Capítulo 2


Com um pouco de dificuldade, esqueci o assunto da discussão entre o anjo rabugento e o meu moreno. Não tive nem como ficar refletindo muito sobre isso, pois as carícias de amor do meu maridinho lindo é algo que me faz esquecer qualquer coisa.

Tivemos uma noite incrível, pelo menos para mim foi maravilhosa, mas acredito que para ele também foi, pois, está com uma cara estranhamente feliz. Só agora, após acordar, é que percebo que as nossas bolsas de viagem já estavam aqui, próximas da entrada da casa ninho. Acredito que não percebi na hora que entramos devido ao meu nervosismo.

Rapidamente nos arrumamos, guardo o meu vestido e todos os enfeites na minha bolsa, descemos a grande árvore com o Júlio seguindo na minha frente carregando as duas bolsas. Quando chegamos ao pé da planta gigante, percebo que as duas casas-jardim ainda estão montadas. Os nossos amigos já estão todos de pé, alguns tomando o café da manhã, outros arrumando os cavalos para seguirem viagem.

O Júlio segue para os cavalos carregando as bolsas, enquanto vou para perto dos meus amigos embaixo da casa-ninho para tomar o café. Assim que as meninas percebem a minha aproximação, se levantam e fazem sinal para sentar perto delas.

Pela cara da Bianca, creio que o Júlio tem razão, ela vai querer saber tudo o que aconteceu entre nós, mas não estou a fim de falar, pelo menos não agora. Preciso acostumar-me com a ideia de não ser mais uma adolescente virgem. Tirando a Camila, elas já estão neste estado há algum tempo, por isso não ficam envergonhadas para falar sobre esse assunto, mas, comigo, é diferente. Preciso de um tempo, e assim, parar de ficar envergonha até de pensar sobre isso. Droga! Sinto as minhas bochechas queimarem!

— Oi. — murmuro ao sentar-me ao lado da Camila. A Bianca e a Alessandra estão de frente para nós.

— Que oi mais murcho, Sara! — A Camila reclama com a cara fechada — Era pra estar sorridente! E qual é o problema pra estar vermelha?

— Nada! — pego um pão para disfarçar o meu nervosismo.

— Nada? — questiona Bianca — Não vai me dizer que o Júlio não te tratou bem na primeira noite?

— Se ele te magoou ou maltratou pode ter certeza que vou dar uns sacodes nele! — declara Alessandra. Ai meu pai do céu! Faz essas meninas se calarem! Ainda bem que não tem nenhum dos adultos por perto, nem mesmo os meninos estão por aqui!

— Será que dá pra vocês ficarem quietas! — resmungo em tom baixo, olhando para todos os lados — O Júlio não me magoou, nem me maltratou, só não quero falar sobre o que vocês querem saber! Satisfeitas?!

— Não! — A Bianca se aproxima mais de mim — Não estou satisfeita. Se você não nos contar o que aconteceu, vamos pensar que não gosta da gente e não é nossa amiga. Agora, fala logo!

— Para, Bianca! — A Alessandra segura o braço da amiga, puxando ela para trás — Você sabe que a Sara é envergonhada! Quando ela se sentir confortável, vai falar com a gente.

— E você pensa que o Júlio não vai falar nada para os meninos sobre a primeira noite dele e da Sara? Qual é, Alessandra?! A gente conhece os nossos namorados!

— Tudo bem, isso pode acontecer, mas pare de encher a Sara com as suas perguntas, quando ela quiser, vai nos contar.

— E morrer de curiosidade até lá?! — A Bianca bufa e volta a me encarar — Tudo bem! Mas fique sabendo, Sara, eles não escondem nada um do outro! Acho que já percebeu isso, não é?!

Apenas balanço a minha cabeça afirmativamente. Voltamos a tomar o café sem mais nenhuma pergunta, porém, percebo uma leve irritação na Bianca, provavelmente, é porque eu não quis falar nada. Problema dela! Que fique com raiva, mas eu não vou falar nada!

Depois de alguns minutos, nos despedimos de alguns moradores da cidade que as meninas me apresentaram. Os guerreiros-folha deixam as duas grandes árvores, além das duas casas-jardim, para que quando os moradores quiserem fazer festas possam usufruí-las. Ouvi a Jackye comentar que essas árvores duram séculos e se por acaso começarem a adoecer é só chamar algumas fadas da sua cidade que elas cuidarão das plantas e até mesmo farão elas desaparecerem se for o desejo dos moradores.

Não me deixam voltar a cavalgar no Rylo por medo de eu desmaiar e cair de cima dele. Acho melhor mesmo, pois, antes de finalizar o café, voltei a sentir um pouco de tontura, além de um calafrio percorrer a minha espinha.

O Rafael faz a cortesia de deixar-me voar com ele, porém, deixou claro que depois do almoço terei que continuar voando com o anjo rabugento. O que realmente não me agrada, afinal não consigo entender o porquê do Gabriel não me dizer o que está escondendo. Por que esse mistério todo? Qual é o problema?

De qualquer forma, só espero que ele não me irrite novamente. Bom, a verdade é que o anjo rabugento está estranho comigo desde ontem. Não me olha mais com a sua costumeira cara de desprezo ou zangado. O que será que ele tem? Será que é devido à discussão que teve com o meu moreno? Será que finalmente está pensando em contar o que está escondendo?

Interessante! O tal Lucas, marido da Monyck, nos acompanha, assim como os três demônios mandados pelo príncipe, todos com os seus próprios cavalos. Não sei se devo confiar em qualquer um deles, mas vou manter-me quieta e ver o que eles vão fazer, afinal o Zarphiruus não falou nada. Creio que o feiticeiro mentiroso confia neles, mas se algum deles aprontar tenho certeza que serão bem castigados.

Volto a sentir um pouco de tontura na Laila, além de um calafrio percorrer a minha espinha, mas o que me assusta é a sede que começa a voltar. Droga! Não vou beber mais aquela coisa! Vou esconder que estou sentindo a sede novamente.

Já faz uma hora, eu acho, que saímos dos campos verdes e entramos na Caatinga, quando finalmente paramos para almoçar. O que, na verdade, é bem mais tarde que das outras vezes e o meu estômago já estava roncando bastante.

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