O calor no quarto a fez acordar mais cedo do que de costume. Samira se arrastou para fora da cama, resmungando orações repetidas vezes enquanto andava pela casa de pijama – branco com bolinhas pretas. Os cabelos escorridos cobriam seu rosto envelhecido precocemente, com rugas e linhas de expressão que não deveriam estar ali. Samira não tinha muito em mente, apenas contava os dias desde a partida de seu filho e sobrinho. Deixaram um bilhete sem emoção e dois quartos vazios.
— Me abandonaram... — Sussurrou ela, sem expressão.
Samira se fechou no banheiro e ligou a torneira da banheira, enchendo-a com água quente. A cabeça cheia de pensamentos desconexos latejava fortemente, piorando a cada instante e a cada coisa nova na qual Samira pensava. Fora largada por Saul e pelo próprio filho, que não pensou nela nem por um momento e se fora para algum lugar que Samira não conhecia, pois sequer fora avisada.
A banheira transbordava, alagando aos poucos o chã