Fragmentos e Retornos.
A Dor de Lembrar e o Peso do Esquecimento
Miguel estava sentado na cama do hotel em Londres, o telefone na mão. Ele respirou fundo antes de discar o número da mãe. Precisava contar o que o médico havia revelado sobre o acidente e o motivo dos sonhos fragmentados que o atormentavam.
— Oi, mãe. — ele disse, assim que ela atendeu.
— Miguel! — A voz dela parecia animada. — Como você está, meu filho?
Ele hesitou um instante.
— Mãe, eu liguei porque... Eu vou precisar ficar em Londres por mais um tempo. O neuro descobriu que esses sonhos que estou tendo são fragmentos de memórias que perdi. Eu... Eu tive um acidente, mãe. Bati o carro e capotei. O médico disse que eu fiquei em coma e que meu cérebro está tentando se lembrar do que eu esqueci.
Do outro lado da linha, ele ouviu a mãe começar a chorar baixinho.
— Que bom, meu filho... Que bom que você está começando a se lembrar.
A resposta dela pegou Miguel de surpresa.
— Como assim, mãe? O que eu preciso me lembrar?
Ela suspirou profundament