

O silêncio entre os dois era confortável, não precisavam preencher o tempo com falatório desnecessário. Armando passou para ele o que precisaria fazer e quando voltaria para pegá-lo, nada mais. Pararam na frente de um luxuoso portão de ferro e, após acionar um botão que parecia estar se camuflando na folhagem que decorava os muros, o portão deslizou, dando passagem para a entrada do carro. Armando o levou até a entrada, estacionou e olhou Gustavo com seriedade.

— Não pise na bola, garoto, não está mais sozinho e agora representa uma empresa. — Depois sorriu de forma brincalhona, dando um soco leve no braço do rapaz. — Desce lá e acabe com ela.

— Pode deixar — respondeu meio sem jeito, descendo do carro.

Jamais precisou se reportar a alguém e ter outra pessoa desejando sorte para uma noite de sexo era realmente estranho. Andou até a entrada da imensa casa, ainda sem jeito, bateu na porta algumas vezes e não demorou muito para que a mesma se abrisse, revelando uma senhora que não deveria ter mais que cinquenta anos. Cabelos pretos, na altura dos ombros, lisos em um corte reto, olhos castanhos escuros, rosto muito bem cuidado. Gustavo não conseguiu conter os olhos que percorriam o corpo da mulher à sua frente, desejando ver o que teria que aguentar aquela noite, sorriu satisfeito com o que viu, ela se cuidava e muito. Estava usando lingerie preta e nada mais, o sorriso sem vergonha que surgiu nos lábios dela assim que o viu não deixou dúvidas, era uma mulher independente, muito bem resolvida e sabia o que queria. Ele gostava daquilo.

— Vai passar a noite inteira me comendo só com os olhos? — Sua voz soava tão felina quanto sua atitude.

— Não aguentaria ficar somente te olhando. — Ele respondeu no mesmo tom.

Entrou e a tomou pela cintura, puxando a mulher para os seus braços. Sua boca encontrou o pescoço dela, chupando e mordendo, enquanto ela gemia em seus braços, se contorcendo. Suas mãos deslizavam rapidamente pelo corpo do menino, arrancando os tecidos que os separavam, com pressa e sem jeito, jogava a roupa pela casa, enquanto Gustavo andava em direção à parede mais próxima, prendendo seu corpo ao dele, esfregando sua ereção, fazendo-a gemer ainda mais. Ela buscou os lábios do rapaz que se desvencilhou descendo por entre seus seios, arrancando sem delicadeza o sutiã. Sabia que ela não era o tipo que queria amor, queria ser domada, montada com força e sentir em seu corpo a marca daquela noite. E ele faria isso, ela se lembraria dele no outro dia quando fosse se sentar. Seus lábios buscaram um dos mamilos refeitos em cirurgia, os seios duros e empinados deixavam claro o procedimento, ele não se importou com aquilo, abocanhou, chupando e deslizando a língua, enquanto sua mão brincava com o bico do outro, beliscando e puxando, fazendo-a gritar de prazer.

— Me chupa. — Ela ordenou, empurrando o corpo de Gustavo para baixo.

Ele obedeceu, estava sendo pago para satisfazer aquela mulher e seria tudo o que ela quisesse naquela noite. A língua deslizava, deixando um rastro molhado pela barriga dela. Ajoelhou-se entre suas pernas, levou dois dedos à renda fina da micro calcinha que cobria sua intimidade e puxou, partindo o tecido em dois, tirando dela um gritinho misturado com riso. Jogou o tecido de lado e a olhou, esperando que ela encontrasse o seu olhar. Assim que abaixou a cabeça, sorriu quando notou que ele a encarava, a luxúria estampada na face dela, seus dedos brincavam nos fios curtos do cabelo do rapaz. Sem perder o contato visual, Gustavo se aproximou ainda mais, deslizando dois dedos entres os lábios úmidos e desejosos dela, fazendo-a fechar os olhos por alguns instantes, mas abriu em seguida, pedindo por mais. Os dedos brincavam, subindo e descendo dentro dela, despertando-a. Os separou, abrindo-a para ele e muito devagar, posicionou a ponta da língua dentro de sua intimidade, mas não se moveu, pressionou ainda mais no mesmo ponto, fazendo-a entrelaçar os dedos em seus cabelos, puxando-o para dentro dela.

— Vai! — gritou em desespero. — Me chupa! — Ordenou.

Ele sorriu.

Deslizou a língua sem pressa, saboreando cada pedaço da sua carne macia, sentindo o gosto em sua boca. Ela gemia e se contorcia contra a parede, esfregando seu corpo contra o rosto do rapaz ajoelhado à sua frente, querendo muito mais. Gustavo sabia o que estava fazendo, ele queria enlouquecer, deixar sua marca, queria fazer com que nenhum outro cara do catálogo fosse bom o bastante depois dele. Subiu um pouco mais sua língua quente e molhada, tocando sem pressa o clitóris, pressionando, circulando, massageando, fazendo-a gritar em desespero e desejo. Estava onde queria, soltou os dedos que abriam a intimidade dela para sua língua e deslizou sobre a fenda, penetrando-a com força, fazendo o corpo da mulher pular com a estocada e ela se derreter ainda mais em sua boca. Seus dedos a comiam com rapidez, enquanto sua língua a devorava na mesma sintonia. Ela levantou a perna, apoiando-a sobre o ombro do rapaz, se abrindo ainda mais para ele.

— Isso. Vai... Mais rápido... — orientava, comandava a brincadeira.

Ele a chupava, fazendo sua língua trabalhar com a mesma velocidade que seus dedos, sentindo a musculatura se contraindo. Ela gozaria logo e ele tomaria cada gota dela. Seu pau pulsava solto, duro como pedra, desejando alivio. A mulher gritou alto, arqueando o corpo contra o rosto dele, suas pernas tremeram e Gustavo então aumentou a pressão, sentindo ela se desfazer em gozo bem na sua boca. Ele a chupou, recebendo tudo o que seu corpo lhe entregava. Ela se contorcia, tentando afastar a boca dele de dentro dela, rindo da sensação do prazer louco que acabara de sentir, mas ele ainda não havia acabado, somente cedeu ao toque dela e afastou sua cabeça a olhando, ainda entre suas pernas. Ela sorriu para ele, vendo seu rosto brilhando, marcado com o prazer que acabou de lhe proporcionar.

— Essa sua língua é incrível — disse, ainda tentando controlar a respiração.

— Incrível é meu pau que está louco para te comer — disse sem rodeios, levantando-se e a tomando em seus braços.

A mulher tentou novamente encontrar os lábios de Gustavo, mas ele a virou de costas rapidamente, jogando-a contra a parede, espremendo seus seios contra o gelado. Tirou o pequeno envelope de dentro do bolso, rasgando a embalagem e colocando o preservativo com a rapidez que anos de pratica trouxeram. Segurou as nádegas bem torneadas dela, levantando e abrindo caminho para seu pau, que penetrou sua intimidade molhada sem nenhuma dificuldade. Sim, ela sabia muito bem como conseguir o que queria, mulher experiente, seu corpo dizia isso. Estocou fundo uma vez e ela gritou quando sentiu o tamanho dele, rindo em seguida.

— Você é grande — gemeu contra a parede. — Mais forte.

Ele obedeceu.

Saiu devagar e voltou empurrando com força, fazendo o corpo torneado da mulher se mover com brutalidade contra a parede gelada. Ela gritou de prazer. Gustavo estava se controlando ao máximo para ir no ritmo dela, mas seu corpo pedia por alívio.

— Vai! — gritou novamente. — Me fode.

Era tudo o que ele precisava ouvir. Estocou fundo, segurando os braços dela acima da cabeça, seu corpo grande e forte a apertando, esmagando-a, os dois gemendo de prazer, em movimentos bruscos e fortes.

— Assim? — disse ao ouvido dela. — É assim que você gosta safada?

— Isso — respondeu sem conseguir controlar a respiração. — É assim que eu gosto, vai, mais forte — exigiu.

— Vou te foder tão forte que não vai conseguir sentar amanhã. — Mordeu o lóbulo da orelha dela com força, a fazendo gemer ainda mais.

— Duvido — disse cheia de malícia.

Ele gostava do jeito dela, sem frescura, sem rodeios. Ela queria sentir prazer da forma mais bruta e ele lhe daria o que ela procurava.

Se empenhou, seu corpo se chocava contra o dela com força, sentindo que os dois se entregavam ao prazer que brincava bem na borda, somente mais algumas estocadas e os dois gozariam.

— Vai! — Ela gritou tão alto que Gustavo afastou a cabeça de perto dela e sorriu da empolgação.

Moveu seu corpo mais rápido, estocando-a ainda mais forte.

— Vou gozar. — Ela avisou.

— Então vem comigo. — Ele pediu e os dois se entregaram ao momento.

Gozaram juntos e o corpo dela cedeu ao esforço, suas pernas perderam a força e Gustavo a segurou pela cintura, enterrando o rosto em seus cabelos, sorrindo.

— Você é muito bom. — Ela disse cansada.

— Temos a noite inteira pela frente para descobrirmos se isso é mesmo verdade — brincou.

Ela se virou em seus braços, ficando de frente para o rapaz e o olhou ainda sorrindo.

— Prazer, Claudia.

— Oi, sou o Gustavo.

Riram juntos, enquanto Claudia o puxava pela mão, saindo da entrada da casa e o levando escada acima.

— Vem Gustavo, vamos tomar um banho e sair da entrada da casa, acabamos de dar um show para o meu segurança e tenho certeza que o fizemos gozar pelo menos duas vezes.

Somente nesse momento que ele olhou para trás e viu a porta aberta, riu da situação, mas não ligou, se ela não estava preocupada, ele também não ficaria.

Entraram em um quarto tão grande que ele acreditou que mais algumas pessoas deveriam dormir ali, parou na porta, ela se virou o encarando.

— Entre, já passamos da parte em que você fica envergonhado — riu, entrando em uma porta aberta. Gustavo foi atrás dela e assoviou alto quando se deparou com o banheiro.

— Caramba, é quase do tamanho do meu apartamento. — Ela riu do comentário dele.

Abriu o chuveiro e dois jatos de água saíram das paredes laterais, fora a cachoeira que vinha de cima.

— Vem. — O chamou e ele não perdeu tempo.

Entrou ao lado dela, sentindo o jato forte da água em seu corpo.

— Sensacional!

— Estou achando também — disse, devorando-o com os olhos, e ele entendeu o recado.

Descobriram que existia outras formas de usar aquele jato de água que saía da parede e ela agradeceu aos deuses da luxúria por Gustavo ter a mente fértil.

Perderam-se um no outro durante toda a noite, ela teve Gustavo em todos os cantos que sua disposição possibilitou, arrancou dele até a última gota de força Ele estava acabado e sorriu internamente quando seu celular avisou que Armando o esperava. Havia passado a noite satisfazendo aquela mulher e ela se recusava a descansar, insaciável como há muito tempo ele não encontrava. Lutou muito contra as investidas para beijar sua boca, sabia que parecia bobeira, já que sua boca estava sempre em todos os lugares de um corpo, mas ele tinha algumas regras e isso estava especificado em seu contrato:

- Não beijava na boca;

- Não chupava pau;

- Não dava a bunda.

De resto, estava livre para tudo entre quatro paredes. Despediu-se dela ouvindo a promessa que logo se veriam de novo. Ele conseguiu o que queria, fidelizou sua primeira cliente. Entrou no carro e se jogou no banco de trás, não tinha forças para mais nada, queria somente esticar as pernas e dormir.

— Foi boa a noite rapaz? — Armando ria olhando pelo retrovisor.

— Armando, essa vida ainda vai me matar — respondeu rindo.

Chegaram rapidamente, ainda estava de madrugada e o trânsito não existia. Desceu do carro se despedindo do grandão, arrastou-se até seu apartamento e não conseguiu chegar até o quarto, caiu sobre o tapete macio da sala e lá ficou, simplesmente apagou.

A vida de Gustavo seguia um padrão, não demorou muito tempo para que caísse na graça das mulheres e homens que usavam o catálogo da empresa. Olivia o tratava com todos os mimos possíveis, enviando sempre roupas novas, suas comidas favoritas, aparelhos eletrônicos e muito mais, ela estava cuidando da sua mais nova e rentável aquisição. Ele já havia se acostumado com a alegria constante de Ric e sabia que sentiria falta dele quando se mudasse, as conversas com Armando estavam mais longas e ele ria sempre querendo mais detalhes das noites de Gustavo. Mas todas as vezes em que se encontrava com sua chefe, ainda sentia o mesmo incômodo do começo, a estranha sensação de conhecer aquele sorriso e por mais que tentasse buscar em sua mente, nada lhe vinha. Ela passou a se distanciar do rapaz e a tratar com ele somente por mensagens e e-mails, dando as coordenadas para suas noites. Após três semanas de trabalho intenso, Olivia começou a se preocupar com a saúde de seu funcionário, marcava consultas, exames, enviava suplementos. Era como uma mãe meio desajustada.

Gustavo estava largado no chão da sala, vendo um filme e comendo um pote de pasta de amendoim, saboreando seu dia de folga. Há semanas estava trabalhando todas as noites e quando soube que não faria nada naquela noite de quinta-feira, seu coração agradeceu aliviado. Ele curtia os encontros, todas as pessoas desse meio eram muito bem cuidadas e super ricas, até mesmo os homens que o escolhiam, entendiam suas restrições e jamais pediram mais do que ele estava disposto a dar. Tudo o que vivia era muito diferente do que estava acostumado, então só poderia agradecer, mas sempre que saia com Claudia sentia-se um lixo no dia seguinte, ela sugava toda a energia do rapaz. Ter a sede por sexo que aquela mulher tinha, deveria ser um crime, ele sentia que ela o levaria para o hospital qualquer dia. Ouviu o sinal sonoro do celular, avisando sobre uma nova mensagem, respirou fundo pegando o aparelho, vendo o que já sabia que seria, mas não queria acreditar:

“Gu, hoje às 21h. Se arrume para um evento, use smoking.”

Lá se foi o dia de folga.

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