Cap. 2 - O Encontro com Vampiros

Fui então para a festa. Não sabia onde era, mesmo assim cheguei, como se houvesse um mapa em minha mente, como se eu soubesse o endereço. Parei a certa distância e fiquei a observar. A casa, extraordinariamente gigantesca e luxuosa, estava distante de minhas posses ou do círculo em que vivia. Alguns carros, à mesma altura da luxuosidade da casa, estavam estacionados em frente. Havia seguranças com cachorros por todos os lados. E, por incrível que pareça, o medo nem passou ao meu lado. Caminhei, porém, logo chegando ao portão, quatro seguranças me pararam. Eram fortes e grandes em tamanho; eu parecia um garotinho perto deles.

- O Senhor foi convidado? Está na lista? – perguntou o que parecia ser o chefe dos seguranças da portaria, com uma prancheta à mão.

- Isso eu não sei, mas minha irmã e suas amigas estão aí dentro.

- Muitas irmãs de alguém estão aqui dentro. – disse o segurança e começaram a rir desdenhosamente de mim.

- Dei mais alguns passos à frente a fim de entrar e fui barrado novamente. O instinto me traiu quando um dos seguranças pegou o meu braço. Minha ação foi tão rápida que somente escutei algo se quebrando. Ficaram parados um olhando para o outro, enquanto o sujeito que tentou me segurar estava caído ao chão desmaiado, com o braço completamente torto. Olhei para aquilo e não senti nada, mas fiquei feliz por saber que poderia fazer aquilo. Os outros seguranças olharam para mim temerosos e se afastaram. Entrei calmamente, ficando até mesmo encorajado com aquela cena. Friamente continuei.

Andava devagar e sorrateiro. Alguns convidados olhavam de canto de olho, outros encaravam meus olhos e até seus pares se viravam. Mas eu continuei sério. Ainda não sabia o que estava acontecendo comigo. Porém, estava gostando de tudo aquilo.

Caras e bocas não me surpreendiam e eu estava andando como se estivesse no automático. Ao meio dos convidados, serpenteava às vezes sem ser notado, outras, sendo notado, até que cheguei onde minha irmã e suas amigas estavam.

- Olá Jeremy! Você veio! – disse Jane.

- Sim, aqui estou. – falei observando os homens com quem Jane e suas amigas estavam conversando.

- Quero lhe apresentar alguns amigos meus. – disse Jane. – Este é Sérgio Chanila, ele e o irmão são donos desta casa. Chanila, este é o meu irmão, Jeremy.

- Muito prazer. – falei esticando a mão e assim que pegou em minha mão senti algo estranho e percebei que ele também. Olhou profundamente em meus olhos, assim, fiz o mesmo.

Era um sujeito alto com uma aparência de seus quarenta anos de idade, na parte da frente de sua cabeça não havia cabelo, mas havia um rabo de cavalo amarrado atrás.

- Para mim é um grande prazer conhecer o irmão mais velho de uma garota tão linda quanto Jane. – falou ele olhando em meus olhos e ainda segurando minha mão.

- Sinto o mesmo para quem é o dono de uma casa tão requintada como a sua. – falei em bom tom.

- Queira me dar licença meu rapaz, preciso ver meus convidados. Senhoritas. – disse olhando e fazendo reverência às damas presentes.

- Ele não é o máximo Jeremy? – falou Jane empolgada e seguindo-o com os olhos.

- Não fui com a cara dele. Mas tive de ser educado, afinal, estou na casa dele. E que casa! – falei olhando para os detalhes em relevo no teto e um candelabro gigante e belo se debruçava ao meio do grande saguão.

- Jeremy? O que anda acontecendo com você? Está tão estranho ultimamente! – falou Jane e se retirou um pouco à frente para dançar com suas amigas.

Nem mesmo dei atenção para Jane, sabia que estava ali não por elas, mas por pressentir algo. Algo que poderia acontecer a qualquer momento. As meninas estavam dançando um pouco à frente. Eu olhava em volta e via algumas pessoas olhando fixamente para mim. Vi também uma movimentação dos seguranças indo à porta por onde eu havia entrado. Alguns dos seguranças olhavam para mim em tom desafiador. Algumas garotas estavam dançando e olhavam para mim descaradamente, até mesmo seus namorados ou parceiros de dança percebiam e também me olhavam em resposta. Até mesmo Larisse olhava para mim de forma diferente! Sentia que era realmente necessário eu estar ali, pois, muito iria acontecer naquela noite. Eu simplesmente sentia!

Vi outra movimentação ao fundo do grande saguão. Havia muitas colunas no estilo romano, do chão ao teto, continuando a sua altura por dois andares. Ao fundo uma escada com tapete vermelho e dois seguranças à base. Vi também alguns garçons servindo bebidas vermelhas e champanhes. Quando um dos garçons passou ao meu lado não resisti e peguei uma taça com a bebida vermelha, não sabia por que, mas, sabia que devia ser aquela bebida. O garçom olhou para mim assustado, não entendendo a situação, mas, mesmo assim, seguiu o seu rumo.

Levei a taça à boca, o gosto do líquido era suave, recém-colhido, encorpado. Ao primeiro gole me senti enrijecido e os dentes escaparam um pouco. Era sangue! Mas, com um gosto imensurável! Senti-me mais forte e alerta! Olhei ao redor e pude ver muitos rostos se desfazerem em medo puro! Ou seria espanto?

Os brutamontes que estavam parados à base da escada, ao fundo do saguão, me olhavam discretamente, nada falaram como pude perceber mesmo de longe. Mas, um olhou para o outro e subiu rapidamente ao andar superior.

Depois de alguns pequenos segundos, surge um homem na sala, entrando pela mesma porta que eu, juntamente com um dos seguranças que faziam a segurança da entrada. O homem era justamente Sérgio Chanila, um dos donos da bela casa, apresentado por minha irmã.

Chanila era um homem imponente, usava roupas caras como pude perceber, mas não eram nem um pouco convencionais. Usava uma camisa vermelha de algum tecido nobre, esvoaçante, calça preta bem delineada ao corpo e botas de couro. Parecia um daqueles espanhóis toureadores, e, pelas cicatrizes em seu rosto, podia até mesmo ter sido um domador de touros. Era de dar medo encontrar uma pessoa com cicatrizes daquele jeito, mas, eu estava muito tranquilo e até mesmo acenei para ele com a cabeça, enquanto entrava furioso pelo saguão indo em direção ao andar superior.

Pensei em ir embora por perceber que não era bem-vindo ali, mas algo me segurou e dizia que não devia sair dali em hipótese alguma.

- Então Jeremy. – diz Larisse chegando ao meu lado. – Como se sente?

- Estou bem. – respondi terminando de beber o que restava em minha taça.

- Parece meio pálido. – disse ela querendo chegar mais perto de mim.

- Acho que dormi demais. – falei, agora notando meu desinteresse nela e pegando outra taça.

Havia notado outras coisas intrigantes. Garotas passavam ao meu lado e sorriam mostrando seus caninos expostos, mas parecia que somente eu os enxergava.

Alguns minutos se passaram. Não mais do que o suficiente para que reconhecessem que o acontecido na entrada da festa, não era obra de um ser humano qualquer, vendo assim o meu porte físico e o porte físico do segurança. Logo em seguida, apareceu um grupo de seis pessoas pela porta.

Eu, analisando o que estaria acontecendo na parte de fora da casa, mais precisamente no portão de entrada, vejo que este grupo passou por lá. Estavam todos com rostos fechados. Alguns deles estavam de sobretudo, enquanto outros, mais fortes, mostravam tatuagens satânicas em seus braços. Em passos largos entraram ao meio da multidão que se divertia sem nenhum problema no saguão da grande mansão. Sem mostrar nenhum pequenino gesto de educação, o grupo passava esbarrando em todos e olhando para todos os lados. Procuram algo, pensei. O homem que estava à frente do grupo estava de camisa vermelha, mas de calça branca e botas também brancas. Um verdadeiro toureador! Vestia um sobretudo negro, que fazia seu estereótipo ficar ainda mais carregado. Careca, com um rabo de cavalo, sua aparência se mostrava ser mais novo e mais forte que Sérgio. Olhou para mim e pude notar o seu rosto, o que me chamou atenção, este estava sem cicatrizes ao rosto! Apenas um detalhe me chamou muito a atenção, seu olhar era extremamente impiedoso. Muito mais do que Sérgio. Sem muito contato, em seguida, subiu as escadas correndo para o andar superior.

- Seu olhar está mais distante a cada minuto que passa. – disse Larisse.

- Sim. Acho que este drinque está muito bom. – respondi olhando para o fundo do salão.

E realmente estava muito bom, me fazia ter sensações, ver alguns “flashes” enquanto o bebia. Realmente sentia algo diferente. Não me deixava embriagado, e sim alerta. Então, nesse meio tempo, percebi que na verdade, eles queriam me pegar.

- Com licença Larisse. – peguei sua mão. – Preciso andar por aí. Acho que vi um amigo que há tempos não o via e preciso trocar algumas palavras com ele. Espero que não fique chateada. Com licença. – disse isso e beijei a sua mão vendo assim suas veias saltadas pulsando numa sinfonia de prazer.

Senti algo estranho que me fez repentinamente sair o mais depressa daquela festa. Saí pela porta e todos os seguranças haviam sumido. Fiquei estático. Senti um olhar me penetrando, continuei estático, de tão forte que senti tal energia. Euforia e curiosidade se misturaram. Somente via um vulto ao meio da multidão. De repente, a sua voz:

- Agora meu filho... Você está pronto para descobrir. – disse ele me amedrontando.

Aquela sensação se esvaiu num suspiro. Voltei para dentro da festa e meus olhos ficaram ágeis. Era como se meu cérebro trabalhasse mais rápido e as cenas fossem rapidamente gravadas em minha memória. Peguei outro drinque, tomei-o com satisfação. Poucos segundos depois um senhor chegou ao meu lado. Grisalho, com paletó cinza e bigodes que datavam do começo do século anterior. De bom gosto, porém antigo para a nossa época.

- Boa noite Senhor! – disse ele. – O Sr. Francisco gostaria de convidá-lo à sua presença. – terminou de forma respeitosa em reverência.

- Quem é Sr. Francisco? – perguntei inocentemente.

- É o dono desta mansão Senhor e seu anfitrião nesta festa e nessa cidade. – disse e sorriu. – Deveria se informar antes de aparecer, não é meu jovem?

- Ah, sim. Tudo bem. – falei, percebendo das regras de boa convivência que de alguma forma havia esquecido.

- Acompanhe-me por gentileza. – disse o homem com gesto nobre.

Acompanhei aquele senhor e passamos por todo o saguão onde estava acontecendo tal festa. Muitos me olhavam e insistiam em mostrar-me seus dentes pontiagudos e eu não entendia, mas também, não sentia medo e nem mesmo aquilo me assustava. Subimos as escadas, que havia visto anteriormente ao fundo do saguão, sem nenhuma objeção dos seguranças, que estavam, um a cada lado da mesma. Observei duas portas grandes, uma à direita e outra a esquerda enquanto subíamos, uma de cada lado, abaixo da escada, um pouco mais ao fundo daquele saguão enorme. Eram vigiadas por seguranças armados, bem vestidos, como seguranças profissionais, com coletes à prova de balas, quepe e óculos escuros, os quais escondiam suas feições e os deixavam com cara de poucos amigos.

Chegamos ao patamar superior. Um pouco menor do que o saguão abaixo, porém bem mais luxuoso, sem nenhuma dúvida! Todos que estavam ali faziam a mesma coisa que eu havia feito com o gato da vizinha. Mas, ali, faziam com pessoas, e, por incrível que pareça, isto não me chocou, pelo contrário, me provocou uma sede ardente, que eu jamais havia sentido antes. Pareciam gostar de serem mordidos, seus rostos e o contorcer de seus corpos indicavam um grande prazer. Não menor também parecia de quem estava mordendo e assim bebendo seu sangue. Realmente aquela cena me deixava cada vez mais faminto, com sede e com meu corpo desejando fortemente aquele gosto. Após andar entre móveis e pessoas, chegamos ao ponto mais afastado, ao fundo.

Sentado à uma cadeira, ao lado esquerdo, estava o gêmeo mais novo, acompanhado de uma linda mulher muito atraente, pele branca e cabelos pretos. Do outro lado, direito, estava seu irmão, que aparentava ser mais velho em suas rugas e cicatrizes. Era Sérgio, juntamente de uma mulher de cabelos louros. Formando um cone com bancos compridos, mas luxuosos, tendo como base as duas cadeiras luxuosas dos irmãos gêmeos ao fundo, todos os seguranças estavam sentado com suas respectivas mulheres sobre suas pernas. Na mesa, à frente deles, que dividia as duas cadeiras luxuosas, havia muita droga, que somente as mulheres usavam, além de bebidas e charutos.

- O que quer em nossa cidade forasteiro? – disse o gêmeo que aparentava ser o mais novo e sem cicatrizes ao rosto.

- Eu nasci aqui! – respondi sem embaraços.

- És louco? És muito atrevido vindo aqui. Não sabe quem sou? – perguntou em meio aos risos de seu irmão Sérgio e dos outros que estavam ali.

- Não. – respondi pegando uma taça do garçom que não parava de servi-los. – Não faço à mínima ideia de quem é. Desculpe-me.

- Então não veio pedir permissão para andar em minha cidade? – falou reclinando-se e fazendo com que sua mulher levantasse.

- Permissão? Nunca ouvi falar nisso! Não estou entendendo o porquê necessitaria disso. – respondi tomando a taça.

- Levem-no daqui e ensinem boas maneiras a esse moleque! – disse ele em tom agressivo.

Os dois irmãos se levantaram e pegaram suas armas. Dois dos seguranças vieram em minha direção, um a cada lado foram colocando suas mãos em meus pulsos. Sem ao menos perceber, assim que colocaram suas mãos em mim, contrariei a força deles e me assustei! Arremessei os dois, derrubando-os contra os móveis, dois a três metros para trás. Neste momento, sim, foi que percebi realmente que eu não estava normal! Olhei para minhas mãos e tentei entender.

Todos puxaram suas armas de modo muito rápido e apontaram para mim entreolhando-se. O gêmeo mais novo, que era o verdadeiro dono daquela mansão, veio andando devagar para perto de mim e disse para as mulheres saírem, ficando somente os homens que para ele trabalhavam. Parou à minha frente e eu não conseguia demonstrar medo. Olhou diretamente em meus olhos e disse vagarosamente.

- De que casa veio? Qual é o seu nome?

- Sou Jeremy Stouk e nasci nesta cidade. – falei.

- Você não me parece ser desta cidade. – disse andando a minha volta e olhando para os dois seguranças que eu havia arremessado contra os móveis. Estavam desacordados! – E com esse nome? Realmente não parece ser daqui. – terminou.

- Sim eu sou! – reforcei.

- Com essa força? – parou à minha frente novamente. - És de longe! De casa muito importante, tem a força de dez homens! Parece ser um justiceiro! – exclamou olhando dentro de meus olhos.

- Não sou de longe e não sei do que fala, muito menos, sou eu ... um ... justiceiro! – respondi normalmente enquanto ele pegava uma taça. – Na verdade, nem mesmo sei o que é um justiceiro. Novamente digo, não estou entendendo nada desta conversa.

- Quantos anos têm? – perguntou ele parando e olhando para mim novamente, agora era ele quem começava a se demonstrar assustado.

- Tenho vinte e um anos, completos. – respondi e ele riu-se e mostrou-se um pouco nervoso, depois assustado.

- Parece que temos um novato em nossas mãos senhores! – disse ele ainda com a arma em punho em uma das mãos e com uma taça à outra olhando para todos os seus seguranças. – E nem ao menos sabe o que é! Ou quem é! O que acham? – riram-se todos. – Por favor, meu jovem. Nos acompanhe. – disse ele com sua arma em punho apontando para o outro lado, onde havia outra porta.

Todos baixaram suas armas neste momento. Realmente não entendi nada do que havia acontecido ali. Mesmo assim, continuei a caminhar e a segui-los. Abriram uma porta que mostravam inúmeros degraus e enquanto descíamos falavam e riam-se, mas em outra língua, me impossibilitando de entender o que diziam. Percebi que os degraus levavam até um ponto mais baixo do que a base da casa. Um tanto ainda abaixo, chegamos a um grande saguão, perfeitamente compreendi a arquitetura da casa, este saguão era abaixo do saguão onde estava ocorrendo a festa. Mas, este, estava cheio de sangue espalhado por todos os lados, até mesmo no teto haviam marcas de sangue. Passamos por ele e mais um corredor, com algumas portas dos dois lados e chegamos onde parecia ser um laboratório. Havia muitas pessoas ali trabalhando. Várias inscrições de outras línguas estavam visíveis às paredes e colunas. Muitas tecnologias que eram avançadíssimas para a época estavam ali. Fiquei realmente assombrado!

O gêmeo mais novo falou em outra língua e logo em seguida veio um senhor de cabelos brancos como a neve mas demonstrando ser muito forte ainda, apesar da idade avançada. Conversaram e nada pude entender. Mostrou algo para o gêmeo mais novo que ficou um tanto contente e falou algo com seu irmão. Logo, olhou para mim e falou ao Senhor que parecia ser um cientista. Ainda não havia entendido o que estavam falando, somente percebi que havia pegado uma seringa e vinha ao meu encontro.

- Não irá doer meu garoto. – disse o cientista. – Somente assim descobriremos de onde vieste.

Olhei para o gêmeo mais novo e este simplesmente abaixou e levantou a cabeça em forma cordial. Olhei para os outros e vi que realmente estavam curiosos para comigo. Estendi o braço. Nem mesmo senti dor. Enquanto o cientista tirava meu sangue, disse:

- Veremos de quem és filho. – com um sorriso.

Retirou o meu sangue, levou até uma máquina ao lado e colocou-o num vidro. Deu alguns comandos no computador ao lado, que digamos de passagem, nunca havia visto aquilo até o momento. Olhou para trás e disse algo mais uma vez fora de meu entendimento, em outra língua. Mas, os olhares entre eles diziam que não gostaram muito do resultado de meu sangue. Fiquei um tempo parado ali como se não existisse, somente observando todos discutirem. Os tecnólogos, que já estavam naquela sala antes que chegássemos, ficaram parados olhando para mim como se eu fosse algo que não pudesse existir. O cientista falou uma frase enquanto todos discutiam e não foi ouvido, aumentou sua voz e olhou para mim, levantou mais um pouco a voz até que soltou um berro, fazendo com que todos virassem e dessem atenção a ele e depois para mim, assim como ele estava olhando-me.

- Este garoto, é muito mais do que todos aqui dentro! – disse ele olhando para mim. – Você não sabe o que está acontecendo com você, não é filho? Não é verdade?

- Sim, é verdade. Tudo está muito estranho. Não estou entendendo muita coisa desde que acordei essa noite. – falei tentando expor realmente que estava interessado em saber o que estava acontecendo comigo.

- Deve estar confuso mesmo. Por favor, deixe-me ver seu pescoço? – disse mais uma vez o cientista.

- Sim, claro. Ainda está doendo e ardendo um pouco. – disse isto e ele parou e olhou para os outros tendo eles reações de mais susto.

- Ardendo? Como? – perguntou. – Quanto tempo faz que você acordou?

- Acordei hoje, por volta das sete horas da noite. – respondi.

- E por quanto tempo você acha que dormiu? – perguntou ele olhando as marcas em meu pescoço.

- Minha irmã disse que eu dormi pelo menos um dia e meio, ou dois.

Foi visível o espanto de todos, ficaram realmente com medo, seus olhos brilhavam de uma forma que eu tive medo de mim. Novamente houve estardalhaço contido novamente pelo cientista.

- Temos muito que conversar meu jovem. – disse o cientista.

- Mas e agora? O que iremos fazer com ele? – disse o gêmeo mais novo.

- Sr. Francisco. – disse o cientista passando a mão em seus cabelos brancos ralos e me confirmando que o nome do gêmeo mais novo era Francisco. – Temos um jovem muito poderoso em nossas mãos. Ele é tão forte que seu sangue não tem registro em nossos computadores. Temos uma incógnita, esse colar de ouro puro em seu pescoço? Alguém já o notou? – disse ele fazendo com que o gêmeo mais novo olhasse para o colar e desse conta de que estava em meu pescoço.

– E este, é igual ao dos anciãos! – Disse Francisco notando meu colar e surpreendendo-se.

- Temos que pensar muito bem! Quem o transformou em vampiro, não apenas o transformou, mas colocou sobre ele o seu símbolo! E deve estar vigiando-o! – o cientista deu pausa em sua fala. – Pelo tempo que dormira, seu sangue é muito forte, assim, seu mestre é mais forte ainda! E ainda não consegue fazer tudo o que pode, e o que ele fez com os seguranças, como me contaram, é apenas seu reflexo de humano com espasmos de força de um vampiro! Temos aqui algo mais forte do que um justiceiro dos mais antigos! – houve um silêncio e todos me olhavam.

- Você tem para onde ir meu rapaz? – perguntou o cientista cortando o silêncio que parecia uma eternidade.

- Sim, moro com meus pais e minha irmã gêmea. – respondi.

- Gêmea? – perguntou Francisco.

- Sim. Seu irmão a conhece. Jane é o nome dela. – falei olhando para ele.

- É verdade. Eu a conheço Francisco. – disse Sérgio, o gêmeo mais velho com cicatrizes.

- Mas ele não pode ir embora para sua casa! – exclamou o cientista.

- Sim, é verdade. Poderia atacar os pais e a irmã. – falou Francisco.

- Eu cuido dele esta noite. – disse Sérgio.

- Não acho uma boa ideia. – disse o cientista. – Acho melhor eu tomar conta dele por hoje.

- Alguém pode ser direto comigo e me explicar o que está acontecendo? Não sou uma criança, se é que perceberam! – falei em bom tom.

- Não meu rapaz. – o cientista que estava de costa virou-se a mim. - É justamente isso que você é. Uma criança! Uma criança da noite! – terminou ele em verdadeiro tom desdenhoso.

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