Ao descobrir o quão cruel e desesperadora foi minha morte, minha mãe desmoronou.
Todos os dias, abraçava o lenço que mandei fazer para ela, afogada em lágrimas.
Meu pai, embora igualmente devastado, tentava se manter firme.
Cuidava da esposa, agora em um estado de torpor, e se esforçava para manter os frágeis pedaços daquela família destruída.
Anita veio visitá-la.
Pela primeira vez, minha mãe ouviu coisas que antes jamais teve paciência para escutar.
— Você lembra quando Jesinha entrou na escola?
A voz de Anita era suave, mas cada palavra abria uma ferida.
— Ela participou de um concurso de desenho e queria fazer algo bonito para você. Todas as noites, depois da lição de casa, ficava horas desenhando. Não reclamava, não cansava. Quando ganhou o prêmio, correu para casa, animada, e te mostrou primeiro.
Ela te amava tanto. Sempre pensava em você.
A mãe não piscava, perdida num vazio sem fim.
— Mas na parede da sua casa, só tinham os prêmios dos outros dois filhos. Não havia um único esp